Mulambo das Almas
Eu era filha de um homem muito importante em um pequeno vilarejo. Ele fazia parte de uma associação onde os senhores que tinham mais dinheiro governavam ali. Nasci em berço de ouro, mimada pela minha mãe que falecera muito nova devido á peste negra naquela época. Os dias da peste foram escuridão não só para o vilarejo, mas para o mundo todo. Nem os senhores feudais conseguiam manter a ordem diante desse caos. Mas finalmente quando a peste foi embora, a vida de todos pôde voltar ao normal. Eu tinha muitos vestidos, um mais formoso que o outro, sempre coberta por jóias, cabelos sempre compridos e negros. Eu sempre gostava de usar um enfeite na cabeça ou nos cabelos. Na época era difícil achar perfume, pois eram importados pelos homens do porto que tinham que navegar por dias até chegar até nós. Mas eu como era moça vaidosa tinha uma das melhores fragrâncias onde usava somente em ocasiões especiais. Um dia eu estava a passear pela cidadezinha quando ouvi moças a cochicharem "olhem essa mulher, como é exibida não é? Vive cheia de jóias, mas só por que é filha de Senhor rico." Ali notei que a maldade e inveja existia. Com uns dias passados começaram a surgir pessoas dali com sintomas da peste novamente. Lembrei de minha mãe e quis fazer algo por essas pessoas. Comecei a estudar além do meu saber. Estudei as ervas, eu comecei a passear pela floresta todos os dias, às vezes ficava horas para encontrar algo que aliviasse os sintomas nem que seja. Achei difusoes em chá, ervas para curativo. Comecei a ficar famosa por tratar das feridas que cicatrização rápido. Dali comecei a ficar sem tempo para me arrumar. Já não colocava enfeites nem vestidos novos, apenas velhos que já pareciam mais trapos. As moças do vilarejo começaram a me chamar de Mulambo. Eu não ligava, pois estava dando certo minhas ervas pelo menos. O número de casos da peste aumentavam cada dia mais. Não demorou muito para começarem a me chamar de bruxa. Meu pai pediu para mim parar com todas aquelas coisas param meu bem. Mas eu teimosa quis perseverar. Uma noite estávamos dormindo quando bateram forte na porta, ao abri-la, havia cinco homens com espadas na mão que foram para me arrancar de dentro do meu lar, me avisaram de bruxaria por ter trazido a peste e por depois ter feito feitiçaria para curar os doentes. Me avisaram até de me deitar com o diabo para ter as riquezas que tinha. Ao chegar no centro do vilarejo, uma multidão me esperava e olhavam-me com certa ansiedade de me ver queimando nas chamas. Gritavam "Bruxa! Vai queimar no inferno!" "Queimem essa Mulambo!" Chorei, sim. Pois seria queimada, não pude nem me despedir de meu amado pai. Amarraram minhas mãos e pés no tronco e começaram a acender as chamas. Derepente minhas lágrimas de pavor e ódio secaram. Lembrei que eu não iria acabar ali, que eu poderia reencontrar minha querida mãe. As chamas começar a arder em meu corpo, mas minha gargalhada calou a boca daquela multidão que gritava. Gargalhei e falei "O diabo está no coração de vocês, onde deveria habitar Deus e o mal que vence vocês." Tudo ficou escuro. Acordei em uma dimensão escura, cheia de lodo. Lá encontrei um homem que se dizia ser um mago em sua vida na terra, ele se chama Exu do Lodo. Foi queimado como eu, acusado de bruxaria também. Ele me levou até uma mulher que se chamava Maria Mulambo. Ela é a verdadeira, a que deu vida para a falange. Lá ela me fez uma proposta. Evoluir em troca de eu ajudar aqueles que necessitam de minha ajuda na terra também. De curar as almas tristes e sem cor. Assim como curei muitos corpos. Eu aceitei. Larguei minha vaidade, deixei para trás toda luxúria para mostrar que não precisamos do bem matérial para sermos felizes. Às vezes o dinheiro só nos trás inveja, imundície e dor. Sou Maria Mulambo das Almas, desencarnei aos 24 anos de idade,
visto trapos, giro no lixo, giro no lodo mas curo almas perdidas.Texto:
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