Diante do altar eu me coloco de joelhos a seu pés meu pai Oxalá, a ti me entrego a sua misericórdia e estou pronta para cumprir minha missão.
O Altar é algo sagrado onde está ali representado nossos Guias e Orixás, através das imagens consagradas, imantadas e cruzadas, sim as imagens devem ser consagradas e imantadas, caso contrário são apenas estatuas de gesso, ornamentais, esse ato é que difere uma imagem de uma estatua.
Num altar deve estar representado os 4 elementos da Natureza (Terra, Água, Ar, Fogo), através das velas, das flores, dos cristais, das quartinhas de água, das adagas e espadas, dos incensos e essências, ervas. Nesses elementos conseguimos trazer um pouquinho dos centros energéticos de nossos Orixás.
Lugar santo, lugar que deve sempre estar o mais limpo possível, higienizado e purificado constantemente, muito triste ver um altar cheio de teias de aranha, sujo, com as imagens empoeiradas.
Terreiro é solo santo, área de respeito.
Aprendi com os meus mais velhos, que não se entra calçado, que não se entra fumando e bebendo bebidas alcoólicas (sim nossos guias e entidades fazem uso do fumo e da bebida, mas para fins ritualísticos e não por vício) , não se fala palavras profanas perante o altar, lugar santo. Isso seria o certo de se fazer não por obrigação mas por devoção.
Alguns terreiros até trabalham calçados, mas deve-se usar calçados com solas de corda por exemplo e não de borracha, não podemos esquecer que no ato do acoplamento espiritual há uma troca de pura energia elétrica, e uma sola de borracha pode agir como isolante dificultando essa circulação energética. Calçados que devem ser usados apenas para esse fim. Esse cuidado também é verificado em outras culturas como a japonesa onde casas mais tradicionais não permitem que entrem para dentro de suas casas calçados vindo da rua.
Mas infelizmente não é isso que estamos vendo, está faltando doutrina.
Os atabaques devem sempre estarem cobertos quando não for dia de gira.
Não se entra no terreiro sem cumprimentar o altar, essa é uma tradição de várias outras religiões, onde o devoto entra por exemplo numa igreja e toca a imagem e faz o sinal da cruz.
Todo médium deve ter consciência que deve saudar o altar antes de iniciar sua gira de trabalho. Quando o filho no ato de bater a cabeça no altar está se entregando a proteção e disposição de seus Orixás e Guias, pedindo que os proteja e os guarde. Não somos nada sem eles.
Todos os dias entram por nossas portas todos os tipos de pessoas, com os mais variáveis problemas, as pessoas devem entrar para dentro do solo santo e sentirem-se protegidas, amparadas e seguras. Devem sentir que ali tem a presença de algo divino, abençoado, devem se sentir bem. É muito triste entrar num terreiro sujo, cheirando mal, onde pessoas não estão respeitando o solo sagrado. Devem ser o máximo bem recebidas, muitas chegam em um terreiro como sendo seu último recurso, imaginem quando chegam e se deparam com médiuns mal educados.
Muitas pessoas criticam a Umbanda, a chamam de Idolatra, falam que seus ritos são desnecessários etc. Desde que o mundo é mundo, o homem sempre se utilizou de religares para se conectar com Deus, seja uma pedra fundamentada, uma bíblia, um rosário, uma cruz. Deus pouco se importa com os meios que o homem chega até ele, o importante para a divindade é que se chegue.
O altar é um portal para a divindade, perante ele nos entregamos a proteção divina, nos energizamos, nos purificamos, de frente a ele colocamos nossas tristezas e dores e conseguimos alcançar o lenitivo, a cura para nossas almas.
No altar tem mironga de preto velho, de caboclo, só mexe quem sabe e quem tem conhecimento. Em alguns fundamentos só mexe quem tem outorga para isso.
Em algumas casas se tem um cuidado muito particular referente as imagens, há sempre uma pessoa certa para cuidar, não se coloca imagens no chão onde se passa bichos peçonhentos, ratos etc, é no mínimo desrespeitoso.
Numa casa séria de Umbanda tudo que tem num altar tem o seu fundamento e significado, não se enganem o que parece puro enfeite não o é.
Jamais se deixa no altar oferendas, comidas ao ponto de apodrecerem e causarem mal cheiro.
As quartinhas devem estar sempre higienizadas, e alimentadas, jamais se deixa uma quartinha secar. A água representa vida, a quartinha o ventre.
No altar tem a pemba consagrada, imantada, tem o pó de pemba feito com ritualística certa e fundamentada, (diga-se de passagem há muita coisa num pó de pemba, dentre sementes, favas, ervas), fundamento esse que não se limita ao talco de alfazema como já temos visto em algumas casas, onde se usa o talco de alfazema sem fundamento nenhum, sem erva, sem nada. Pó de pemba é mironga é fundamento. Fica a dica.
O altar é portal santo, um raio de luz, que guia nossos Orixás e mentores até nós, é caminho é porta aberta, é leitura, é pensamento, é oração.
Todos os filhos tem por obrigação sempre estar levando flores e ofertas para o altar em forma de gratidão a seus guias e mentores.
Ali tem olhos que veem além da humilde matéria, ali tem energias que penetram na sua alma como bálsamos purificadores, ali tem axé.
Fora o chão sagrado do terreiro, do altar, dos nossos atabaques, não podemos esquecer que toda casa de respeito tem seu Cruzambê das Almas, sua tronqueira e casa de exú, que devem estar sendo cuidados com o mesmo esmero e carinho.
Alguns fundamentos ritualísticos são passados de pai para filho, através da orientação dos nossos guias e mentores, cada ordenança trás suas mirongas e mistérios, e isso não é ensinado em apostilas é aprendido com merecimento, devoção e comprometimento.
Infelizmente estamos vendo muitos médiuns curiosos eu diria, abrindo casas sem o conhecimento necessário para tal, estamos evidenciando duas situações: de um lado médiuns que não estão fazendo dentro de suas terreiras um terço que deveriam estar fazendo e do outro lado outros fazendo ritualísticas absurdas que só eles mesmo para saberem de onde estão tirando tais atos. Muitos abrem terreiros achando que basta espiritar e não é assim na pratica, se o dirigente não tiver bagagem terá uma casa deturpada do que seja Umbanda, boa vontade é bom, mas não é suficiente para abrir terreiro, que frise-se isso. Se a coluna, o alicerce é fraco o terreiro tomba.
Quero deixar bem claro que existe muito mais referente ao assunto, mas são fundamentos de cada casa e devem ser respeitados.
Amem e Respeitem vossos altares e sua casa de axé, ali é o elo o religare.
Que todos os Orixás, guias e mentores iluminem vossos altares e estejam presentes neles.
Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira.