quarta-feira, 6 de julho de 2022

Kether: a Coroa, o ponto mais alto das Sephirot da Árvore da Vida na Cabala.

 

Kether: a Coroa, o ponto mais alto das Sephirot da Árvore da Vida na Cabala.

A Sephirah Kether

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Kether, também conhecida como Keter, é o ponto mais alto das Sephirot da Árvore da Vida na Cabala. Como seu significado é “Coroa”, é interpretada como sendo a mais elevada das Sephirot e a Coroa Real das Sephirot.

Fica entre Chokhmah e Binah (com Chokhmah à direita e Binah à esquerda) e fica acima de Tiferet.

Geralmente, são dados três caminhos para ela: através de Chokhmah, de Tiferet e de Binah.

Kether é tão sublime que é chamada no Zohar de “a mais oculta de todas as coisas ocultas” e é completamente incompreensível para o homem. Também é descrita como compaixão absoluta, e Moses ben Jacob Cordovero a descreve como a fonte dos 13 Atributos Supernais da Misericórdia.

Kether é invisível e incolor.

Características de Kether

De acordo com Bahir: “Quais são as dez expressões? A primeira é a coroa suprema, benditos sejam o seu nome e o seu povo”.

A primeira Sephirah é chamada de Coroa, já que uma coroa é usada acima da cabeça.

A coroa, portanto, refere-se a coisas que estão acima das habilidades de compreensão da mente.

Todas as outras Sephirot são comparadas ao corpo, que começa com a cabeça e passa depois para os membros, como braços, pernas, etc.

Mas a coroa de um rei está acima da cabeça e conecta o conceito de “monarquia”, que é abstrato e intangível, com a cabeça tangível e concreta do rei.

Esta primeira Sefirah representa os movimentos primordiais da intenção no Ein Soph, que é a Fonte das Sephirot.

Ou então é a estimulação do desejo de surgir na vida variada do ser.

Nesse sentido, embora contenha todo o potencial de conteúdo, Kether não contém conteúdo em si e, portanto, é chamada de “Nada”.

É a “Luz Oculta”, o “ar que não pode ser apreendido”.

Sendo o desejo de criar o mundo, Kether é também compaixão absoluta. É o amor de Deus pela Criação já latente antes da própria Criação.

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O nome de Deus associado a Kether é Ehyeh Asher Ehyeh, o nome pelo qual ele se revelou a Moisés a partir da sarça ardente.

É do nome Ehyeh que todos os tipos de sustento emanam, vindos da fonte, que é o infinito.

Kether é o potencial puro das manifestações que acontecem nos outros planos.

Representa em si a própria essência, que é livre e atemporal.

É a gênese de todas as emanações canalizadas pelas demais Sephiroth.

É a Luz Superior e Imanifesta, o Motor Imóvel que gera todo o movimento da criação.

Pode-se considerá-la, em termos de tempo, como o momento zero, a criação em potencial, mas ainda não expandida.

Uma interessante associação, do ponto de vista da ciência, seria compará-la com o que existia antes do Big Bang.

Seu texto no Sepher Yetzirah, grande livro de sabedoria cabalística, é o seguinte:

“O Primeiro Caminho chama-se Inteligência Admirável, ou Oculta, pois é a luz que concede o poder da compreensão do Primeiro Princípio, que não tem começo.

É a Glória Primordial, pois nenhum ser criado pode alcançar-lhe a essência.”

Na Cabala Mística, Dion Fortune descreve Kether como consciência pura, além de todas as categorias, atemporal, um ponto que se cristaliza a partir do Ein Soph e inicia o processo de emanação que termina em Malkuth.

O arcanjo que preside Kethar é Metatron, e a ordem dos anjos que nela habitam é a das Criaturas da Vida Santa (Chaioth ha Qadesh).

Como pura consciência sem forma, é frequentemente comparada com o chakra Sahasrara, o coronário,que reside acima da coroa da cabeça.

No “Liber 777” de Aleister Crowley, Kether está associada aos Quatro Ases do baralho de Tarô,

Também aos deuses Poseidon, Brahma, Wodan, Zeus, À Trindade, ao Tao e ao Elixir da Longa Vida (esta não é uma lista completa das 777 associações feitas por Crowley).

Diz-se que tem um aspecto negativo, na Árvore invertida das Qliphoth, chamada Thaumiel, governada pelos arquidemônios Satanás e Moloch.

Kether também é identificada com os planetas Netuno ou Plutão, com o Atma na Teosofia e no Raja Yoga e com o Khabs am Pekht no misticismo egípcio.

KetherComportamento ético

Moses ben Jacob Cordovero, em sua obra “A Palmeira de Devorah”, discute o comportamento ético que o homem deve seguir, relacionando-o às qualidades das Sephirot, para que o homem possa imitar seu Criador.

A humildade é a primeira, porque, embora Kether seja a Sephirah mais alta, tem vergonha de olhar para sua Fonte e, ao invés disso, olha para as que estão abaixo dela.

Os pensamentos de alguém devem ser puros. A  testa não deve mostrar dureza. Os ouvidos sempre devem se virar para ouvir o bem. Os olhos devem se distanciar de perceber o mal, sempre olhando para o bem. O nariz deve estar livre do fôlego da raiva. O rosto deve sempre brilhar, e a boca não deve expressar nada além de boas palavras.

Os 13 Atributos Supernais da Misericórdia

Treze atributos são associados à Sephirah Kether. A base para isto as discussões entre diversos estudiosos e rabinos, ao longo dos séculos, sobre o seguinte trecho do livro bíblico de Miqueias:

“Quem é comparável a ti, ó Deus, que perdoas o pecado e esqueces a transgressão do remanescente da sua herança? Tu que não permaneces irado para sempre, mas tens prazer em mostrar amor. De novo terás compaixão de nós; pisarás as nossas maldades e atirarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Mostrarás fidelidade a Jacó, e bondade a Abraão, conforme prometeste sob juramento aos nossos antepassados, na antiguidade. (Miquéias 7:18-20)

Os treze atributos são derivados daí e são descritos em grande detalhe pelo rabino Chizkiyah, que elaborou a discussão sobre a simbologia conhecida e ensinada como “o lírio entre os espinhos”, uma frase encontrada no Cântico dos Cânticos 2: 2.

Aqui temos um resumo:

“O segredo da proteção espiritual é revelado através de um discurso ricamente metafórico feito pelo rabino Chizkiyah.

O rabino explica que as forças espirituais que nos protegem e nos vigiam são chamadas de 13 atributos da misericórdia.

Eles são transmitidos ao nosso mundo físico através das 13 primeiras palavras da Torá. Quando os julgamentos são decretados contra nós, essas 13 forças podem nos proteger de sua influência.

Começamos a atrair esta luz de proteção para nós mesmos no momento em que começamos a navegar e contemplar as formas e sequências místicas do texto aramaico e a aprender as ideias espirituais apresentadas ali.”

Assim, somos como um lírio entre espinhos. Uma flor delicada.

Mas Deus nos protege dos espinhos da vida e do mundo através de sua grandiosidade, bastando para isso que nos conectemos a ele, o que pode ser feito pelo contato com textos sagrados.

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