domingo, 12 de janeiro de 2020

Ori (iorubá)

Ori (iorubá)

Ori é um importante conceito metafísico espiritual e mitológico para os Yorubás, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ossá e representado materialmente pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado Igba Ori.
Igbá-Orí tradicional yorùbá. Este é um dos muitos modelos, mas basicamente são compostos desta forma. Não usam ǫta (pedra).
Ori, palavra da língua yoruba que significa literalmente cabeça, refere-se a uma intuição espiritual e destino. Ori é o Orixá pessoal, em toda a sua força e grandeza. Orí é o primeiro Orixá a ser louvado, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino.
Orí em yoruba tem muitos significados - o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior (Ori Inu). Espiritualmente, a cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o Ori, não existe um Orixá que apóie mais o homem do que o seu próprio Orí.
Enquanto Òrìșà (em (yoruba) orixá pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro Orixá. Da mesma forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano.
Ǫbàtálá é o responsável pela criação da cabeça propriamente dita, enquanto Ajala é responsável pela modelação da parte da cabeça ligada ao destino. Acredita-se que o Ori e o Odu - signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou atribulações na vida. O trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que nada é necessário despender para reparar a própria cabeça. Assim, para usufruir o sucesso potencial que a escolha de um bom Ori acarreta, o homem deve trabalhar arduamente. Aqueles, entretanto que escolheram um mau Orí têm poucas esperanças de progresso, ainda que passem o tempo todo se esforçando. O Orí, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas Ebori, e orações, Orí é o protetor do homem antes das divindades.
O assentamento de Orí na cultura tradicional iorubá, é composta por uma representação externa (orí ode) enfeitada com muitos búzios, e outra interna (orí inú) também composta por búzios. O sentido filosófico deste assentamento é muito complexo, representando não apenas a cabeça física e espiritual, mas também o destino, estando intimamente ligado à ancestralidade da pessoa.
Ritual para Ori no candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi, Bahia, Brasil. Igbá-orí[1]

Referências

  • Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte
  • Reginaldo Prandi - Revista brasileira de Ciências Sociais,
  • Agô agô lonan: mitos, ritos e organização em terreiros de candomblé da Bahia M de Lourdes Siqueira - 1998 - Mazza Edições