Mediunidade, todos sabemos que é um dote comum a todos os encarnados, embora seja maior em uns e menor em outros.
Sabemos também que através mediunidade (ou sensibilidade mediúnica) o ser encarnado consegue se comunicar com outros seres já libertos da matéria (situação em que a palavra é mais empregada) e até mesmo com seres ainda encarnados que estejam em outros locais. Essa mesma mediunidade também pode nos pôr em contato com o Reino Elemental e em alguns casos, como já se está estudando, com entidades que se apresentam como extra-terrestres e intra-terrestres.
O tipo de mediunidade mais cultivada no meio espiritualista sempre foi o de incorporação em detrimento de um sem número de outras possibilidades que o ser humano tem em potencial como a de captar e emitir pensamentos, orientações espirituais, a clarividência, a clariaudiência e outras mais que envolveriam inclusive menos gastos energéticos no trato com o mundo não físico e poriam os adeptos em contato mais estreito com seus protetores, na medida em que não precisariam estar incorporados para sentirem e entenderem a aproximação destes. Mas já que é assim, vamos nos basear na mediunidade de incorporação lembrando no entanto que, seja o tipo que for a mediunidade, para ser bem utilizada e o médium poder contar com a ajuda de Guias Verdadeiros, ele tem que ter na mente e nas ações os conceitos de HONESTIDADE e RESPEITO, pois sem isso, mais cedo ou mais tarde, acabará por se tornar presa fácil do Baixo-Astral.
Isso posto, vamos adiante.
O que faz uma pessoa procurar o Espiritismo e, em nosso caso, a Umbanda?
Antes de prosseguirmos vamos dar o real significado da palavra Espiritismo para que alguns apressadinhos não venham a dizer que Espiritismo é só o Kardecismo como eu já ouvi falar.
Espiritismo (está até no dicionário) - Espírito + ismo - palavra formada pelo radical "espírito" (alma ou sopro imortal) mais o sufixo grego "ismo" (crença, escola ou sistema). Doutrina fundamentada na crença da existência de comunicações por intermédio da mediunidade entre vivos e mortos ou espíritos encarnados e desencarnados.
A Umbanda portanto, está enquadrada totalmente no conceito da palavra que não é, de forma alguma, privilégio Kardecista.
Veja bem! Se formos analisar os motivos que levam as pessoas a procurarem a Umbanda (e até mesmo outros grupos religiosos) veremos que estarão invariavelmente dentro de uma das seguintes situações:
1- Estão com problemas de saúde (ou têm alguém conhecido nessa situação) e, não procuraram ainda um médico seja por que motivo for ou já o fizeram até insistentemente sem lograrem êxito em suas tentativas;
2- Estão com dificuldades na vida amorosa, financeira ou familiar, provocadas por perturbações inexplicáveis;
3- São curiosos e querem ver de perto esses "milagres" que dizem acontecer no Espiritismo;
4- Estão passando por problemas que já detectaram como de fundo espiritual e precisam de orientação;
5- Sentiram-se atraídos sem que nem bem soubessem o motivo (caso bem mais raro).
Em qualquer caso acima citado, todos precisarão desde a primeira fase de seu entrosamento com o culto, de orientações claras que lhes possibilitem vislumbrar uma possível solução para seus problemas, e para isso, os responsáveis pelo Templo deverão estar cientes das responsabilidades que assumirão a partir do momento em que se predispuserem a serem seus orientadores.
Em se tratando de pessoas que por quaisquer desses motivos tenham realmente que receber treinamento para trabalharem sua mediunidade (o termo é esse mesmo - receber treinamento) há de se convir que a responsabilidade torna-se ainda maior porque, uma pessoa que se entrega em confiança para que um dirigente ou pai no santo venha a tratar de algo que pode mexer com seu EU mais profundo, o que pode inclusive (se mal orientado) levar a pessoa à loucura, tem que ser respeitada, aprender a respeitar, ser tratada com honestidade e aprender a ser honesta com seus protetores, seus semelhantes, seus Guias etc.
A primeira lição que o médium tem que aprender é a da lealdade e da honestidade. Conforme já disse em texto anterior, o médium que inicia seu caminho sem entender o que é ser honesto consigo mesmo e suas entidades já estará iniciando o caminho com os pés na lama e correndo o risco de afundar em bem pouco tempo.
Todo médium deve compreender que as entidades que lhe acompanham não são "gênios da lâmpada" e que o trabalho que vêm desenvolver está diretamente ligado à evolução espiritual deles e a do próprio médium. Deve compreender também que não é só porque estão "do outro lado" que devem ser compreendidos como deuses ou espíritos santos, pois muitos que lá estão têm mais fácil acesso ao mundo material por estarem ainda muito apegados à matéria e possuírem um corpo astral muito denso. Só isso já indica que podem ser até mesmo muito menos evoluídos que o próprio médium.
O respeito a todas as entidades é fator importante, mas a obediência cega, seja à entidade que for, é imperdoável (a não ser em casos muito especiais e quando essa entidade já deu provas suficientes de que é capaz de orientar adequadamente seus discípulos).
Normalmente um dirigente preparado tem condição de identificar logo no começo o tipo de acompanhamento espiritual que o médium traz consigo e até mesmo de dizer quem é mais e/ou menos evoluído que o aparelho e desse modo, quais as entidades que podem realmente ser orientadoras e quais as que têm que ser orientadas antes de tentarem orientar seja quem for. Sob esse prisma, torna-se imprescindível que se fale (embora eu saiba de antemão que vou contra o que já está especificado como normal) na inconveniência de, médiuns em início de desenvolvimento "darem cabeça" a Exú e Bombogiras que como sabemos, são em vias de regra, entidades normalmente menos evoluídas e por isso mesmo não terem capacidade de agirem como Guias de ninguém.
Se um médium vem ao terreiro em busca de orientações positivas para trabalhar sua mediunidade e sua evolução, tem que ter em mente que sua busca só se tornará realidade na medida em que buscar o acompanhamento de entidades que sejam mais evoluídas do que ele, e que nesse caso precisam ser buscadas mesmo, porque já habitam em planos mais sutis e não têm um acesso tão fácil à matéria como é o caso de Exús, Pomba Giras e outros ainda menos evoluídos.
Na verdade, um médium iniciante só deveria começar a "dar passagem" para Exús após ter obtido contatos realmente positivos com seus reais Protetores e Guias, aos quais caberia, por conseguinte, a orientação dos trabalhos que se faria através de Exú quando se fizesse necessário.
Vamos abrir outro parêntese para deixar bem claro que a Umbanda (e eu particularmente) nada tem contra Exú e Bombogira (ou Pomba Gira) pois o trabalho deles é muito positivo quando são orientados por espíritos superiores, mas que de forma alguma podem assumir a orientação de um filho de terreiro sob o risco de se tornarem uma dupla (ou trinca etc.) de cegos, evolutivamente falando.
Um espírito se encontra na classificação de Exú ou Bombogira porque ainda não alcançou méritos para poder trabalhar dentro de uma das caracterizações aceitas pela Umbanda e desse modo, pertencendo ainda ao Reino da Quimbanda como se sabe, (não há necessidade de explicar isso aqui) vem à Umbanda para trabalhar segundo a orientação de espíritos superiores e através disso alcançar sua própria evolução e até mesmo a possibilidade de vir a trabalhar futuramente como um(a) Caboclo(a), Preto(a)-Velho(a) e até mesmo uma criança.
Pense bem e sem achar que tudo o que se faz hoje é correto apenas porque é o que se faz ou porque lhe disseram que é normal, mas colocando um pouquinho de lógica nos seus pensamentos.
Ainda que mal comparando, se você tivesse dúvidas sobre uma determinada matéria na escola, a quem você procuraria para saná-las? A quem entendesse melhor do que você, ou a alguém que estivesse numa série abaixo da sua? O que um aluno da primeira série pode ensinar de positivo (na matéria em questão) para um aluno da terceira série se ele ainda nem chegou lá?
Exús são altamente positivos quando se trata de resolver trabalhos através de energias bastante densas? - Sim!
Exús são capazes de atuar sobre a matéria física muito mais facilmente que uma entidade do tipo "luminar"? - Sim!
Exús são capazes de curas espirituais? - Sim, sempre que estão trabalhando sob a orientação positiva!
Exús conseguem contato mediúnico mais facilmente que enti-dades mais evoluídas? - Sim!
Qualquer NÃO a perguntas como estas seria hipocrisia ou total desconhecimento sobre como as energias mais densas ou menos densas podem atuar sobre a matéria. Se no entanto as perguntas fossem como as que se seguem:
Exú pode assumir o comando da orientação mediúnica de um filho no santo?
Exú pode orientar um médium por caminhos de real evolução espiritual?
Exú pode determinar como deverão ser os trabalhos para a "coroação" de um médium de acordo com seu orixá?
Exú pode assumir a "coroa" de um médium como se fosse seu orixá?
Para todas estas perguntas a resposta certa é NÃO!
A despeito de todo o carinho que devemos ter para com essas entidades, é preciso que fique bem claro que Exú vem na Umbanda como auxiliar das verdadeiras entidades deste culto. Se hoje em dia vemos por aí, Fulano de Belzebu, Cicrano de Lalu e outros mais, pode ter certeza de que, ainda que queiram se dizer umbandistas jamais o foram ou serão. Exú só assume comando quando o templo é de Quimbanda. Nem nos rituais Afro de raiz, Exú tem permissão para assumir a orientação de quem quer que seja, pois lá eles são considerados mensageiros dos Orixás.
Mas porque estou falando de Exú quando o assunto é preparação de médiuns? Muito simples e um tanto complicado como vamos ver.
CONTINUA ...
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Matéria Extraída do Livro Umbanda Sem Medo Vol I