Binah: Entendimento, a terceira Sephirah da Árvore da Vida.
A Sephirah Binah
Binah, “Entendimento”, é a terceira Sephirah da Árvore da Vida cabalística.
Na Árvore, ela está situada no topo do pilar da severidade, logo acima de Geburah e em oposição a Chokmah.
Ela é a responsável por limitar o poder expansivo de Chokmah, por conter a energia dessa esfera.
Se não fosse isso, sem freio, só haveria força e poder no universo, e as formas estariam ausentes, ou seja, nenhum ser vivo poderia existir. Não haveria manifestação das coisas.
Binah, por essa razão, também é conhecida como Amma, como a Grande Mãe, a Mãe Superior, por ter enclausurado em si a força de Chokmah para que se pudesse dar início ao período de incubação do Universo.
O processo é semelhante ao que uma mãe faz com a força masculina em forma de sêmen. O sêmen por si só não pode gerar nada, é puro potencial, precisa de um útero para se manifestar.
Na magia, quando o Adepto Iniciado transcende para essa Sephirah, ele passa a ser reconhecido dentro de algumas Ordens mágicas como Magister Templi.
Seu texto no Sepher Yetzirah, libro de sabedoria cabalística, é: “A Terceira Inteligência chama-se Inteligência Santificadora, que é Fundamento da Sabedoria Primordial.
Chama-se também Criadora da Fé, e suas raízes estão no Amém (“que assim seja”, quando as coisas se realizam).
É a mãe da fé, a fonte de onde emana a fé.
Até porque sem mundo, sem forma, não haveria fé.
Ela depende dos seres que precisam existir para crer e sentir.
Características de Binah
Em seu papel como o Objeto Supremo, em oposição a Chokhmah como o Sujeito, seu papel é semelhante ao papel de Shakti no misticismo indiano. É feminina, porque literalmente dá à luz toda a criação, fornecendo o útero superno, enquanto Chokhmah fornece a energia bruta.
O nome de Deus associado a Binah é Jehovah Elohim.
O arcanjo que preside esta Sephirah é Tzaphkiel.
A ordem dos anjos que é dirigida por ele são os Aralim (os Tronos) e o planeta associado a ele é Saturno.
Binah está relacionada ao Yoni, o útero no conceito hindu.
Também está ligada à carta da Sacerdotisa no Tarô (de acordo com a pintura de Waite).
O Liber 777 de Aleister Crowley a associa a Ísis, Cibele, Deméter, Réia, à Virgem Maria, a Juno e Hécate, ou seja, às “grandes mães”.
Os ocultistas compararam as Sephiroth com os chakras do misticismo indiano, e uma dessas comparações consiste em comparar Binah e Chokhmah com o Ajna chakra, que é onde Shiva e Shakti estão unidos.
É o terceiro olho, o chakra da mente e da visão. Portanto, também está ligado a ser o primeiro dos sete principais chakras a lidar com formas, já que no caso do coronário (assim como em relação a Kether) o que temos é energia pura.
No seu oposto negativo na Árvore da Morte, Binah tem como sombra a ordem demoníaca de Sathariel, governada pelo arquidemônio Lucifuge Rofocale.
Sua virtude é o silêncio, e seu vício pode ser a avareza.
A experiência espiritual atribuída a essa Sephirah é a visão da dor.
Binah e as Sephiroth superiores
Binah completa o Triângulo Superno, que gera as outras sete Sephiroth inferiores.
Essas três Sephiroth como afirmam os Cabalistas, são de natureza completamente diferente daquela das sete Sephiroth inferiores.
A essência delas está tão distante dos processos do pensamento humano que não pode ser experimentada diretamente.
O intelecto da Tríade Superior é o divino, e não tem nada a ver com os mecanismos químicos e elétricos que colocam nosso intelecto em funcionamento, nem com os conceitos de espaço e tempo e nem com as exemplos antropomórficos (ou seja, que associam tudo a conceitos e formas humanas) que governam nosso pensamento.
Tudo o que podemos experimentar sobre Binah e Chokmah se dá através de seu reflexo nas Sephiroth inferiores.
Nosso intelecto está sempre misturado com emoções (nas seis Sephiroth inferiores) e com componentes físicos (Malkuth).
As considerações que podemos fazer sobre essa tríade superna serão, portanto, de natureza induzida e indireta.
Elas são baseadas nos testemunhos daqueles mestres e santos que tiveram acesso mais direto ao mundo do intelecto divino.
As seis Sephirot do mundo emocional e a de Malkuth são os vasos que se quebraram com o impacto da energia pura primordial.
Eles foram incapazes de suportar a irrupção divina e é por isso que a dor e o sofrimento se fazem sentir em nós muito mais no nível da afetividade e da emoção do que no nível do conhecimento e do intelecto.
O coração humano foi quebrado e é por isso que sofremos, apenas por causa da separação. Da separação do homem de Deus.
Essas três Sephirot superiores transcendem, portanto, todas as formas possíveis de concepção intelectual, mas podemos ser iluminados por elas através da intuição. Isso acontecem momentos particulares de graça, que podemos alcançar aplicando técnicas de meditação ou pela oração.
Caso pareça impossível contactar Binah diretamente, sempre existe a possibilidade de contactarmos suas qualidades através das Sephiroth inferiores.
Podemos dizer que as qualidades de Binah podem ser contactadas com um certo tipo de meditação que consiste em um estudo profundo e reflexivo de um dado tópico.
Para isso, pese cuidadosamente os vários elementos de uma questão, seguindo traços e referências nas várias dimensões e observando-os sob diferentes pontos de vista.
A escola cabalística judaica oferece a seus discípulos antes de tudo esse tipo de meditação, porque Binah é a capacidade de entender o sentido interior e permite que você perceba a inteligência criativa que anima a realidade.
Nele encontramos a compatibilidade entre ciência e espiritualidade.
É Binah, como já dissemos, a Sacerdotisa do Tarot e a Virgem Maria, que nos fornece não só vida física, mas também espiritual.
E é ela quem melhor que todas as outras esferas representa o retorno ou a conversão do coração.
Isto é, do nosso modo de estar no mundo. Ela o orienta em direção ao divino, alterando os traços errados de nossa personalidade, mesmo os mais ocultos.
Em nosso caminho de ascensão ao longo da Árvore da Vida, existem 32 Caminhos de sabedoria, um número que pertence a Chokmah, e 50 Portas de entendimento, que pertencem a Binah.
Através delas voltamos para casa. Redescobrimos a posse ou a memória do conhecimento que nossa alma tinha antes de mergulhar no corpo.
Binah é a inteligência capaz não apenas de efetuar a libertação da alma do corpo, mas também de transformar toda a matéria no lar do Divino.
Ela nos transforma em “Templo”.
E o plano geral dessa construção é a Árvore da Vida.
Na realidade, o número três, associado a Binah, está intimamente associado sobretudo à ideia de manifestação na matéria.