A contração dos músculos cervicais impõe dolorida torção ao pescoço. O paciente vê-se na contingência de não mover a cabeça, assumindo postura rígida, divertida para os que a apreciam, mas penosa para ele. Popularmente chama-se torcicolo.
A obsessão é uma espécie de torcicolo mental. O indivíduo sente-se dominado por determinados pensamentos ou sentimentos, como se sofresse uma paralisia da vontade que lhe impõe embaraços à apreciação serena e saudável das conjunturas existenciais.
O pensamento emperra num círculo vicioso, como um disco com defeito nos sulcos, a repetir indefinidamente pequeno trecho da gravação.
Resumindo: obsessão é idéia fixa.
Eventualmente passamos todos por momentos obsessivos.
A dona de casa que interrompe o passeio, atormentada pela possibilidade de ter deixado o ferro ligado…
O motorista que retorna ao automóvel estacionado para confirmar que acionou o alarme anti-furto…
A mãe noviça que acorda o bebê para verificar se está respirando…
Instala-se a obsessão quando não conseguimos superar nossas preocupações, assumindo um comportamento insólito e compulsivo, como lavar as mãos dezenas de vezes diariamente, a cada contato com objetos ou pessoas.
Em “O Livro dos Médiuns”, no capítulo XXIII, Allan Kardec usa o mesmo termo para definir a influência espiritual inferior :
“Entre os escolhos que apresenta a prática do Espíritismo, cumpre se coloque na prímeíra linha a obsessão, ísto é, o domínio que alguns Espírítos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espírítos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espírítos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, ídentificam-se com o Espíríto deste e o conduzem como se fora verdadeira criança.”
O termo obsessão tem uma extensão mais abrangente, já que em qualquer lugar ou atividade podemos ser envolvidos por influências espirituais desajustantes.
Kardec deixa isso bem claro, ao destacar no referido capítulo as motivações dos obsessores:
“As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espíríto. É, às vezes, uma vingança que este toma de um invidíduo de quem guarda queíxas do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há maís do que o desejo de fazer mal,- o Espíríto, como sofre, entende de fazer que os outros sofram, encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a ímpacíência que por ísso a vítima demonstra maís o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se. Com o irritar-se, o mostrar-se despeitado, o perseguido faz exatamente o que quer o seu perseguidor. Esses Espíritos agem, não raro, poródío e inveja do bem; daí o lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas. (..) “.
Fonte:
Quem tem medo da obsessão – Richard Simonetti