quarta-feira, 8 de junho de 2022

Maria Quitéria vem terreiros bem firmes, sem mistificação e com médium preparado é acompanhada por sete Exús, Exús esses que formam uma legião de trabalho e proteção onde dona Maria Quitéria for e estiver.

 Maria Quitéria vem terreiros bem firmes, sem mistificação e com médium preparado é acompanhada por sete Exús, Exús esses que formam uma legião de trabalho e proteção onde dona Maria Quitéria for e estiver.

MARIA QUITÉRIA 🌹🌹

Maria Quitéria vem terreiros bem firmes, sem mistificação e com médium preparado é acompanhada por sete Exús, Exús esses que formam uma legião de trabalho e proteção onde dona Maria Quitéria for e estiver. Essa bela Entidade se apresenta sempre sem rodeios quando bem incorporada, porém se notar que seu médium não esteja tão preparado, ela simplesmente se vai, por não aceitar que seu trabalho seja prejudicado.

A história dessa linda Pombo Gira teve início na cidade de Lisboa em Portugal, nos meados do século XIX, quando nascia uma bela menina de olhos negros e penetrantes na casa de uma família economicamente abastada.

Seu nascimento fora uma festa para a família, pois sua mãe, uma jovem portuguesa, após alguns anos de matrimônio com um militar brasileiro, não conseguia realizar seu grande sonho, que era ter um filho de seu amado. Após as esperanças se findarem, veio a grande surpresa, uma gravidez, que foi a grande felicidade de todos.

Então nasceu a pequena princesa de pele não muito clara,que teve como nome a tradicional Maria, para seguir a tradição familiar, e o composto de Quitéria, pois a mãe da menina era muito devota e extremamente agradecida a Santa Quitéria.

E sete anos se passaram, a menina Maria Quitéria era muito esperta e falante, e assim criava muitas amizades com todos da região.Nessa época o rei de Portugal estipulou uma lei na qual eram tomadas a coroa terras que mesmo produtivas viraram propriedades do poder, deixando os trabalhadores rurais sem ter onde morar e o que comer. E assim foi nascendo grandes revoluções e invasões em torno da região.

Em uma dessas invasões alguns malfeitores se entraram em meio dos trabalhadores rurais, e assim aproveitando a confusão, assaltavam as casas das pessoas que residiam na cidade, e faziam isso com extrema covardia, chegando a assassinar moradores inocentes.

E uma dessas casas foi a da pequena Maria Quitéria, que ao ver a invasão na casa de seus pais ficou desesperada, pois os assassinos já tinham alcançado os mesmos. Uma serviçal da residência ao notar o acontecido pegou a menina pela mão e saiu escondida pela parte de trás da casa, indo se esconder por entre as árvores que ficavam em um pomar e ali ficaram por horas escondidas, enquanto dentro da residência os malfeitores roubavam tudo, agrediam os pais de Maria Quitéria e os serviçais.

Diante de uma fúria incontrolável esses larápios atacaram a todos que ali estavam com punhais pontiagudos, assassinando a todos, e sem o menor arrependimento, os sanguinários atearam fogo por toda a casa queimando os corpos, até mesmo os que ainda não tinham desencarnado, sobre os olhos mareados de lágrimas da pequena Maria Quitéria que observava tudo.

Os assassinos saíram apressadamente, e sem olhar para trás deixaram aquela grande dor no coração da menina. Sem ter onde ir, a serviçal levou a menina a um acampamento de Ciganos, implorando ajuda e explicando o que havia acontecido. Pedia ela que os Ciganos tomassem conta da pequena criança, pois não tinha condições de ficar com a menina.

O Povo Cigano tinha na alma a caridade extrema, e acolheram a menina como se fosse uma deles. E ali ela ficou por dez anos, viajando de cidade a cidade em Portugal como uma verdadeira nômade, até que por questões do rei, começaram perseguições implacáveis sobre os Povos Ciganos, fazendo assim com que o grupo no qual se encontrava Maria Quitéria, partisse para o Brasil.

E foi assim que Maria Quitéria veio para o Brasil, já uma jovem, linda, guerreira, sabendo as magias ciganas, caridosa e extremamente forte. E o tempo foi passando, e de cidade em cidade, agora no Brasil, Maria foi tendo novas experiências, até que um belo dia o chefe do clã Cigano na qual ela fazia parte decidiu retornar a Portugal, porém a jovem estava decidida a ficar, e assim houve a despedida dela daquele tão generoso Povo Cigano que a acolheu com tanto carinho e dedicação.

