quinta-feira, 7 de junho de 2018
SERGE RAYNAUD DE LA FERRIÈRE
Serge Raynaud de la Ferrière (1916-1962), místico francês e fundador da organização à qual denominou Ordem de Aquarius, veículo da milenar Grande Fraternidade Universal (GFU), que elabora sua estrutura teórica e seu conteúdo para estes tempos com base nos princípios que foram entregues a La Ferrière pelo Mestre Sun Wu Kung, proveniente dos Colégios Iniciáticos do Tibete.
Para Ferrière, antes da Era de Aquarius, três Eras sucedeu-se com características peculiares. Por 2160 anos Taurus prevaleceu, e o que representou esse período foi o Boi Apis. São símbolos desse Ciclo o Egito e a Caldéia. Em Creta e na Assíria as religiões predominantes deixaram registrado com emblemas esse tempo da história da Humanidade. Os 2160 anos que se seguiram compuseram o signo de Aries. O emblema da Deidade dessa Era foi o carneiro e sacrifícios eram oferecidos à Divindade. Em Aries, portanto, o Bezerro de Ouro foi substituído pelo Velocino de Ouro.
Mas no signo de Piscis a religião sofreu nova transformação. Ferrière observou que, surpreendentemente, o peixe é amiúde, representado por um Solha, cujo nome em latim é ‘Lucius’, ou seja, Luz.
Os primeiros cristãos reconheciam-se entre eles desenhando um peixe, e usavam a expressão THEOU UIOS SOTER, para referir-se a Jesus Cristo, Deus Filho Salvador. Usando as iniciais dessas três palavras, precedidas das letras I e X, iniciais de IESOUS XRISTOS, compõe-se a palavra IXTUS, que significa PEIXE, vocábulo que foi durante algum tempo designativo de Jesus e emblema dos cristãos. Esta concepção é puramente teológica. Ninguém salva ninguém de nada. Se salvação existe, só o próprio poderá salvar-se.
Recorda Ferrière a pesca milagrosa dos 153 (cento e cinqüenta e três) peixes (João, XXI, 11), os 2 (dois) peixes (que simbolizam o signo zodiacal de Piscis) e as 12 (doze) cestas (Mateus, XIV, 20), representativas do próprio Zodíaco. E, em sânscrito, Jesus é denominado Samudra-Pala (Filho do Oceano), indicando que era identificado com a Era Pisciana.
Sobre a palavra CHRISTUS Ferrière ensinou que este título é geralmente dado a Jesus, como Buddha é dado a Siddharta Gautama. A palavra Cristo tem o seguinte significado:
"...plano ou estado e este nível Crístico testemunha a presença de um raio do Espírito Universal, que vem iluminar, inspirar e fortalecer a Chispa Divina, que mora no interior de todo o ser humano. O Logos Universal encarna sob forma humana, como há 2000 anos se manifestou na carne do pequeno Emanuel, que tomou o nome de Jhesu no dia de sua Iniciação..."
Hermes, o três vezes grande, João, o Batista e outros além de Jesus alcançaram a Iniciação Crística. CHRISTUS é o Logos Solar Central representado simbolicamente pelo Sol físico. É este Logos Solar Central que foi 'adorado' pelos Incas, Nahuas, Maias e Egípcios. Isto se resume a: CHRISTUS em meu interior. Meritocraticamente.
Presumir que o Avatar da Era Pisciana tenha sido o Filho Exclusivo de Deus ou o próprio Deus encarnado (como segunda Pessoa da Trindade), é um equívoco tão absurdo, quanto crer na salvação ou condenação eternas. O conceito de SALVAÇÃO é de outra ordem, e só há um Deus no Universo, sentido, construído e realizado pelos Rosacruzes em seus Corações. Aliás, quando Akhnaton instalou o Monoteísmo, apenas retransmitiu a Lei Eterna.
Cada Era guarda as peculiaridades das que a precederam, e se estende por trinta graus, ou seja, três partes de dez graus cada uma. Assim, cada Era subdivide-se em aproximadamente três períodos de 720 (setecentos e vinte) anos, e cada grau possui 72 (setenta e dois) anos.
Nesse sentido, cada Era é formada por um grande triângulo com 720 anos de lado, e cada grau forma um pequeno triângulo de 24 (vinte e quatro) anos de lado. Cada Era é, na realidade, a síntese das precedentes em um Nível ou Plano Superior.
