sexta-feira, 6 de abril de 2018

SÉTIMA LINHA DE FORÇAS DIVINAS, OU IRRADIAÇÃO DA GERAÇÃO

Olorum cria e gera em Si mesmo tudo o que existe e tem nesta Sua faculdade criativa e geradora uma de Suas qualidades, pela qual Sua gênese divina vai surgindo e concretizando-se, já como o meio e como os seres que nele vivem.
A qualidade genésica do Divino Criador é a Fonte da Vida e das coisas que dão sustentação a ela.
Olorum cria e gera em Si mesmo, e criou e gerou nessa Sua qualidade uma divindade criativa e geradora, que é essa Sua qualidade em si mesma.
Então surgiu Yemanjá, divindade unigênita gerada na qualidade criativa e geradora de Olorum, que a tomou em si mesma a Sua qualidade criativa e geradora.
Ela é unigênita e por isso gera tanto em si quanto de si.
Quando gera em si, dá origem à sua hierarquia de tronos da Criação e tronos da Geração, que são divindades que manifestam uma dessas duas naturezas de Yemanjá.
Quando gera de si, ela irradia essa sua dupla faculdade, e quem a absorve toma-se criativo e gerador no aspecto da vida a que se dedicar.
A lenda nos diz que Yemanjá é tida como a mãe de todos os Orixás, e ela está relativamente certa, já que se algo existe é porque foi gerado. E, porque Yemanjá é em si mesma essa qualidade geradora do Divino Criador, então ela está na origem de todas as divindades.
Mas as coisas de Deus não acontecem assim, e Ele, quando começou a gerar, já havia ordenado sua geração. Então Ogum já existia e ordenava a geração de Yemanjá. Oxum já existia e agregava o que ela estava geran­ do, etc.
Bem, o caso é que Yemanjá é a “Mãe da Vida”, e como tudo o que existe só existe porque foi gerado, então ela está na geração de tudo o que existe.
Ela tem nessa sua qualidade genésica um de seus aspectos mais marcantes, pois atua com intensidade na geração dos seres, das criaturas e das espécies, despertando em cada um e, em todos, um amor único pela sua hereditariedade.
O amor maternal é uma característica marcante dessa divindade da Geração e quem se coloca de forma reta sob sua irradiação logo começa a vibrar esse amor maternal, que aflora e se manifesta com intensidade.
Yemanjá, por ser em si a Geração, está na gênese de tudo como os próprios processos genéticos. E se a qualidade Oxum agrega, ou funde o espermatozoide e o óvulo, Yemanjá é o processo genético que inicia a mul­ tiplicação celular, ordenada por Ogum, comandada por Oxóssi, direcionada por Yansã, equilibrada por Xangô, estabilizada por Obaluaiyê e cristalizada num novo ser por Oxalá.
Viram como um Orixá não dispensa a atuação dos outros e como todos são fundamentais e indispensáveis a tudo o que existe?
Bem, Yemanjá,  a nossa Mãe da Vida, é por demais conhecida em alguns de seus aspectos. Mas em outros é totalmente desconhecida.
Ela, por ser em si mesma a qualidade criativa e geradora de Olorum, então gera de si duas hierarquias divinas: uma é regida pelo Trono da Criatividade, que gera em si mesmo essa qualidade e a irradia de forma neutra a tudo o que vive, tomando todos os seres, criaturas e espécies muito criativos e capazes de se adaptar às condições e meios mais adversos; outra, é regida pelo Trono da Geração, que é em si mesmo a qualidade genésica do Divino Criador, e gera e irradia essa qualidade a tudo e a todos, concedendo a tudo e a todos a condição de se fundir com coisas ou seres afins para multiplicar-se e repetir-se.
minerais afins fundem-se e dão origem aos minérios;
elementos afins fundem-se e dão origem a novos elementais;
energias afins fundem-se e dão origem a novas energias;
cores afins fundem-se e dão origem a novas cores;
seres afins  (machos  e fêmeas  de uma  mesma  espécie) fundem-se e dão origem a novos  seres.
Os tronos da Geração regem sobre esse aspecto da gênese, e não só sobre o sexo em si mesmo.
O campo desses tronos é tão vasto na vida dos seres e na criação divina, que os definimos melhor se simplesmente disser­mos: “Os tronos da Geração estão na gênese de tudo e de todos porque são uma das características de Yemanjá, que é em si mesma a Geração Divina”.
Portanto, Criatividade e Geração são os dois lados de uma mesma coisa: Gênese Divina!
E Yemanjá as manifesta em suas duas hierarquias de tronos: os da Criatividade e os da Geração.
Por ser a divindade da Criatividade e da Geração, Yemanjá está em todas as outras qualidades divinas, mas polariza com o Orixá Omulu e faz surgir a irradiação da Geração, que tem nele o recurso de paralisar todo processo criativo ou gerativo que se desvirtuar, se degenerar, se desequilibrar, se emocionar ou se negativar.
Deus tanto cria e gera quanto paralisa a criação que não mais atende aos Seus desígnios e paralisa a geração que não atende à Sua vontade. Essa Sua qualidade é um recurso para paralisar tudo e todos que estiverem criando ou gerando em sentido contrário (desvirtuado) ao que Ele estabeleceu como correto (virtuoso).
E aí surge Omulu, divindade unigênita gerada nessa qualidade de Olorum, que o tomou em si mesmo esse seu recurso paralisador de toda a criação ou geração desvirtuada.
Omulu, divindade unigênita, gera tanto em si como de si.
Quando gera em si, faz surgir sua hierarquia de tronos cósmicos, ativos, negativos, secos, implacáveis e rigorosíssimos com toda criatividade e gera­ ção desvirtuada, desequilibrada, emocionada ou contrária aos sete sentidos da Vida.
  • Religiosidade contrária ao sentido da Fé, lá está o Omulu Cristalino para paralisá-la e esgotá-la;
  • Amor apassionado, lá esta o Omulu Mineral para desapassioná-lo e esgotá-lo;
  • Conhecimento desvirtuador das verdades, lá está o Omulu Vegetal para anulá-lo e esgotar quem o está difundindo.
  • Enfim, Omulu, como qualidade paralisante, também está em todas as outras qualidades e será ativado assim que seus irradiadores ou os seus beneficiários se excederem ou se omitirem.
O Mistério Omulu transcende a tudo o que possamos imaginar e as lendas o limitaram a alguns de seus aspectos, na maioria negativos, tomando-o temido e evitado por muitos adoradores dos Orixás.
Se Omulu rege sobre o “cemitério” e sobre os espíritos dos “mortos”, é porque esses espíritos atentaram contra a vida ou algum dos seus senti­ dos. Logo, só deve temê-lo quem assim proceder, pois aí, queira ou não, será alcançado por sua irradiação paralisadora que atuará sobre seu magnetismo e o enviará a um meio, onde só seus afins desequilibrados vivem.
“A cada um segundo seu merecimento”, é o que diz a Lei. Já o Mistério Omulu aplica esse princípio em seu aspecto negativo e o define assim: “A cada um segundo seus atos. Se positivos, que sejam conduzidos à luz da vida, mas se negativos, que sejam arrastados para os sombrios domínios da morte dos sentidos e sentimentos desvirtuadores da vida”.
Resumidamente, definimos Yemanjá e Omulu assim:
  • Yemanjá é a Mãe da Vida, pois gera vida em si mesma;
  • Omulu é o Guardião da Vida, pois paralisa todos que atenta­rem contra ela, e os pune com um rigor único.