Se há algo inconfundível dentre os ciganos, é o olhar.
Um cigano pode não estar com suas vestes características, pode, mesmo, não mais seguir sua cultura, mas, sua origem está em seu sangue e, mais, em sua alma, e transparece em seu olhar.
O olhar dos ciganos é penetrante, profundo, ele como que adentra nosso ser e reconhece nossas almas…as vê além daquilo que pretendemos transparecer.
Os ciganos fascinam com o olhar, é um olhar do qual não se consegue fugir, são olhos inescrutáveis…eles podem muito revelar, ou tudo esconder.
Independe da cor, do formato, é algo mais subjetivo, tendo a ver, mesmo, com a forma com que o cigano ou a cigana nos olha. Ele nos desvenda.
Muito se fala sobre esse olhar, seja em músicas, poesias, romances. Machado de Assis já mencionou o efeito desse olhar, ao descrever os olhos da personagem Capitú, em Dom Casmurro, como “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Não que ele julgasse dissimulados os ciganos, mas, porque a própria personagem representava um mistério, uma incógnita, indecifrável, porém muito fascinante.
Ciganos falam com o olhar, sorriem com o olhar, toda a sua história é contada através desse olhar. Um olhar que muito viu, muito viveu, muito decifrou e muito sabe. Esse olhar traz em si o encontro entre passado, presente e futuro. Um olhar onde mundos se encontram.
Um olhar como esse é inconfundível e, uma vez mirado, jamais é esquecido!
Então, se você é cigano ou cigana, sabe o poder que carrega em seu olhar. Se você não é, prepare-se para identificar um autêntico olhar cigano, quando deparar-se com um. Se bem que, na verdade, ninguém jamais estará, realmente, preparado. Um dos grandes atributos do olhar cigano: ele sempre nos surpreende!
Lídia Matos