De certa forma pode-se então compreender como são possíveis - ou como foram possíveis - a previsão e a realização de profecias, em particular as de Malaquias e as de Nostradamus nada mais são do que a percepção e a compreensão de dois pontos do grande e/ou do pequeno triângulo. Estas percepções conduzem à intuição de cada lado dos triângulos.
Na sua visão, duas observações rapidamente devem ser acrescentadas:
1. o cumprimento das profecias autênticas não pode ser anulado, mas, certamente, seus efeitos podem ser amenizados e até transmutados pelo AMOR, pela MISERICÓRDIA e pela COMPREENSÃO (os astros inclinam, mas não obrigam); e
2. quanto a Nostradamus, não é o nome de um homem, mas de uma ASSEMBLÉIA DE ALTOS INICIADOS.
Entende que a manifestação de Deus é tríplice, mas em outro sentido, operando pela Vida, pela Forma e pelo Pensamento, que têm suas equivalências na teologia católica (Pai, Filho e Espírito Santo), na filosofia hindu (Sat, Chit, Ananda), na teoria sefirótica hebraica (kether, chokmah, binah), na teologia chinesa (Tei, Yang, Yin), entre outras.
Mas, no Universo, há tão-somente um único Deus. O PRIMEIRO UM: a NATUREZA NATURANTE UNIVERSAL que pode e deve ser realizada interiormente — in corde — por todos os seres. A manifestação do ser encarnado neste plano segue um ritmo universal invariável: gérmen, desenvolvimento, nascimento, maturidade, decadência, morte, renascimento.
Essa UNIDADE - que é aquilo que é entendido como Deus - é um Princípio Universal Eterno e Ativo. E nessa linha de especulação, metafraseando La Ferrière, pode-se argumentar: "em qualquer tempo não podem coexistir harmoniosamente dois Princípios Constitutivos do Universo". Se houvesse, pois, dois Princípios, ou seriam diferentes, ou seriam iguais. Se fossem diferentes, anular-se-iam mutuamente; se fossem iguais, seriam idênticos como se um só houvesse. O que não pode ser confundido é a existência do Primeiro UM com a manifestação do Segundo UM. Os Planos são interligados, mas nossa compreensão das Altas Esferas é em certo sentido limitada, e, em outro, impossível.
Há, portanto, um só Princípio que opera no Ser, e esse mesmo Princípio opera e rege todos os mundos, havendo uma só Causa Universal sempre presente e atuante. Por isso, o ser humano deve viver integrado e de acordo com o Universo, jamais contra ele. E viver com o Universo significa viver Nele, integrá-Lo e com Ele procurar harmonizar-se, sempre avançando em sua compreensão.
Os princípios e ensinamentos Rosacruzes postulam que dois triângulos eqüiláteros entrelaçados simbolizam o Macro e o Microcosmo. Ferrière ofereceu uma simbologia mais complexa, mas não menos importante e esotérica, ao numerar o Emblema (Estrela de David) de forma diferente:
Observa-se, nessa numeração proposta por Ferrière, que a soma dos números que se encontram em oposição, é igual a 9 (nove), e dele (Emblema) pode ser extraído um número conhecido como Número Mágico ou Número da Eterna Evolução do Cosmo Ilimitado - "142857", cujo significado hermético é, sucintamente, o que segue:
1 : Princípio Universal – Deus, o Absoluto, o Primeiro Um, a Causa sem Causa.
4 : Os Quatro Elementos: Fogo, Ar, Água, Terra.
2 : Cifra da divisão. Representa, também a dualidade universal.
8 : Multiplicação por divisão celular (2 x 4). A matéria da qual o ser se origina.
5 : A cifra do ser, cujo simbolismo aparece na estrela de cinco pontas. Pentáculo.
7 : Simboliza a morte (A Foice). O sete também indica a renovação celular dos tecidos, a manifestação dos mundos em sete planos (Divino, Monádico, Espiritual, Afetivo, Mental, Astral e Físico) e, como indica a Estrela de Sete Pontas (septenário), as sete maneiras de como o espírito move a matéria (mens agitat molem), quais sejam: Solar, Lunar, Mercurial, Venusiana, Marciana, Jupiteriana e Saturniana.
