sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

DOUN

 

DOUN


Nenhuma descrição de foto disponível.Numa publicação anterior falamos sobre : Crianças – Ibeji – Erê - São Cosme e São Damião – Não São a Mesma Coisa. Após esta matéria, recebemos muitas perguntas e pedidos para falar sobre Doun. Criou-se muita especulação e muita mistura por conta do famigerado sincretismo e pela falta de informação e estudo dentro das Casas de Asé.
Vamos nos ater a alguns conceitos básicos para entender:

O ERÊ - é o estado intermediário entre a pessoa e seu Orixá, é o aflorar da criança que cada um guarda dentro de si. Reside no ponto exato entre a consciência da pessoa e a inconsciência do Orixá. É de suma importância durante o ritual de iniciação, pois é ele que, muitas das vezes, trará as várias mensagens do Orixá do recém-iniciado.
O Erê aparece instantaneamente logo após o transe do Orixá. É o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão, conhecendo todas as preocupações do iniciado. Não pode ser confundido com criança, cuja nomenclatura em Iorubá é omodé. Erê, normalmente, é muito irrequieto, barulhento, às vezes brigão, manhoso e involuntário.
Em algumas casas de Candomblé e Batuque são referidos como Erês, Ashere ou Asêros que se manifestam após a chegada do Orixá.

Orixá IBEJI - é o único permanentemente duplo, formado a partir de duas entidades distintas que coexistem, respeitando o princípio básico da dualidade. São ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc.

A IBEJADA - é a Falange das Crianças na Umbanda, que é formada por espíritos infantis que já tiveram vidas terrenas, sempre associadas pelo sincretismo da Igreja Católica aos santos Cosme e Damião. Respondem por nomes de pessoas associados muitas vezes à natureza da seguinte forma: Pedrinho da Praia, Joãozinho da Mata, Ritinha da Cachoeira ou simplesmente Pingo d’Água, Joaninha, Pedrinho, Cosminho, etc. Ibejada é uma das falanges mais queridas dentro da nossa Umbanda.

COSME E DAMIÃO - os médicos gêmeos e por isso padroeiro nas confrarias médicas, foi iniciado nos primórdios da nossa colonização, através da religião católica (na época, oficial) com a construção em 1530, de uma Igreja em Igarassu, no Pernambuco, a qual ainda existe.

DOUN ou Idowu – vários mitos explicam quem é a terceira criança. Um deles conta que Cosme, Damião e Doum eram trigêmeos e que com a morte de Doum, que faleceu por doença e por falta de médicos que pudessem tratá-lo e curá-lo, isto levou seus irmãos a estudar e se formar em medicina para levar tratamento e cura a quem necessitava. Ficaram dispostos a curar a todas as crianças, sempre de forma gratuita.

Doún ou Idowu, que personifica as crianças com até sete (7) anos, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade. Para muitos a criança travessa que baixa nos Terreiros de Umbanda e muitos associam a exu Mirim.

Os adeptos da Umbanda, acreditam que para cada dois gêmeos que nascem, um terceiro não encarna neste mundo. Mas, embora não apareça de forma física, Doum também é venerado e respeitado como parte da família da Ibejada, considerado “aquele que não veio”. Por isso, o mito de Doum também serve de consolo quando uma criança morre bebê ou ainda no ventre materno. Nesses casos, a partida é entendida como o retorno de um desses seres divinos ao mundo do qual não conseguiu se despedir. Mas por serem considerados espíritos infantis, as crianças (Ibejada) são muito confundidos com os Erês, que na verdade são espíritos intermediários, mensageiros. Já buscando os estudos na Tradição de Orixá, vamos encontrar que, Idowu, é a criança que nasce após o nascimento dos gêmeos, e outros mais. Todos eles pertencem à família de Ibeji, que é uma família bem grande.
A história que dá origem ao culto de Ibeji é a de um macaco que sempre tem filhos gêmeos, então Orunmilá identificou que as pessoas e os Ibeji estão ligados à uma família espiritual que traz toda a sua herança espiritual e não se encaixa com o culto do Muso nem do Erê, que nós temos no Candomblé. O Ibeji, que é o culto dos gêmeos, independente do nascimento da criança, nascendo ou não nascendo, ou até mesmo uma gestação de trigêmeos ou quadrigêmeos, são todos considerados gêmeos. Com seus nomes determinados pela ordem de nascimento, pela saída do ventre da mãe, pelo qual cada um já tem o seu nome espiritual e é assim que se forma a família de Ibeji.
O culto de Ibeji é muito importante para as pessoas que nascem na África, pois ajuda a trazer alegria, conquistas, crescimento e oportunidades.
Cultuamos anualmente porque Ibeji é um culto de renovação. Um adulto, independente da idade, se ele nasceu junto com outra criança ou após o nascimento de duas crianças, ele é Ibeji.
Sem dúvida alguma o Culto de Ibeji engloba Idowu, porém para ser devidamente efetivado se faz necessário: O culto do Orixá Exu, O Culto do Orixá Oxum e o Culto de Egbé Orun, pois Idowu pelo já descrito esta ligado a Comunidade Egbé Orun Emere e Abiku.

Babalawo Ifasegun Aworeni
Babalorixá Marcelo D`Ogum
Babá Osóiná

Bibliografia:

- Verger, Pierre, Deuses Iorubas na África e no Novo Mundo (1981).
- Almeida, Maria Inês Couto de. Cultura Ioruba : Costumes e Tradição – Rio de Janeiro, Dialogarts, 2006.
- Ifá Divination - WILLIAM BASCOM pdf - 2008
- Ifá The Key To Its Understanding- FÁŞINÀ FÁLÀDÉ- pdf – 2009