Tiferet: Beleza, a sexta Sephirah na Árvore da Vida cabalística.
A Sephirah Tiferet
Tiferet, que é chamada alternativamente de Tifaret, Tifereth, Tyfereth, Tiphareth ou Tiphereth, é a sexta Sephirah na Árvore da Vida cabalística. Costuma ser associada a “Beleza”, “Espiritualidade”, “Equilíbrio”, “Integração”, “Milagres” e “Compaixão”.
Ela é uma das Sephirot mais importantes, porque situada no centro da Árvore.
Portanto ela representa o equilíbrio de toda a Árvore, assim como o Sol, seu astro correspondente, é o equilíbrio de todo o Sistema Solar.
Ela também representa o ponto de divisão da árvore entre o macrocosmo, ou macroprosopos, e o microcosmo, ou microprosopos; é a Sephirah transmutadora entre os planos da força e os planos da forma.
Sua imagem mágica pode ser um rei majestoso, uma criança ou um deus sacrificado.
Seria um rei majestoso vendo do ponto de vista de Malkuth, pois está muito acima dessa Sephirah, e seria uma criança vendo do ponto de vista de Kether, pois está bem abaixo da Sephirah mais elevada. Seria também um deus sacrificado, assim como Jesus Cristo ou Osíris.
Características e funções de Tiferet
No livo judaico Bahir, se afirma: “Sexto é o trono adornado, glorioso e delicioso da glória, a casa do mundo vindouro. Seu lugar está gravado em sabedoria, assim como Deus disse: ‘Haja luz’, e houve luz.”
Tiferet é a força que integra a Sefirah de Chesed (“Compaixão” ou “Amor”) e Gevurah (“Força” ou ‘Julgamento”).
Essas duas forças são, respectivamente, expansivas (dar) e restritivas (receber). Uma delas sem a outra não poderia manifestar o fluxo da energia Divina; elas devem ser equilibradas em proporção perfeita, equilibrando compaixão com disciplina.
Esse equilíbrio pode ser visto no papel de Tiferet, em que as forças conflitantes são harmonizadas e a criação floresce.
Tiferet também equilibra Netzach e Hod de maneira semelhante. Nesse caso, Hod pode ser vista como o intelecto e Netzach pode ser vista como emoção.
O nome de Deus associado a Tiferet é Tetragrammaton Eloah Va Daath.
O Arcanjo desta esfera segundo uma parte dos cabalistas é o arcanjo Miguel. Mas segundo outros é Rafael (nesse caso trocaria de papel com Hod).
A ordem Melachim é a ordem angélica associada a Tiferet, e a correspondência planetária / astrológica de Tiferet é o Sol (daí alguns a associarem a Miguel).
A Qliphah de Tiferet é representada pela ordem demoníaca Thagirion, governada pelo arquidemônio Belphegor. O símbolo associado a esta esfera é um rei majestoso.
Tiferet também ocupa um lugar no pilar do meio e pode ser vista como um reflexo mais baixo de Kether, ou então como um reflexo mais alto de Yesod e Malkuth.
Tiferet se relaciona com o Sol e, como tal, ocupa um lugar central na face inferior da Árvore da Vida, da mesma maneira que o Sol está no centro do sistema solar. Não é o centro do universo, como se poderia argumentar ser Kether, mas é o centro do nosso sistema astronômico local.
É o Sol que dá luz e vida, mesmo que não tenha criado a si mesmo, tendo sido criado por algo mais elevado.
Tiferet é única entre as Sephirot, pois está conectada a todas as outras Sephirot (exceto Malkuth) pelos caminhos subjetivos, sejam eles conscientes ou menos conscientes.
Sua posição no centro entre Kether e Yesod indica para muitos cabalistas que é em parte uma Sephirot “conversora” entre forma (Yesod) e força (Kether). Em outras palavras, todos os cruzamentos pelo caminho do meio via Tiferet resultam em uma polaridade invertida.
A lei da conservação, válida tanto para energia quanto para massa, tende a corroborar isso. Em todos os casos de transmutação de energia, como pode ocorrer na transmissão de bens dos pais para os filhos, é necessário um sacrifício para que uma nova forma possa nascer.
Tiferet é o núcleo da árvore. Cinco Sefiroth a rodeiam: acima estão Chesed à direita (sul) e Gevurah à esquerda (norte), e abaixo Netzach à direita, Hod à esquerda e Yesod diretamente abaixo.
Juntos, esses seis são uma entidade única, Zer Anpin, que é a contraparte masculina da Sephirah feminina Malkuth.
Em certos contextos, Tiferet sozinho representa todas os Sephiroth de Zer Anpin, de modo que a árvore inteira pode aparecer, ser sintetizado, em apenas cinco sefirot: Kether, Chokhmah, Binah, Tiferet e Malkuth.
Nas árvores da vida judaica e hermética, Tiferet tem oito caminhos, levando (no sentido anti-horário) Binah, Gevurah, Hod, Yesod, Netsach, Chesed e Chokmah até Kether (através de Daat),
.Tiferet também pode ser uma variação da palavra “Tifarah”, que é usada no hebraico moderno falado em Israel e é traduzida como “Glória” (de Deus – Elohim, Adonai).
No corpo humano, Tiferet representa o tronco, onde se localiza o coração,
Sua direção é o Leste, o Oriente.
O rei Salomão é um rei antigo que costuma ser representado como símbolo desta esfera, pois sua sabedoria e seu apreço pela beleza.
Entre as plantas, Tiferet se conecta à palmeira.
Lembremo-nos que foi com em mãos folhas de palmeiras que Cristo entrou triunfalmente em Jerusalém.
Na iconografia, as folhas de palmeira passaram a representar a vitória dos mártires, ou a vitória do espírito sobre a matéria.
A passagem do Iniciado por Tiferet
Ao seguirmos o Caminho do Relâmpago, que vai de Gevurah a Tifereth, vemos que, antes da redenção, proporcionada pelo Cristo, na esfera de Tifereth veio a destruição, a severidade de Gevurah, através da crucificação.
A crucificação em si, aliás, foi uma consequência do fato que Jesus veio ensinar o amor a um povo rude e com todas as características ruins de Gevurah.
Por isso que Jesus disse: “Ninguém vem ao pai (Kether) senão por mim”.
Do ponto de vista do Iniciado, a passagem por essa Sephirah também é uma das mais importantes, pois é nela que ele realiza o Conhecimento e a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião (SAG), e nela é que também descobre sua Verdadeira Vontade.
Passando o Iniciado por essa Sephirah, ele se torna dentro da magia um Adepto que descobriu seu Eu Superior.
Seu texto no Sepher Yetzirah, livro de sabedoria cabalística, é: “O Sexto Caminho chama-se Inteligência Mediadora, pois nele se multiplicam os influxos das emanações. Essas influências fluem para todos os reservatórios das bênçãos, com as quais se unem.”
A experiência espiritual dessa Sephirah é conhecida como a visão da harmonia das coisas e dos mistérios da Crucificação.
Através da Crucificação, mais adiante, se chega à Ressurreição.
Conclusão
Tiferet é a Sefirah que está encarregada de harmonizar os dois modos operacionais opostos de Chesed e Ghevurah.
Tiferet é composta por muitas cores reunidas, ou seja, a coexistência de muitos tons e personagens diferentes, integrados em uma única personalidade.
Ela se revela nas emoções complexas vivenciadas pela contemplação da beleza e da harmonia estética.
Corresponde à experiência da Compaixão, mas também à do amor reto, capaz de recompensar e elogiar, mas também de reprovar e punir silenciosamente, se necessário, para que o bem se imponha com força cada vez maior ao mal.