Exu é um aspecto do Divino que tudo sabe, para o qual não há segredos. A vibração de Exu, indiferenciada, atua em todas as latitudes do Cosmo, não fazendo distinção de ninguém, tendo um caráter transformador, promovendo mudanças justas necessárias para o equilíbrio na balança cármica de cada Espírito. Lembrem-se de que antes da calmaria a tempestade rega a terra, refresca e traz vitalidade, ao mesmo tempo em que constrói, desfaz ribanceiras e quebra árvores com raios do céu. Exu é o princípio do movimento, aquele que tudo transforma, que não respeita limites, pois atua no ilimitado, liberto da temporalidade humana e da transitoriedade da matéria, interferindo em todos os entrecruzamentos vibratórios existentes entre os diversos planos do Universo. Por isso, Exu é considerado o mensageiro dos planos ocultos, dos Orixás, sendo o que leva e traz, o que abre e fecha, nada se fazendo sem ele na magia.
quarta-feira, 17 de março de 2021
O MENSAGEIRO
Nas dimensões mais rarefeitas, Exu se confunde, unido aos Orixás, com o eterno movimento cósmico provindo do Incriado, sendo característica d’Ele, denominação dessa qualidade transformadora impossível de ser transmitida no vocabulário terreno.
A personalização do princípio denominado “exu” guarda certa analogia com a que resultou no deus hindu Shiva – que constitui com Brahma e Vishnu a trindade indiana. Shiva – o princípio do movimento – cria e destrói os mundos ao ritmo de sua dança cósmica (a “dança de Shiva”), enquanto Vishnu simboliza o princípio conservador, que mantém as formas. Dar-lhe identidade e forma concreta de um deus, que poderia ser representado, foi a única maneira de simbolizar um princípio abstrato cósmico, inalcançável para a mentalidade popular. Com Brahma, o criador, e Vishnu, o princípio estabilizante do Cosmo, forma a “trindade” do hinduísmo, que, na verdade, não se constitui de “deuses”, e sim de “princípios” cósmicos, aspectos do Criador.
Grosseiramente, Exu movimenta a energia, não é a energia propriamente: o movimento rotatório do orbe cria as ondas, mas não é a água dos mares.
- do livro UMBANDA DE A a Z - RAMATÍS.
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