terça-feira, 5 de julho de 2022

Muitos são os métodos oraculares que foram utilizados pelo homem ao longo dos milênios, e muitos são os que ainda sobrevivem.

 Muitos são os métodos oraculares que foram utilizados pelo homem ao longo dos milênios, e muitos são os que ainda sobrevivem.


Muitos são os métodos oraculares que foram utilizados pelo homem ao longo dos milênios, e muitos são os que ainda sobrevivem. A prática de se avaliar o que poderia acontecer no futuro sempre esteve em voga ao longo da História, e pode se basear em métodos com maior ou menor conhecimento de seus mecanismos.

Alguns métodos se baseiam em eventos aleatórios que costumam acontecer junto com eventos reais. Este seria o conceito de sincronicidade de Jung, para o qual não é necessário que haja um mecanismo por trás. Nestes métodos, a interpretação e a intuição têm um papel fundamental, pois são as ferramentas que tornam possível a ligação entre os aspectos oraculares e os eventos reais. Outros métodos se baseiam em mecanismos já conhecidos, e foram trazidos para a ciência em sua forma exotérica, “exata”. Este é o caso dos augúrios para se prever fenômenos naturais (observação de aves migratórias), da observação das entranhas de animais e da coleta de dados históricos e seu uso para construção de cenários futuros (previsões de preços, por exemplo).

De qualquer forma, o Oráculo — no sentido esotérico — acontece como uma conversa entre o Consulente, o Oraculista e o Sistema utilizado. Quanto maior o conhecimento dos símbolos, melhor será a leitura, e a pessoa que está se consultando poderá confirmar ou refutar o prognóstico, detalhando-o da melhor forma, em uma via de mão dupla. Neste sentido, o melhor oráculo é aquele com o qual o Oraculista e o Consulente possuem maior sintonia.

Imagem: pêndulos que podem ser utilizados para divinação.

Por sua vez, o método oracular, assim como seus símbolos, podem ter sido criados ou adaptados pelo próprio Oraculista, com base em sua experiência e em sua biblioteca mental.

 

Tipos de método

Alguns métodos oraculares se baseiam na ordem em que saem os símbolos. Neste caso, são definidos os papeis de cada “casa” na leitura, e esta definição irá direcionar a interpretação. Podem ser escolhidas três casas, por exemplo, correspondendo a passado, presente e futuro. Em outros casos, podem ser definidos campos que correspondem a uma questão que está sendo vista, uma que não está, o papel do consulente na situação, e o papel dos outros na situação.

Imagem: exemplo de estrutura baseada em casas.

Outros métodos se baseiam em posicionamentos. Define-se um espaço de análise, e observa-se a posição dos elementos dentro daquele espaço. Os elementos podem já estar no espaço de antemão (como na Nimbusmancia), ou serem jogados ali, em sorteio (como no jogo de Búzios).

Imagem: exemplo de estrutura baseada em posicionamentos.

Em alguns métodos, cada elemento é lido em separado. Em outros, o que vale para a leitura é a combinação entre os elementos jogados. Em outros, ainda, a leitura individual é aliada à leitura conjunta (por exemplo: quadraturas, triangulações, predominância de um naipe ou de um elemento), e a gama de significados possíveis se multiplica.

Imagem: análise relativa entre os elementos em um mapa astral (calculado por meio do site https://www.astrologia-pt.com/calcular-mapa-astral.html).

Definindo as casas

A primeira etapa quando se define o oráculo a ser utilizado e o método de leitura é a escolha das casas. Dependendo do tipo de peças usadas (ex: cartas ou pedrinhas) pode haver um sorteio, uma distribuição ou um lançamento das peças pelo espaço. Esta definição é importante, e deve ser considerada até o final da leitura, para minimizar o risco de enviesamento de acordo com as opiniões próprias do Oraculista. Definindo-se as casas e o espaço de tiragem, a intuição terá um arcabouço adequado para trabalhar e gerar suas conclusões.

Imagem: borra de café no fundo de uma caneca (neste caso, pode-se aplicar a gratícula de leitura apresentada anteriormente, com quatro quadrantes e três regiões concêntricas).

Definindo os elementos

Os elementos constituem a denominação do Oráculo em si. Se utiliza-se um baralho estruturado com 78 cartas e símbolos específicos, estamos falando de Tarot. No caso de peças de madeira, pedra ou osso, pode-se falar em Runas (na maioria das vezes, utilizam-se as Nórdicas do Futhark). Pode ainda haver diversos Oráculos dentro de cada subtipo, e variações dentro de cada Oráculo.

Porém, de forma geral, pode ser escolhido qualquer conjunto simbólico, bastando-se que se entenda o significado de cada elemento, e que estes formem um conjunto completo de significados. Todas as situações que forem possíveis para aquela leitura devem estar representadas no conjunto, ou devem poder ser depreendidas de algum elemento ou conjunto de elementos. Um conjunto que não contempla alguma situação possível estará incompleto, e tende a resultar em conclusões enviesadas.

Sendo assim, escolhe-se um alfabeto mágico, por exemplo, ou cria-se um conjunto de símbolos. A subdivisão dos símbolos em grupos, como “terra, água, fogo e ar”, ou “positivo e negativo”, pode ser útil, para que se tenha certeza de que todos os lados de uma questão estão englobados ali.

Para saber mais sobre alfabetos mágicos, leia este texto incrível. Mas saiba que a definição dos elementos pode ser bem simples, como a escolha de um conjunto de pedrinhas coloridas (com significados para cada cor), ou uma moeda jogada ao alto para responder perguntas com SIM ou NÃO.

Imagem: runas pirografadas com símbolos alquímicos para divinação.

Definindo as combinações

Após a definição do conjunto simbólico que será utilizado e das casas onde os elementos podem cair, pode ser definida a interpretação das combinações e conjunções entre as peças. Em jogadas que utilizam posicionamento, o surgimento de formas geométricas entre os símbolos pode ser avaliado. Já no caso de um sistema que se utilize de casas, a predominância de um certo tipo de elemento na jogada (ex: saírem somente cartas do Naipe de Espadas, ou apenas cartas do Caminho do Prazer no sistema Naiff) pode ser avaliada para obter algum significado extra.

Em alguns casos, as combinações são o foco da leitura, e não tanto os elementos individuais. Isso ocorre, por exemplo, em oráculos de pedras, ossos ou gravetos, onde se avalia as figuras formadas pelos elementos. Neste caso, o sistema simbólico escolhido será enxergado na leitura não por cada elemento, mas sim pela configuração final de todos os elementos.

Os desenhos podem ser analisados, por exemplo, por meio de proximidade, como na gematria (elementos espaçados, em duplas ou em trios), por meio de disposição geométrica, como na astrologia (elementos em oposição geométrica ou formando triângulos ou quadrados) ou de forma mais elaborada (pó de café formando desenhos, gravetos formando glifos do Futhark ou ossos formando letras do alfabeto latino).

Imagem: pedras de diversos minerais para divinação.