De acordo com a tradição da mitologia grega, os Hiperbóreos eram um povo mítico vivendo no extremo norte da Grécia, próximo aos Montes Urálicos. Sua terra, chamada de Hiperbória traduzido como "além do bóreas" (bóreas, o vento norte), era perfeita, com o sol resplandecente 24 horas por dia.
Os gregos pensavam que Bóreas, o deus do vento norte, vivia na Trácia. A Hiperbórea, portanto, era uma nação desconhecida, localizada na parte norte da Europa e da Ásia. Exclusivamente entre os Olímpios, apenas Apolo era venerado pelos hiperbóreos: o deus passava os invernos junto a esse povo.
Esses últimos enviavam presentes misteriosos, embalados em palha, que primeiro chegavam a Dodona e depois eram passados de povo em povo até chegar ao tempo de Apolo em Delos (cf. Pausânias). Teseu e Perseu também visitaram os hiperbóreos.
Devemos referir-nos brevemente à possível etimologia do termo "paraíso'', em sua acepção relacionada com uma terra maravilhosa na qual moravam pessoas privilegiadas.
Segundo indicam alguns especialistas, teria sido utilizado pela primeira vez para designar o reino perdido do extremo oriente, o Agartha, cujo nome em sânscrito era "Paradesha", a "Comarca Suprema", onde haviam sido preservados conhecimentos de enorme antiguidade provenientes de outras humanidades desaparecidas. De tal denominação derivou "paradiso" e "paraíso" como centro espiritual à margem de nossa realidade.
Por outro lado, nas mitologias dos povos nórdicos encontramos uma significativa crença em Tula ou Thule, cidade que regia os destinos de Hiperbórea, mais primitiva ainda que "Paradesha".
Em todo o mundo conhecemos muitos lugares para os quais está sendo utilizada esta palavra e que derivam dela como Toulon, Tulle, Tolosa e inclusive a cidade mexicana de Tula, fundada como se diz pelos toltecas sobreviventes do suposto continente que desapareceu engolido pelas águas do Atlântico.
Há vários milhares de anos aconteceu um cataclismo de proporções gigantescas ao qual se referem as mitologias dos povos mais diversos. A "Grande Inundação", o "Dilúvio", destruiu boa parte da humanidade civilizada e houve outras que dispersaram os sobreviventes. No entanto, as regiões setentrionais não foram demasiadamente afetadas e os povos nórdicos salvos deste cataclismo iniciaram urna evolução cultural muito rica, criando o que a tradição denominou Hiperbórea, o continente paradisíaco dos ários.
Após várias transformações operadas no tipo biológico, por efeito do clima, dos costumes e dos cruzamentos, os Hiperbóreos conseguiram estabelecer os elementos etnográficos essenciais e definitivos do homem branco, de estatura alta, cabelos ruivos, olhos azuis, feições delicadas.
Nessa época, o continente começou a sofrer um processo de intenso resfriamento, que tornou toda a região, inóspita, hostil à vida humana. Por essa razão, os Hiperbóreos foram obrigados a emigrar em massa para o sul, invadindo o centro do planalto europeu, através de florestas iluminadas por auroras boreais, acompanhados de cães e impulsionados por mulheres videntes
Segundo a lenda, este paraíso, construído com pedras de cristal rodeado por altas muralhas de gelo, qual imenso iceberg, é localizado na Groenlândia, a "Terra Verde" dos povos do norte. E claro que o conceito em nada se assemelha à realidade atual.
Se este lugar existiu em algum tempo, desapareceu por completo, e se foi um estímulo arquetípico, cumpriu perfeitamente sua função. E constante a relação de Hiperbórea com o frio, a incrível brancura de seus inacessíveis prédios e a presença dos misteriosos ário.
Algumas zonas geográficas bem longínquas desta tradição conservam recordações sobre a mesma e deste modo encontramos que na índia se conhecia a região dos "bem-aventurados" como "Shwetadwipa", a "Ilha Branca", localizada no grande norte, que nos leva a identificá-la como a Tule hiperbórea.
Em tal lugar, elevava-se a "Montanha Branca" ou "Montanha Polar", coincidente com a Ursa Maior, morada simbólica dos sete sábios, cujo número é tradicionalmente venerado em muitas iniciações esotéricas.
Certas obras consideradas por seu conteúdo como reveladoras de grandes mistérios, mencionam a existência de tal região. O "Livro de Enoch", que se diz descoberto na Abissínia por um pesquisador escocês, Jacques Bruce, no século XVIII, é uma obra profética que narra a história das sucessivas raças humanas e sua relação com os seres divinos, tudo isso acompanhado por um bom número de referências astronômicas e cósmicas muito estranhas.
Principalmente, vemos com assombro a relação mantida entre os chamados "anjos" enviados do Senhor, procedentes do Cosmos, e os seres humanos. Aqueles contemplam com satisfação a beleza das mulheres, o que lhos impulsiona a coabitar, gerando a raça dos gigantes, e assim os descreve no capítulo XII.