Olódùmarè
Olódùmarè é o Ser Superior dos yorùbá, que vive num universo paralelo ao nosso, conhecido como òrun, por isso Ele é também conhecido como Àjàlórún e Olórun “Senhor ou rei do òrun“, que através dos òrìsà por Ele criado, resolve incumbir um dos òrìsà funfun (do branco), Òrínsànlá, (o grande òrìsà) o primeiro a ser criado, também chamado de Òrìsà-nlá e de Obàtálá, de criar e governar o futuro Àiyé : a Terra, do nosso universo conhecido. Ele lhe entrega o àpò-iwá (a sacola da existência) o qual contém todas as coisas necessárias para a criação, e é aclamado como Aláàbáláàse, “Senhor que tem o poder de sugerir e realizar”. Como a tradição mandava, para todos, antes de iniciar a viagem ele foi consultar o oráculo de Ifá, com Òrúnmìlà, outro òrìsà funfun, e este lhe orientou a fazer alguns sacrifícios a divindade Èsù, mas, se ele já era orgulhoso e altivo, mais ainda ficou, se recusou e nada fez, mas foi avisado que infortúnios poderiam ocorrer.
Òrìsànlá, de posse do àpò-iwá, põe-se a caminhar pelo òrun, para chegar à “porta do espaço”, até então um vazio, que viria a ser o àiyé. Ele é o òrìsà que usa um cajado ritual conhecida como òpásóró, durante o caminho, com muita sede, ele se defronta com o igi-òpé (árvore do dendêzeiro) e com o seu òpásóró, perfura o caule da árvore da qual começa a “jorrar o emu” (vinho de palma), e põe-se a beber, a tal ponto, que cai totalmente embriagado no pé da palmeira e dorme profundamente. O infortúnio começa acontecer.
Odùduwà, outro òrìsà funfun, o segundo criado por Olódùmarè, por conceito “irmão mais novo” de Òrìsànlá, ficou enciumado, porque Olódùmarè tinha entregado a Òrìsànlá o àpò-iwá, e o estava seguindo pelos caminhos do òrun, esperando que ele cometesse algum deslize, o que de fato aconteceu. Odùduwà, encontrando-o naquele estado, apodera-se do àpò-iwá e leva-o até Olódùmarè, narrando o acontecido, e, por este fato, Olódùmarè delega a Odùduwà o poder de criar o àiyé e por “punição” incumbe Òrìsànlá de “somente” criar, moldar e esculpir os corpos dos “homens” no òrun, sob sua supervisão e o proíbe terminantemente de nunca mais beber o emu. Odùduwà, então, cumpre a tradição e faz as obrigações, para se tornar o progenitor dos Yorùbá, do Mundo : Olófin Odùduwà, o futuro Àjàlàiyé.
Desde então a relação tempestuosa entre Odùduwà e Obàtálá perpetuou-se, ora em disputas, discórdias, controvérsias e de outras formas, mas sempre munindo a eterna rivalidade.
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