Um dos emblemas mais conhecidos da Sociedade Rosa Cruz é a Cruz Hermética. Ela nos traz símbolos importantes. - Em seu total é a figura de uma grande cruz do Cristianismo que representa a entrada do homem no processo reencarnatório, na matéria, chamado de Crucificação. Simboliza o momento em que entramos em experiências de dualidades, representadas na cruz pelo braço vertical e horizontal. Em nossa entrada na matéria temos que harmonizar o antagonismo dos opostos. Entendendo-os como frio e calor, tristeza e alegria, ódio e amor e vários outros. No nosso cotidiano temos várias dualidades a serem discernidas Temos aquilo que chamamos de “os dois lados de uma moeda”. Adquirimos algo importante, por outro lado aumentamos nossa responsabilidade, a nossa chance de errar torna-se maior. Se alguém toma um cargo de poder, ele vai evidentemente ter momentos de homenagens, de satisfações, confortos maiores, porém a cobrança do mundo sobre sua pessoa será maior podendo lhe trazer sofrimentos. A intensidade de seu carma, que sendo a lei das ações e reações, se torna maior porque envolve maior energia aplicada. Caso cumpra bem este momento fará o equilíbrio entre satisfações e sofrimentos. Quando alguém adquire conhecimentos, sua responsabilidade perante as leis evolutivas é maior que a do ignorante. Ainda, numa situação lastimosa sempre se perde algo, ou seja dinheiro, ou horas de sono, ou até perda de entes queridos, mas também se pode ganhar algo para o nosso evoluir, seja paciência, entendimento, persistência etc. Caso consiga passar bem por tudo isto terá feito o equilíbrio entre perdas e ganhos.
Na Cruz Hermética encontramos as quatro consciências que estruturam o homem durante suas encarnações: a mental, a emocional, a física e a molecular.
Como parte central desta Cruz estão outros elementos presentes no nosso existir. Bem em seu centro está o ponto da Unidade de onde tudo partiu.
Podemos considerar este ponto como a Mônada individual, Deus em nós como origem de tudo o que somos. Depois temos formando com ele uma rosa de cinco pétalas. Representa nossos 5 sentidos. Através deles estabelecemos contato com o mundo externo em que viveremos. As percepções que temos dele são enviadas à nossa parte emocional e depois a mental para que estabeleçamos conceitos. Caso as percepções que temos do que nos rodeia não forem muito profundas, os nossos conceitos sairão também errados. Depois vemos ali as quatro direções do espaço a que temos de estar ligados São os quatro pontos cardiais. A nossa percepção do mundo material não pode ser unilateral. Com o adiantamento do processo civilizatório precisamos ter ideia do que se passa nos quatro cantos do mundo. Se alguém vive num ambiente bonito, pacífico, fértil e não sabe que do outro lado existe a guerra, a aridez, e a miséria então a nossa percepção sobre o viver da humanidade e o nosso amor por ela estará prejudicado.
Encontramos depois os círculos que rodeiam a rosa interna. O 1º círculo está dividido em três partes. Representa o mundo superior e nos revelam as três forças da Trindade: Vontade, Sabedoria e Amor. No 2° círculo está o mundo intermediário. Nele estão os sete planetas sagrados: Sol, lua, marte, mercúrio, Vênus, júpiter e saturno. No último círculo estão os 12 signos zodiacais que indicam nossas tendências no momento de nosso nascimento, nosso mapa natal. Este três círculos juntos, Trindade, Planetas e Signos, exibem neles as 22 letras do alfabeto hebraico, ou os 22 caminhos da Cabala. Este caminhos são os atalhos que escolhemos trilhar para concretizarmos dez potências que são os dez sephiroth cabalísticos.
Na parte molecular vemos o pentagrama, isto é ,a estrela de cinco pontas o uso mais antigo do pentagramas data de 3.500 AC que foi descoberto pela Arqueologia em cerâmicas da Mesopotâmia. Celtas, egípcios, gnósticos e antigos cristãos adoravam este símbolo para eliminar o mal. Era usado em curas. Já os gregos da Academia de Pitágoras o usavam como emblema de perfeição. O ilustravam no homem perfeito; nas pernas abertas, os pés estão pisando objetivamente a terra a cabeça volta-se para o alto, para o transcendente e seus braços abertos abençoam a humanidade. Como símbolo do homem perfeito sua forma é traçada com uma única linha Esta linha representa a trajetória da nossa evolução. Parte-se do ponto 1 ( parte espiritual), vai-se ao ponto 2 abaixo (forma embrionária), Subimos a lateral direita nº3 (1º plano da existência) nascimento do emocional. Depois vamos a lateral esquerda n°4 (2° plano da existência) nascimento do mental, Seguimos com a linha para baixo novamente ao n° 5 (plano da purificação) por fim retornamos ao número 1 retornando ao espírito.
