segunda-feira, 22 de março de 2021

 Eu sei que muitos de vocês tão aqui sofrendo pelas perdas, pelas mortes, pelos que se vão e a gente socorre, encaminha, direciona pra onde deve aqui do outro lado. Mas vou dizer uma coisa que quero que fique bem clara pra todos: luto é importante e tem seu tempo de acontecer. Mas se escolherem ficar de luto pela humanidade inteira durante boa parte de seus dias, estarão escolhendo a morte. E quem escolhe a morte tem seu desejo realizado.

Não tem churumelas, como dizem alguns por aí, que salvarão vocês do destino que estão criando. E eu não estou falando praqueles que sentiram na pele a partida de familiares. Eu falo praqueles produtores de lixo, que se escondem com medo de apanhar porque sabem das besteiras que fizeram, que vieram com um propósito e desviaram do caminho. E também pros que chegam aqui precisando de um empurrão. Empurrão Exu sabe dar. E é sempre pra frente.
Ficar pelos cantos no lamento, se entupir de tóxico, reclamar com cara de boi dormido, ficar feito vaca ruminando as mesmas dores, fazer festinha com droga, encher a cara pra esquecer, se embrenhar pelo ódio e pela revolta. Assim vocês escolhem a morte.
À noite tem gente que chega aqui estragado, pedindo colo. Exu não foi feito pra dar colo. Vão pedir colo pra mãe de vocês! Aproveitem pra lavar aquela louça, varrer a imundície, lavar banheiro, ser útil!
Quem vai sofrer as consequências das escolhas são vocês.
Soldado de ferro, de força, não tem jeito de derrubar, só se ele deixar. A moça aí tá sabendo das dores todas que vocês tão vivendo, do cansaço, do sono, das larvas que andam rodeando as casas. E sabe bem como espantar tudo isso porque aprendeu em outras épocas. Quem me lê aqui também sabe, que eu não chego à toa, das onze pra frente, pra falar com qualquer um. Quem me conhece sabe das lidas noturnas, dos calango velho, apodrecido, que chegam pra mim dar jeito por aqui. Sentiu afinidade com o trabalho? Então chega de pé pra trabalhar, e não se arrastando.
É muita necessidade quando chego, e quando chego, tratem de se arrematar, tratem de fazer valer o trato que fizeram antes de vir, antes de encarnar. Põe pra longe a dúvida que aqui, por esses tempos, ela não cabe mais. Planetas de vibração baixa esperam por aqueles que não aprenderam as tarefas, não fizeram lição de casa. Trens imensos, de gente que não quis a luz, mesmo que a gente esfregasse na cara, estão trilhando pra lá.
Alguns não. Alguns desencarmam e ficam por essas bandas, pra ajudar, pela vontade de Oxalá. Preto já falou isso com as palavras dele por aqui, e eu, como servo que sou, estou enfatizando, pra não acharem que trabalhamos separados. Está na hora de vocês aprenderem que cada um trabalha no que pode. Uns põe tinta dentro de caneta, outros escrevem, outros queimam o que foi escrito pra mudar de figura, outros recebem as mensagens dos charutos. Há também aqueles que mexem com mais liberdade no astral. Esses são os Pretos. E os Anjos. E os Ascencionados. Eu aqui lido com o que me cabe, e o que me cabe pesa mais que os pesos todos dessas academias de vocês aí. Então eu digo pra parar de trabalhar tanto músculo, pra parar de botar tanta foto, de picar tanta agulha pra tatuagem, de criar plano mirabolante enquanto que o pão de cada dia, cadê? Cadê as obrigações? Exu sabe que pesa, que dói chegar lá e fazer a coisa simples, o pequeno, o que ninguém mais está fazendo: todo mundo atiçado nas imagens para garantir o futuro, para fazer rodar e multiplicar na marra a moeda que carrega no bolso. Não vai funcionar. Prestem atenção: não vai funcionar enquanto o pequeno não for feito. Vocês vão começar a conversar com os psicólogos de graça que tem aos montes por aí, destravar essa energia parada nos chackras de baixo porque tem muito cancro chegando praqueles que precisam aprender de outro jeito. E que não generalizem nada do que for falado por aqui. Tem muita gente com câncro por aí muito mais iluminada que vocês. Os mistérios dos mundos são tantos que se vocês soubessem da metade, iriam todos pro hospício. Exu vem pra dizer na lata que o que precisa fazer todo mundo já sabe o que é. E se tive de vir aqui é porque não estão fazendo. Deixa de querer pular degrau, que o tombo vai ser ainda maior. O que me é permitido falar eu falo, Nego tá por perto sempre pra moça não ficar com medo, que ela sabe o quanto de porcaria tem pra eu arrumar por todo o lado. Mas o que arrumo é arame torto, pra deixar no formato adequado pras entidades poderem trabalhar. Arame quebrado a gente joga é no lixo, que não tem mais serventia por aqui.
