quinta-feira, 21 de junho de 2018

Diálogo com Malandro






- O Zé tbm sou filho teu! (diz o rapaz empolgado)

- Saravá seu moço! Tu que é o filho mais querido! (Diz o Zé)
- Mas é claro! Pego todas as mulheres, bebo todas as marafas, num falto uma só noite da boemia, ninguém pode comigo, sou malandro e bom nos negócios e fumo bagulho! Sou Malandro sim senhor!!! (empolga ainda mais)
- Pois então seu moço, tu é o filho querido que o Zé veio consertar. 
-Mas consertar o que seu Zé? Vai me abrir as portas do dinheiro? Vai me trazer moça rica ou então me dar os números da mega cena? (Pergunta alegremente)
- Moço sou Zé Pilintra! As portas ei de abrir para que possas ainda mais enriquecer, terá valores maiores que jamais sonhou! Moça rica nem vai precisar e muito menos de prêmios desta terra! (diz sorridente o Zé)
Tempos depois vem o rapaz para falar com o Zé
- Zé vc é mentiroso, é falso e enganador! Nada me deu e tudo que tinha perdi! Tinha casa, carro, mulheres e ouro... tudo isto se foi... no jogo só perco, nos negócios só derrota! Tudo isto pq falei que era como vc? É pra punir? Se for já aprendi, me devolva o que perdi, não quis te humilhar ao me comparar a você! Veja Zé hoje apareceu um filho que é meu, preciso cuidar dele, num sou só mais, agora tenho que cuidar de alguém, me desculpe Zé e me ajude e tudo mais será esquecido, nunca mais me compararei ao senhor! (diz cabisbaixo e com os olhos marejados)
- Saravá seu Moço! Não tirei nada de você! Te prometi riqueza e lhe dei tudo o que você precisava! 
-Deu? Onde? Cadê? Só me deu problemas e pobreza!
- Moço olhe pra trás e olhe hoje! Você era um homem beberrão, hoje num bebe mais, era mulherengo e fazia sofrer as mulheres, hoje tu só tem uma que o ama; você num saia da noite, hoje dorme sedo pra trabalhar e colocar o pão de cada dia em sua casa; fumava bagulho, onde viu que eu mexo com estas coisas? Hoje tu guarda pro pixurico que lhe tem apreço, aliás tu era irresponsável e agora você pensa no amanhã e no futuro. Perceba meu amigo que o abraço que destes na mãe que lhe pôs no mundo foi o maior que de toda a sua vida, que o beijo que dera no filho quando saiu de casa foi o mais lindo e afago que dera no rosto na mulher que está em sua casa foi o gesto mais nobre e de amor que nunca tivera por alguém. Quando tudo que tinha de material lhe foi tirado aprendeu a rezar, passou a falar com as pessoas de igual para igual, sem se achar melhor ou pior que elas, ontem na tua casa apareceu uma caixa de leite na sua porta e ninguém ao lado para que pudesse agradecer, mas foi o pai do moço que tu parou para escutar, ouviu e acolheu as lágrimas sofridas, esqueceu dos teus problemas e passou a orientá-lo. Moço tu tiraste a corda que já estava no pescoço do cumpadre, libertou as entidades que o acompanhavam com o abraço fraterno que dera. Hoje sois mais rico que ontem, tens amigos, filho, esposa e família, liberta os que sofrem com o amor que descobriu dentro de ti. Mas se quiser sô moço posso reverter, tiro teu filho e tua esposa e dou a quem queira amar, afasto a sua mãe para ela poder caminhar sem sofrer com as noite de preocupação, tiro os amigos que lhes são motivos de risos verdadeiros de alegria e tudo mais que lhe dei; voltarás as noites, as bebidas, aos bordeis e aos bagulhos!
- Desculpe Zé! Agradeço o que me deste, hoje tudo isto é o que mais prezo na vida! Amo minha esposa e meu filho, minha mãe é minha rainha e meus amigos meu porto seguro. Sinto não ter visto e lhe agradeço e peço a sua benção!

- Saravá meu irmão! Agora sim! Tu és filho de Zé Pilintra!