Os filósofos da antiga Índia admitiam, também, a existência de sete planos, a saber: físico, astral, mental, búdico, nirvânico, paranirvânico e mahaparanirvânico. O sete pode simbolizar também, segundo Aristóteles, as virtudes éticas correspondentes à parte apetitiva da alma, quais sejam: coragem, temperança, liberalidade, magnanimidade, mansidão, franqueza e justiça.
Ao se multiplicar o Número Mágico por 2, 3, 4, 5 e 6, obtêm-se os números com as mesmas cifras que os constituem e na mesma ordem. A única exceção é quando se o multiplica por 7, pois se encontra 999999. O número 9 é a cifra da semente, da semeadura e do renascimento, que requer nove meses. Mas quando se o multiplica por 8 ou por 9, obtém-se, respectivamente, 1142856 e 1285713.
A Tábua de Esmeralda também foi objeto de reflexão de La Ferrière, que a considerou o Arcano mais profundo e a chave-mestra de toda a Alta Ciência. Mais do que uma simples e obscura Fórmula Alquímica, o que de fato é, encerra ensinamentos que só podem ser desvendados lenta e ascensionalmente pelo buscador, ao percorrer os diversos graus da vereda iniciática. Além dos Rosacruzes, dos Martinistas e de Ferrière, todos os estudantes da Tradição a ela dedicaram (e dedicam) profundas reflexões, como foi o caso, por exemplo, de Papus e de Éliphas Lèvi.
Ferrière entendeu que a Trindade Cósmica integra três planos inseparáveis; MUNDO ARQUETÍPICO, MACROCOSMO (NATUREZA) E MICROCOSMO (SER HUMANO), os três princípios constituintes do Universo, isto é, do Absoluto manifestam-se três atributos.
A trindade está, portanto, presente em todas as coisas, e no ser humano manifesta-se, particularmente, como Triunidade: corpo físico, corpo astral e corpo psíquico.
A TRIUNIDADE HUMANA, segundo o Pensador, pode ser exemplificada pelo sentimento do amor. O desejo é próprio do corpo material (amor físico); a atração está relacionada ao corpo astral (amor sentimental); e a simpatia (amor cerebral) é uma característica do corpo psíquico.
O simbolismo numérico aparece, também, muito marcadamente no emblema da Ordem de Aquarius, ao lado do obscuro Axioma Zoroastriano: SABER, QUERER, OUSAR, CALAR.
Não se pode deixar de comentar nesta oportunidade, que, sob um entendimento mais esotérico, deve-se considerar o ser como sétuplo, ou seja, um Triângulo superposto a um Quadrado.
Emblema da Ordem de Aquarius (acima) pode ter várias explicações, de acordo com o que estiver sendo estudado. Uma das mais interessantes de suas revelações se refere à progressão espiritual do homem, que começa com o nascimento do espírito (propulsão de energia) até a fusão no Grande-Todo. Os quatro últimos degraus desta peregrinação ascensional são os da ordem da Sentença, conforme foi há milênios compreendido.
Ferrière propugnou também que o Axioma está intimamente relacionado com os quatro elementos, com as quatro grandes etnias (amarela, negra, vermelha e branca) e com os quatro signos fixos do Zodíaco, que são: Taurus, Leo, Scorpius e Aquarius.
Há outras relações, entretanto, que não foram explicitadas pelo autor. O cálice no centro do círculo é uma ânfora, sobre a qual está inscrito o símbolo alquímico representativo da transmutação.
Com relação às quatro etnias, Ferrière revela:
O sentido da evolução das civilizações, isto é, a Raça Amarela, na sua velhice, vai cair no esquecimento (até uma nova regeneração); os mais avançados conhecimentos esotéricos estavam no Tibet, que vai ceder seu lugar ao novo Pólo Magnético de Espiritualidade.
Este trânsito do Saber, conservado nos Santuários da Ásia, para os Colégios de Iniciação do Ocidente, é algo assim como a Sabedoria do Guru que é dada ao discípulo.
A Raça Branca vai, pois, tomar o lugar de máxima plenitude, já que se acha em pleno desenvolvimento para isso.
A raça descendente dos Peles Vermelhas e dos Índios da América, atualmente em sua fase representativa do Verão, vai chegar ao Outono e tomará o lugar da Raça Branca, chegada ao Inverno neste símbolo.
A Raça Negra, agora muito jovem, cederá seu lugar à Raça Amarela.
Naturalmente, isto se produz em períodos muito grandes, pois se trata de ciclos devidos aos movimentos estelares.
(Texto de Rodolfo D. Pizzinga)