Na magia negra costuma-se usar o pentagrama invertido que é o símbolo do espírito sujeito à matéria, o homem sujeito aos instintos.
Na Arquitetura templária haviam alinhamentos formando pentagramas geomânticos onde eram construídos santuários e capelas. Porém, durante o período da Inquisição o Pentagrama foi visto como símbolo do demônio por serem usados por grupos perseguidos como heréticos, como os templários. Começou então a ser chamado de “A estrela do Diabo”, a ser relacionado com a magia negra.
Ao lado do pentagrama estão os símbolos dos quatro elementos da natureza e que estruturam o nosso corpo físico: água, terra, ar ,e fogo. Acima do pentagrama encontra-se o símbolo da 5° essência ou o 5º elemento que é na Cabala o éter Yesódico, a quinta essência da matéria. É a parte vital da matéria , o corpo etérico.
Na ponta da parte molecular, estão os símbolos alquímicos manipulados na Alquimia: Enxofre, Mercúrio e Sal. O enxofre era chamado em latim Sulfor. Era o elemento ígneo, chamado” Fogo Criador”. Seria a alma do universo que deseja manifestar-se mas necessita dos outros dois elementos para a sua expressão. A operação alquímica enxofre sobre mercúrio seria o próprio elixir da longevidade e imortalidade. O enxofre não foi usado só em Alquimia, mas também nos ritos de magia negra, nos sabaths medievais, onde o seu cheiro tão forte era aproveitado para evocar seres satânicos. O mercúrio é a matéria volátil, com sua mobilidade expandia no universo a potência criadora do enxofre. Ao gregos personalizavam a força deste elemento em seu deus mercúrio que tem asas nos pés, isto é, se difundia por toda parte. Era o mensageiro dos deuses. O sal fez a matéria primordial se agregar, é o grande mantenedor da forma. O sal, dissolvido no oceano, simbolizava o homem que embora inserido num infinito oceano cósmico do Absoluto pode ser isolado, separado como uma individualidade.
Os três elementos enxofre, mercúrio e sal foram também chamados de “elementos filosóficos” posto que correspondiam na Alquimia à doutrina pela qual o homem é visto como um ser trino onde Criação (enxofre), Expansão(mercúrio), e Manutenção (Sal) totalizam o seu ciclo evolutivo. Para visualizarmos melhor o papel dos 3 elementos imaginemos que queimemos o corpo de um pássaro que morreu. O enxofre seria o fogo, o mercúrio o mercúrio seria a fumaça volátil saída da queima e o sal seria a cinza. A cinza é eterna. O sal como a cinza preserva a primitiva autenticidade, a verdade original de algo. Lembremos Jesus dizendo a seus discípulos: “vós sois o sal da terra”, isto é, cabia a eles preservar a verdade, a autenticidade da sua doutrina. Quando em rituais de magias é jogado sal em braseiros, se quer afastar qualquer coisa que possa perturbar a ideia original do culto, preservar a sua característica.
Esta parte molecular está na Cruz Hermética dividida em 4 partes coloridas que levam as cores do mundo material da esfera de malkuth na Cabala: Amarelo, oliva, castanho e preto
Observando o plano físico encontramos nele a Estrela de Davi também chamado Símbolo de Salomão. É composto por 2 triângulos entrelaçados. Um é o triângulo, da individualidade, outro o da personalidade. É um símbolo judaico e propagou-se na idade média como um amuleto muito benéfico, pois representa o equilíbrio do material (o triângulo de vértice para baixo) com o espiritual (o triângulo de vértice para cima). Ele é rodeado pela representação dos planetas sagrados. Todas as pontas da cruz repetem a ponta da molecular.
Aparece ainda na cruz as letras I.n.R.I. Nos conta a tradição cristã que por deboche soldados romanos pregaram sobre a cruz do Cristo” Jesus nazareno rei dos judeus “. Já os rosacruzianos nos dizem que a sigla I.N.R.I. que vem da frase latina: Ignie Nitrium Roris Inventur que significa: Por meio do fogo se descobre o nitro do rocio ou ainda: A natureza é completamente renovada pelo fogo.