Chesed: Misericórdia ou Compaixão.
A Sephirah Chesed
Chesed, que pode ser traduzida por Misericórdia ou Compaixão, às vezes benevolência, é a quarta Sephirah da Árvore da Vida cabalística.
Na Árvore, sua posição é justamenteo centro do pilar da misericórdia, logo acima de Netzach e abaixo de Chokhmah. É o oposto de Geburah. Sua imagem mágica é de um rei sentado em seu trono, com em sua mão um cajado.
Geburah é um rei em guerra, um comandante impetuoso e um juiz severo. Representa Deus em seu trono julgando os vivos e os mortos e sendo duro com relação aos pecados e erros dos seres humanos.
Chesed é um rei que dirige um reino pacífico, um comandante tranquilo e, se julga, é um juiz ameno, bondoso, generoso, misericordioso.
Chesed é a primeira manifestação da Árvore como Microprosopos, ou seja, como Universo manifesto. Antes dele, a partir de Kether, as Sephirot estão além do universo, em esferas mais altas de manifestação.
Dentro da magia, quando o Adepto Iniciado transcende através da esfera de Chesed, ele passa a ser reconhecido como Adeptus Exemptus,
Seu texto no Sepher Yetzirah, livro de sabedoria cabalística, é: “O Quarto Caminho se chama Inteligência Coesiva ou Receptiva,.
Contém todos os Poderes Sagrados e dele emanam as virtudes espirituais com as suas essências mais sofisticadas.
Tais poderes emanam uns dos outros por virtude da Emanação Primordial, a Coroa Mais Alta, que é Kether.”
Características de Chesed
Sua virtude é a obediência. O ser humano em Chesed obedece à vontade de Deus e se curva à sua misericórdia. Depois do julgamento severo em Geburah, pode ser pedida misericórdia em Chesed.
Seus vícios podem ser a gula, o fanatismo, a hipocrisia e a tirania.
O fanatismo e a tirania se dão quando não há misericórdia, quando você considera que apenas seu ponto de vista é o certo.
A hipocrisia pode vir de uma falsa misericórdia, quando você finge ter compaixão pelo próximo.
Quando esta compaixão pelo contrário é verdadeira, é aqui que o iniciado se encontra com os mestres, por meio de contatos telepáticos, que ocorrem sem interferência do ego e da personalidade.
A palavra Chesed
Em seu sentido positivo, a palavra é Chesed em hebraico é usada para indicar bondade ou amor entre as pessoas, ou para indicar a piedade das pessoas para com Deus, bem como o amor ou a misericórdia de Deus para com a humanidade.
É frequentemente usada nos Salmos, onde é tradicionalmente traduzido como “bondade amorosa” em traduções para outros idiomas.
Na teologia judaica, é igualmente usada no amor de Deus pelos filhos de Israel, e na ética judaica é usada no sentido de amor ou caridade entre as pessoas.
Chesed, neste último sentido de “caridade”, é considerada uma virtude por si só, e também por sua contribuição ao tikkun olam (a vontade de ajudar o mundo).
Também é considerada o fundamento de muitos mandamentos religiosos praticados pelos judeus tradicionais, especialmente dos mandamentos relacionados ao próximo, às outras pessoas.
Chesed e a ética
Na literatura musar tradicional (que é parte da literatura ética judaica), chesed é uma das virtudes primárias. O rabino Simão, o Justo, ensinou: “O mundo repousa sobre três coisas: a Torá, i serviço a Deus e a concessão de bondade (Chesed). Chesed é aqui a principal virtude ética.
Uma declaração do rabino Simlai no Talmud afirma que “a Torá começa com Chesed e termina com o Chesed”.
Isso pode significar que “toda a Torá é caracterizada por Chesed, ou seja, estabelece uma visão da vida ideal cujos objetivos são um comportamento caracterizado por misericórdia e compaixão”.
Como alternativa, pode aludir à ideia de que a entrega da Torá em si é o ato por excelência de Chesed. Quando Deus concede sua Lei a Moisés, faz isso num ato de misericórdia, para beneficiar o homem e levá-lo a se elevar.
No tratado cabalístico de Moses ben Jacob Cordovero, o Tomer Devorah, as ações serem seguidas provêm das qualidades de Chesed.
Aqui vemos algumas:
1 – Amar a Deus tão completamente que ninguém jamais abandonará Seu serviço por qualquer motivo
2 – Fornecer à criança todas as necessidades de seu sustento e amar a criança
3 – Visitar e curar os doentes
4 – Fazer caridade aos pobres
5 – Oferecer hospitalidade a estranhos
6 – Cuidar dos mortos
7 – Fazer a paz entre as pessoas
Neste último caso, entra aquela sentença que diz “não deixe que o Sol se ponha sem antes ter feito as pazes com seu irmão.”
Uma pessoa que personifica Chesed é conhecida como chasid (hasid, חסיד), ou seja, alguém que é fiel à aliança e que “vai além do que normalmente é necessário”.
Os vários grupos ao longo da história judaica que se concentraram em ir “acima e além” se chamavam chasidim.
Associações de Chesed
O livro Bahir declara: “Qual é a quarta (expressão)?
A quarta é a justiça de Deus, Sua misericórdia e bondade com o mundo inteiro. Esta é a mão direita de Deus.”
Chesed manifesta o absoluto de Deus, benevolência e bondade ilimitadas. Como vemos, aqui também há julgamento, mas julgamento com bondade.
Sua correspondência no Microcosmo é o braço esquerdo.
Entre seus símbolos, temos a pirâmide, a cruz de braços iguais, o bastão, o cetro, o cajado.
As cartas do Tarô associadas a ela são todos os quatro: o 4 de Paus: a obra perfeita; o 4 de Copas, o prazer; o Quatro de Espadas, o descanso depois a luta; o Quatro de Ouros, o o poder terrestre.
Suas cores podem ser o azul, o violeta e o púrpura intensos, o azul intenso salpicado de amarelo.
O Arcanjo governante dessa esfera é o arcanjo Tzadkiel ou Sachiel. Um arcanjo que está associado ao planeta Júpiter. Portanto, também fala de prosperidade e bênçãos, desde que haja compaixão.
Seu coro angélico são os Chasmalim ou Hashmallim.
A Qliphah oposta a Chesed é representada pela ordem demoníaca Gamchicoth, governada pelo arquidemônio Astaroth.
A experiência espiritual atribuída a essa Sephirah é a visão do amor, que se conecta à compaixão em seus níveis mais elevados.
Para se chegar a ela, temos que nos conectar a Deus sem sentimentos de imposição em relação ao próximo. Temos que procurar nos sentir um com todos. Entra também aqui o “Ama ao próximo como a ti mesmo.”