terça-feira, 25 de outubro de 2022

Ninguém morre antes da hora? - Parte I - (Carlos Toledo Rizzini; Fonte: Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec)

 


Ninguém morre antes da hora? - Parte I - (Carlos Toledo Rizzini; Fonte: Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec)




"Para melhor compreendermos sobre as coisas que nos acontece enquanto encarnados vamos primeiro buscar entendimento sobre a Lei de Causa e Efeito (CARMA) e sua relação com Determinismo e Livre Arbítrio. A compreensão destes conceitos aliada ao de Carma é muito importante para o entendimento sobre mortes prematuras ou mortes antes do tempo.
CARMA, palavra muito usada dentro e fora do meio espírita, com certeza tem o seu conceito pouco compreendido. A abordagem que a Doutrina Espírita faz sobre Merecimento, Resgate e Reparação bem traduz a Lei do Carma.

O trecho seguinte foi extraído de artigo escrito por Rita Foelker:

... "Carma" é um termo muito usado e muito pouco compreendido.
A palavra carma não pertence propriamente à terminologia da Doutrina Espírita. Sua origem é o sânscrito, um antigo idioma da Índia.
Nas filosofias hindus, carma é definido como conjunto das ações de uma pessoa e suas conseqüências.
No meio espírita, por exemplo, ele viria substituir a expressão "conseqüências da lei de causa e efeito".
Mas de maneira geral, o carma só é entendido em seu aspecto negativo, o que é um grande equívoco...
Observação: O que diferencia CARMA da LEI DE CAUSA E EFEITO é AMOR, que na segunda, permite o resgaste pela dor ser substituído pelo resgate pelo AMOR.

Entendido o que é CARMA, vamos agora procurar entender o que significam Determinismo (destino) e Livre Arbítrio(escolhas). Para isso vamos nos basear em textos extraídos do livro “Evolução para o Terceiro Milênio”, de Carlos Toledo Rizzini.


DETERMINISMO E LIVRE ARBÍTRIO

Determinismo: é a doutrina que afirma serem todos os acontecimentos, inclusive vontades e escolhas humanas, causados por acontecimentos anteriores. O ser humano então seria destituído de liberdade de decidir e de influir nos fenômenos em que toma parte. O indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer e não poderia fazer outra coisa; a determinação de seus ates pertence à força de certas causas, externas e internas
É a principal base do conhecimento científico da Natureza, porque afirma a existência de relações fixas e necessárias entre os seres e fenômenos naturais. A chuva e o raio não surgem por acaso; a semente não germina sem razão, etc.; há sempre acontecimentos prévios que preparam outros: chove porque houve a evaporação, depois resfriamento e condensação do vapor; e assim por diante. Os mundos físico e biológico são, pois, regidos pelo determinismo - no nível macroscópico

Livre Arbítrio: doutrina oposta ao determinismo, que declara a vontade humana livre para tomar decisões e determinar suas ações. Diante de várias opções oferecidas por uma situação real, o homem, de forma racional, poderia escolher uma e agir livremente de acordo com a escolha feita (ou não agir se o quisesse). Exige, portanto, capacidade de discernir e liberdade interior.

O animal e o selvagem vêem as coisas em função da sua utilidade imediata na satisfação de instintos e impulsos primários; um pedaço de carne desperta interesse havendo fome para acalmar e só para esse fim. O civilizado, porém, percebe as coisas sob múltiplos aspectos; a carne poderia servir para alimentar a criação, ser examinada ao microscópio, dela fabricar-se ácidos aminados para a medicina usar, etc. Tem ele, conseqüentemente, de tornar urna decisão sobre a escolha a fazer. Podemos supô-lo livre para tanto, reconhecendo, contudo, que freqüentemente a condição mental do sujeito impõe restrições ao livre-arbítrio:

irreflexão (impulsividade), hábitos fixos, inércia, imitação, moda, etc. Todavia, essas limitações não chegam a cassar a liberdade por completo nem eliminam a responsabilidade dos atos. Por ter de dormir três horas todas as tardes ou beber, ele sofrerá diminuição da liberdade de decisão e ação, mas é o dono desses hábitos e, daí, o responsável pelas conseqüências do que fizer.
No mundo mental, emerge um novo fator, cujo desempenho é bastante imprevisível, chamado consciência ou faculdade de conhecer a si mesmo. Pelo visto, não é demais supor que o ser humano seja dotado, igualmente, de vontade livre em maior ou menor escala.

Percebemos que, no homem, existem os dois princípios de ação (determinismo e livre arbítrio). Como entender isso? Apelando para um princípio superior a eles. O princípio central da Lei de Deus que é a evolução.
Nos reinos animal e humano inferior prevalece o determinismo. O instinto dá o melhor sem o perigo da escolha malfeita e o selvagem age movido por impulsos semelhantes.
O livre-arbítrio é progressivo e relativo, evoluindo do determinismo físico à medida que a consciência (razão) se desenvolve. Crescendo a razão, aumenta a liberdade de decidir; os padrões fixos de comportamento cedem lugar à opção inteligente. Em suma, o livre-arbítrio é uma conquista evolutiva.

E, com ele, desponta um novo fator moral - responsabilidade ou necessidade de enfrentar as conseqüências dos atos praticados, que a Lei impõe a todos. Existem restrições externas no campo da atuação; o determinismo do mundo material interfere com a liberdade dos atos; ninguém pode impedir a neve de cair ou o vento de soprar, prendendo-o em casa e alterando programas traçados. Além disso, o apego às coisas materiais reduz a independência da ação do espírito.

Mas, em que sentido é livre o espírito humano? Percebemos nitidamente que em vários aspectos, não o é; que há inúmeros acontecimentos inevitáveis, razão do conceito de fatalidade, que devemos reformar.
A liberdade de decidir e agir existe antes da ação ser executada. Posta em movimento o agente prende-se aos efeitos das causas que gerou. Entra em cena a lei de causa e efeito, e da qual não é possível separar nitidamente as questões em pauta. Segue-se daí que a liberdade é condicionada, conforme conceitua Bozzano e que o livre-arbítrio é relativo - pois dependem do que se fez antes.

Gozamos, em graus diversos, de livre vontade e estamos presos ao determinismo. A liberdade reside no presente; podemos agir com independência por meio da faixa de consciente atual, que atende às necessidades da vida presente.
A determinação promana do passado culposo. As causas que geramos no passado pelas próprias ações constituem a área de determinismo, conservada em estado inconsciente.
Temos de reabsorver as conseqüências das más ações, o que a liberdade do presente garante porque, com ela, podemos emitir novos impulsos que venham corrigir os precedentes. Originando novas causas com o bem, hoje, é possível neutralizar as causas pretéritas do mal e reconquistar o equilíbrio.

Muitas situações são armadas contra a nossa vontade: as ações passadas constituem a faixa determinada do destino, da qual não há fuga. Mesmo nas piores condições, esclarece André Luiz (Ação e Reação), como uma prisão em cela, ainda vigora certa dose de liberdade de decidir, que poderá ser empregada para melhorar ou piorar a própria situação conforme o comportamento adotado; podemos sempre, na expiação, agravar ou atenuar nossa posição perante a Lei."

Determinismo e Livre Arbítrio (Artigo 1 de 5) - Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o Terceiro Milênio - Edice
Fonte: Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec