UMBANDA CANDOMBLE E SPIRITISMO ESTUDO: O VELHO E O NOVO MÉDIUM

sexta-feira, 26 de março de 2021

O VELHO E O NOVO MÉDIUM

É inegável o fato de que o umbandista do século 21...

Não é o mesmo de 1908...
E isso deveria soar positivo, afinal evoluir é bom...
Mas essa colocação não soa tão positiva quanto poderia...
Pois de que adianta estarmos tão “evoluídos”... 
Se estamos nos  esquecendo, ignorando, subjugando...
Desdenhando e desrespeitando o fundamental...
Casas abrem-se diariamente sem ter nem mesmo uma base...
Uma diretriz, o respeito não é ensinado!
As práticas tradicionais da religião como amacis, patuás, bate folhas...
Defumações, banhos de ervas e até as oferendas aos Orixás...
Tem sido vistas e colocadas como desnecessárias...
A pratica da caridade então! 
Ihh, essa daí anda passando longe dos terreiros...
Muitos dizem:
Ah, mas a Umbanda está evoluindo! 
Não creio que a Umbanda esteja evoluindo...
Ela é a mesma, o patuá que servia e protegia a 100 anos atrás ainda funciona...
A oferenda que fortalecia a conexão médium-divindade ainda atua da mesma forma...
O banho de ervas ainda limpa, energiza e inspira...
O respeito e caridade não saem de moda...
Ah! mas mudou sim, há até mais Orixás!
Há, mas a base das 7 linhas ainda é a mesma...
A Umbanda ainda é a mesma!
O que está em plena evolução é o religioso...
E isso até um ponto estava indo bem...
Pois foi realmente bom sairmos da relação de temor...
Foi bom sairmos da postura de submissão...
Saímos do conceito de que nada é inquestionável e etc...
E entramos nessa relação de sermos umbandistas...
Por escolha, por amor!
Mas a “evolução” não parou por ai...

 O umbandista do século 21 não sabe fazer uma firmeza sem tirar uma foto...

É nítida que a maior preocupação é a de ter uma foto bonita...
E não o axé do que está sendo feito...
Mesmo por que se a preocupação fosse o axé... 
Se respeitaria que assentamentos e quartinhas não se mostra...

 O umbandista moderno não respeita o uso das ervas...

Tudo a seus olhos é desnecessário...
A menos que dê uma boa foto!
Banho de ervas pra que?
Só abrir o chuveiro e pedir para Mãe Oxum me limpar!

 Carregar patuá?

Dá trabalho, difícil lembrar de carregar...
Colocar patuá no cordão e carregar no pescoço...
Nem pensar, estraga o visual...
E com essa atitude do umbandista moderno...
Para que o guia vai montar patuá para o filho?
Das poucas vezes que fez patuá para o filho...
O viu sempre esquecido de lado...
Jogado no fundo da gaveta!

 Para o umbandista de hoje, respeitar, dar respeito...

Pedir a bença ao dirigente, bater cabeça no chão...
É vergonha, é opressão, é desnecessário...

 Foi bom nos tornarmos mais questionadores...

O “Porque sim!” 
Para a gente não servia mais!
E com isso aprendemos muito...
Mas hoje estamos nos tornando tão extremamente questionadores...
A ponto de nem mais conseguirmos manter o respeito...
As vezes é preciso ter a fé maior que a logica...
E muitas vezes mesmo sem ter plena compreensão do que está sendo feito...
É preciso confiar, e compreender que a resposta virá no momento certo...
E não quando quisermos que ela venha...
Deve haver um equilíbrio entre o questionar e o respeitar...

 Desnecessário parece ser a palavra de lei do umbandista moderno:

Oferenda, é desnecessário!
Defumação, é desnecessário!
Trunqueira, é desnecessário!
O umbandista tem confundido ter confiança e conhecimento...
Com crer que é autossuficiente!
E que não precisa fazer o básico...
Pois não entende que é o básico, é o banho...
É a oferenda, é a trunqueira que o sustenta de pé...
Que o mantem forte!

 O umbandista de hoje fala de humildade...

Mas é arrogante!
Em 1908 a Umbanda falava aos humildes...
Falava a pessoas simples que não eram aceitas em igrejas católicas...
Por suas vestes simples!
Não eram aceitas nas mesas brancas...
Por sua ignorância intelectual...
Não tinham condições financeiras para frequentar uma roça de candomblé...
E hoje em 2020 a simplicidade é desdenhada por muitos umbandistas... 
As oferendas singelas mas feitas de coração...
São motivo de chacota entre os irmãos de uma mesma corrente...
Temos criado tantas regras e imposições...
Para que nossos consulentes possam ser atendidos...
Que temos nos tornado aquilo que a Umbanda não é!
Um dia Caboclo das Sete Encruzilhadas disse...
Que a ninguém renegaremos!
Mas não é isso que temos feito...
Não sejamos tão saudosistas a ponto de pararmos no tempo...
Ou ficarmos condenando a forma com que a Umbanda é praticada hoje...
Mas aos novos praticantes da religião...
Que são a garantia de futuro e perpetuação da mesma...
É preciso compreender que uma árvore só cresce se tiver boa raiz...
Então valorizemos mais o conhecimento antigo...
Os fundamentos, a base da nossa religião... 