Ela então se tornou uma nômade solitária, como uma andarilha buscava lugares para pernoitar, e assim foi conhecendo muitas pessoas e tendo novas experiências. Entre essas pessoas ela passou por meio de grandes fazendeiros, de prostitutas, de malandros, pessoas do bem e do mal, e a todos elas buscava demonstrar palavras de auxilio, de luz, de caridade. Auxiliou diversas pessoas com que aprendera com os Ciganos, trouxe paz aos desesperados, comida aos famintos, água aos sedentos, luz aos que se encontravam na escuridão.

Por viver nas ruas ela aprendeu se defender e defender seus semelhantes, e tinha nessa colocação a sua dádiva de vida. E em um fato assim Maria Quitéria teve seu desencarne já com seus trinta anos, pois em uma das suas andanças pelas noites e sem destino, encontrou uma jovem prostituta desesperada a correr, e chorando muito, e vendo esse fato logo se pôs a tentar ajudá-la. A jovem esclarece que está sendo perseguida por covardes homens na qual ela não aceitou ceder a proposta que lhe fizeram, e com a negativa eles decidiram matá-la. E nesse momento chega a frente delas um homem forte e com olhar covarde, gritando que ela deveria o acompanhar, e a jovem em negativa se esconde atrás de Maria Quitéria, que toma a frente da situação, tirando de sua saia um punhal afiado.

O homem avança sobre as duas, e nesse momento Maria o ataca acertando o punhal na barriga, fazendo um grande e profundo corte. Ele cai, e as duas correm pela escuridão.
Nesse momento chega até o homem os outros que também estavam perseguindo a jovem prostituta, e ao vê-lo ao chão ferido e desacordado, ficam sem entender o acontecido. Acreditando que o homem ferido estava morto, um dos perseguidores se joga de joelhos ao chão, e em um grito de desespero e dor grita a frase: "Meu irmão, quem fez isso com você?" Nesse momento Maria Quitéria vê o desespero do rapaz e diz a jovem para fugir, pois ela iria retornar para auxiliar o ferido e assim acalmar o coração de seu irmão.
E assim foi feito, ela retornou, e chegando junto ao homem ferido e seu irmão, ela diz:

"Meu rapaz, tome esse frasco com essa poção Cigana, dê um bom gole a boca de seu irmão, e depois jogue o restante no ferimento."
O rapaz seguindo as orientações da mulher, fez o que devia fazer, enquanto ela sumia na escuridão, sem ser notada, pois todos estavam apáticos ao verem a reação do homem, e da ferida que fechava e cicatrizava na frente dos olhos de todos.
E assim se passaram sete dias, o homem que antes ferido já andava normalmente pelas vielas da cidade, e andava não a esmo, pois em seus olhos brilhavam o sentimento de vingança.

Em certo ponto de uma viela escura, ele vê Maria Quitéria dormindo ao relento, e se aproximando como uma serpente, decide se vingar estocando um punhal no coração da mulher que dormia indefesa. E assim Maria Quitéria desencarna, e em seu redor e diante dos olhos assustados do assassino, espíritos obsessores tentavam levar o espírito de Quitéria para a escuridão, pois viam nela uma grande força. Porém diante desse fato foram surgindo espíritos de luz, uma legião de sete Exús, que vieram resgatar Maria e levarem ela para o lugar das divindades de luz, para que pudesse, com a benção de Oxalá, e tornar uma Entidade de Luz lutadora em prol da caridade e guerreira contra a escuridão da maldade.

Os Exús pegaram Maria Quitéria pela mão, dando-lhe o caminho a seguir, e ela sorridente se foi formando um lindo caminho de luz brilhante. Sem quase acreditar o assassino se põe de joelhos, sem perceber que os espíritos sem luz que antes tentavam desviar o caminho do espírito de Maria Quitéria, colocavam-se em volta dele, sugando suas energias, até o ponto de seu desencarne, e assim o levaram para o reino da escuridão, como mais um escravo.

Hoje Maria Quitéria trabalha nos terreiros de Umbanda, sua linha é a das Pombo Giras, e ela tem um jeito muito peculiar de falar, parecendo um tanto radical, e bastante brava, assim como demonstrava nas ruas e vielas que vivia, não como demonstração de prepotência, mas sim pela sobrevivência.

Saravá as Pombos Giras !

Laroiê Dona Maria Quitéria !

Guardiã Maria Quitéria

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