Será que todos sabem o que é um Ebó e suas inúmeras finalidades, e aí pergunto: para que serve o Ebó? É importantíssimo esse entendimento para quem estuda, pratica e vive o Orixá.
Respondemos inúmeras perguntas sobre qualidades de Orixás, fundamentos, lendas, feituras, borís, axés, procuramos desmistificar e dar coragem ao leitor de interagir e familiarizar-se com essa cultura, porém, sem ebó não teremos religião e essa pergunta ninguém fez: Preciso fazer ebó para tomar um Obí? Eborí? Iniciação? Como saber qual ebó devo fazer? Por que tenho que fazer ebó?
Em primeiro lugar precisamos acreditar no Ebó e na pessoa que prescreveu o Ebó e principalmente entende-lo, pelo menos ter um caminho de entendimento. Ter a prova concreta de ter feito o ebó ter melhorado, ou ter se livrado de um perigo, amenizado um situação de queda geral, de acidente, de perigo, de perda, de injustiça, de doença, de mal agouro, de egun, de demanda, de negatividade principalmente.
Existem ebós positivos e negativos, aqueles que se dão caminho e os que não se dão caminho, ebós de odú, ebós que são presenteados, ebós Exú, Ikú, egun, Ebós de carrego, ebós de Axexe, ebós de Osé, ebós abikú, ebós omim, ebós de prosperidade, ebós de lua, sol, chuva, ebós da madrugada, ebós e ebós e tantos ebós de limpeza e preparação até para abrir um jogo de búzios. O ebó não espera um dia ser feito, se foi prescrito tem que fazer o mais rápido ou não faça mais.
O ebó existe permanentemente dentro de um Ilê Axé, no momento que entramos na casa, saudamos a entrada com água para esfriar o caminho, isso é um Ebó.
O Ebó é místico, essa é minha visão, ele tem influencias de Exú e Orunmilá. Na própria confecção do ebó tem a energia de quem está fazendo, arrumando, tem a energia de quem vai passar, de quem vai levar.
O banho de ervas é um ebó de pai Ossãe e é de suma importãncia tomá-lo após um ebó, é o sangue verde das folhas, a essência viva da natureza.
Se faz ebó com apenas um ovo, se faz ebó com apenas uma pedra de ofun ralado, com uma pimenta da costa, se faz ebó com a fé nas coisas simples que é a grande sabedoria Yorubá.
Os iniciados no Orixá tomam ebó sempre e para sempre pois, manter-se limpo é estar em sintonia com seu Orixá, é concebe-lo numa suavidade preponderante em seu axé individual.
Ebó é um procedimento realizado por um sacerdote com finalidades diversas, como saúde, prosperidade, ânimo, força, abertura de caminhos para o amor, abertura de caminhos profissionais, fortalecimento e distribuíção do Axé à pessoa que necessita de uma limpeza espiritual e energética.
Transfere-se para os alimentos e elementos usados na confecção de um específico ebó, a energia maléfica que está na pessoa ou no local, com a ajuda de Exú e dos Orixás.
Não adianta só oferecer as comidas, o segredo está nas cantigas, e na receita, algumas podem ser conhecidas mas a maioria faz parte do segredo do Candomblé. Pode-se fazer ebó para abrir os caminhos para emprego, ebó de saúde, ebó de prosperidade, o que varia é a receita. Existem vários tipos de ebós, mas sempre será feito de acordo com o determinação do jogo de búzios merindilogun.
No jogo de búzios define-se qual orixá será oferecido o ebó, sendo que cada um leva seus ingredientes especiais tais como: a canjica de Oxalá, a batata doce de Oxumaré ou o inhame de Ogun. Há ainda aqueles ebós para afastar espíritos desencarnados que ainda atrapalham a vida de alguns chamado de ebó de Egun, e outros para curar traumas e ajudar no esquecimento e superação de experiências ruins, o ebó de “susto” é para prevenir problemas no futuro.
Não são em todos eles que ocorre a sangria de animais, pois há os chamados ebós brancos ou secos, nos quais não é permitido qualquer sacrifício e os animais utilizados, geralmente neste caso os frangos e galos, são soltos na natureza com vida.
Após o ritual do ebó as folhas sagradas são usadas de forma ordenadas nos banhos liturgicos, podendo ser necessário o uso de água sagrada. Existe uma rígida cartilha a ser seguida para que se tenha resultados, e o sacrifício seja aceito. As proibições denominado de ewo são revelados, por exemplo: a não ingestão de qualquer tipo de carne vermelha nem tão pouco frutas vermelhas ou ácidas (incluindo seus sucos), a abstinência principalmente de praticas sexuais como também beijos e abraços, fica proibido a ida a velorios, hospitais, cemitérios ou mesmo a passagem sob arames farpados ou escadas, a bebida alcoolica é um verdadeiro tabu.
O ritual é largamente praticado em diversas casas e centros religiosos de candomblé e obtém elogios pelos resultados obtidos por seus praticantes