terça-feira, 5 de julho de 2022

ORIXÁS – OLODUMARE, EXU E IA MI OXORONGÁ

 

ORIXÁS – OLODUMARE, EXU E IA MI OXORONGÁ

ORIXÁS – OLODUMARE, EXU E IA MI OXORONGÁ

Nesse post quero trazer três divindades ou poderes, que em minha visão, representam os princípios da criação e da manifestação no universo, dentro da mitologia Yorubá. Essas divindades, segundo o que podemos encontrar nos mitos, são as primeiras manifestações conscientes que surgiram no cosmo. 

Primeiro temos Olodumare – “O Incontido” ou “O que está em tudo”, é da mente de Olodumare que surgiram as primeiras manifestações, é a energia criadora e criativa do universo, de seu sopro surgiu a vida, Olodumare é Deus. Não tem forma definida ou gênero, é luz e treva, dinamismo e restrição, é o logos. 

Depois temos Exu – “vórtice, remoinho”, que pode ser entendido como o princípio dinâmico de Olodumare, o movimento, a ação e o caos, Exu coloca tudo em movimento, é através dele que flui o axé, a força da vida, a energia vital; por isso também é uma divindade fálica, um princípio masculino. 

Por fim, temos Ia Mi – “mãe”, Oxorongá – “pássaro”, há lendas onde Ia Mi é retratada como uma divindade, mas geralmente são descritas como sete ou muito mais Ia Mis; Ia Mi é a primeira manifestação feminina, a mãe primordial, o grande ventre do cosmo; Ia Mi possui os quatro elementos dentro de sua cabaça (ventre), é o aspecto restritivo de Olodumare. É Ia Mi quem controla os Adjogun – anti-Orixás, energias de punição e castigo, de equilíbrio. 

Com isso, através de uma interpretação esotérica, temos a trindade ou triângulo da criação e manifestação, Olodumare como a primeira manifestação, a mente criativa; Exu como o princípio masculino dinâmico e Ia Mi o princípio feminino restritivo. É interessante notar também, que nos primórdios, os Yorubás eram uma sociedade matriarcal, ou seja, no topo da hierarquia, dentro de sua estrutura social, estava a mulher, o sagrado feminino; mas é dito nas lendas que quando essa cultura se tornou patriarcal – como ocorreu em vários grupos étnicos pelo mundo – Ia Mi se afastou da humanidade, e passou a ser temida, ou o sagrado feminino passou a ser temido (talvez desencorajado); por isso seu culto hoje é tão restrito e desconhecido. 

É importante conhecermos esses conceitos, pois sendo consciente ou não, proposital ou não, a mitologia Yorubá possui um entendimento do universo e das forças naturais, muito profundo, sendo assim, meu esforço não é injetar ocultismo ocidental ou europeu na cultura Yorubá, mas sim demonstrar que a cultura Yorubá possuía esses conhecimentos muito antes.