A Arte da Estratégia
É a Paz Interior Que Assegura a Vitória
Carlos Cardoso Aveline
Certa vez, em Tchou, o sábio Ki Siao Tzu aceitou adestrar um galo de briga para o rei da região.
Dez dias depois do começo do treinamento, o rei perguntou:
“O galo está pronto para a briga?”
Mas o treinador respondeu: “Ainda não. Ele está vaidoso e arrogante.”
Doze dias depois, sentindo já uma ponta de ansiedade, o rei repetiu a mesma pergunta. “Impossível”, insistiu o adestrador:
“Ele ainda reage a cada sombra e a cada ruído”.
Passaram-se mais duas semanas. O rei chamou Ki Siao Tzu à sua presença e, mal disfarçando a sua insatisfação com a demora, pediu novamente notícias do galo.
“Nada, ainda”, disse o adestrador.
“Ainda está com o olhar muito irritado e um ar de triunfo.”
Finalmente, dez dias depois, o rei, mais calmo, perguntou pelo galo.
Esta vez, Ki Siao Tzu respondeu:
“Ele está quase pronto. Quando os outros galos cantam, isso não o incomoda em nada. Quando se olha para ele, fica indiferente como se fosse feito de madeira. Sua força interior é perfeita.”
A esta altura, os outros galos já não ousavam aproximar-se dele. Pelo contrário, desviavam-se e iam embora.”
A história acima é atribuída a Lie-Tzu, um dos mestres do taoísmo, e pode ser aplicada à arte da estratégia.
Ela ilustra bem as qualidades requeridas para lidar com os conflitos segundo a filosofia oriental.
De fato, quem não sabe lutar busca o conflito.
Quem sabe lutar evita o conflito e prefere a paz.
O mesmo princípio vale para demonstrações de força de qualquer tipo.
O cidadão inexperiente procura mostrar aos outros a força que possui.
O tolo, por sua vez, procura aparentar uma força que não tem.
Já o guerreiro sábio ignora as demonstrações externas e apenas corta seus próprios hábitos de desperdício, deixando que sua força interior cresça.
“Quem vence os outros é forte. Quem vence a si mesmo é poderoso”, ensina o “Tao Te King”.
O clássico “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, afirma: “É melhor vencer sem lutar”.
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Excerto da obra “Três Caminhos para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline, Capítulo 7.
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Para conhecer a teosofia original desde o ângulo da vivência direta, leia o livro “Três Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.