Tomem muito cuidado com o que dizem, com o que aprenderam, e não queiram saber mais do que o necessário. As figuras dos Caveiras, as capas, a escuridão por onde andamos não devem de ser mais sedutores a ponto dos filhos esquecerem do que é simples. Tem gente que ataca sim, tem gente com muita raiva, e essa raiva pode chegar até vocês, e vai chegar. De algum jeito vai chegar. E tem de haver preparo. Se chegou é porque plantaram esse tipo de vibração. Se chegou é porque foi semeado. E não é o povo da Calunga que tem de dar jeito nisso. São vocês mesmos. Povo da Calunga lida com coisa mais embaixo, coisa que chega, mas por outros motivos que não os da plantação. Coisa que chega pra acabar com a Luz. E digo com muita propriedade daqui a todos vocês: esse tipo de demanda quase que não tem mais ao redor de vocês. Então é só trabalhar. É só fazer o que sabem fazer e sossegar, e equilibrar do jeito que foram ensinados. Se ficarem pelos cantos, sem usar o aprendizado que tiveram, o problema não é meu. Tem comida, tem o jeito de fazer a comida. Tem água, tem erva, tem vela e tem os pontos. Já está de bom tamanho.
Ainda vai demorar pra densidade acabar. Ainda demora. Então vão se acostumando e se limpando todo dia pra poder contribuir aqui com a gente. Vão deixar de tentar entender o porquê das coisas e vão começar a fazer mandinga boa pra poder carregar no peito esses selos de soldado que Oxalá colocou aí um dia. É no olhar pro desafio que encontrarão a força. Vão deixar de querer se iludir com fama, com medo, com significados tortos que colocaram na Calunga e na Encruzilhada. E vão também parar de alimentar o ego com palavras que nunca dissemos. Exu não é de ninguém. Exu é trabalhador e não brinca em serviço. O serviço hoje é falar por esse canal, então Exu fala. E fala ainda pra pararem de esperar mensagens sobre o que está acontecendo nas trevas. Exu não existe pra escancarar a lama e botar medo em ninguém. Dêem graças aos céus por não precisarem lembrar, por não precisarem se sujar, por não precisarem se submeter a um karma que não é de vocês. Muita coisa acabou. É passar a régua. É virar a página. É ver que tem coisa melhor. E quando ver que tem coisa melhor, vão dormir com isso na cabeça pra trazer aqui pra nós ajuda verdadeira e não essa tralharada de arame torto, esse bafo de cachaça, essas larvas de pensamento imundo, essa necessidade de colinho.
E não precisam vir sempre não. Ás vezes vocês vão dar uma descansada e repor a energia, do jeito que foram ensinados. Só venham quando estiverem preparados. Como é que faz pra saber? O espírito de vocês sempre sabe.
(Exu João Caveira. Psicografia. 22/03/201, às 11h30)