terça-feira, 5 de julho de 2022

A Roda do Ano é uma série de celebrações ritualísticas referentes ao ciclo Solar através das estações do ano.

 A Roda do Ano é uma série de celebrações ritualísticas referentes ao ciclo Solar através das estações do ano.


Francisco Goya — El Aquelarre ( Witche’s Sabbath)

O Mito da Roda do Ano

Centrada na relação entre o ciclo solar, associado ao Deus, e sua relação com a Deusa, que hora é sua mãe, e hora é sua consorte, a Roda tem seu início e fim em Samhain, considerado o ano novo celta, e, apesar de haver controvérsias em relação a isso, sabe-se que este era o portal para a metade escura do ano, onde o Deus, após ter doado toda a sua vitalidade para as colheitas, recolhia-se no submundo, encontrando a Deusa em seu aspecto anciã e seu caldeirão da vida e morte.

A Roda do Ano e a Lei da Correspondência

“O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora.”

A segunda Lei Hermética afirma que a realidade experienciada no mundo externo é análoga à realidade experienciada no mundo interno, dentre outros aspectos desse princípio. Isso significa que o movimento sazonal pelo qual passa a natureza encontra correspondência simbólica com os movimentos psíquicos humanos.

As Above, so Below — Jodie Muir

“Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida, e você vai chamá-lo de destino”. C.G. Jung

As Celebrações e Rituais

Hemisfério Norte ou Hemisfério Sul?

Roda do ano do Hemisfério Sul

Muitos dos feriados cristãos que conhecemos hoje em dia, como o Natal, a Páscoa, festas de São João e Halloween, são apropriações dessas datas pagãs.

Enquanto um povo domina outro, um dos fatores determinantes para que essa dominação tenha sucesso a longo prazo é a dominação cultural, e alguns hábitos e festas não seriam facilmente abandonados por seus praticantes, fazendo com que a Igreja incorporasse essas datas, sob uma roupagem bíblica, permitindo que os povos dominados pudessem continuar suas comemorações tradicionais, ao mesmo tempo em que se adequavam à mitologia e crença cristã em expansão.

As duas metades do Ano

O ano é observado como contendo duas metades. A primeira delas é referente aos ciclos e energia lunar, onde as noites são mais longas do que os dias e os conteúdos do subconsciente vêm à tona, trazendo a sensação de estar imerso em névoas, um vazio caótico como o caldeirão da Deusa. Nesse período é normal que sejamos confrontados por padrões de comportamento e ciclos viciosos que repetimos o tempo todo, e a tomada de consciência sobre isso implica em ações a serem tomadas, por isso os rituais dessa metade do ano são geralmente orientados ao contato com seus ancestrais, divinações e rituais de proteção e banimento, tanto de coisas externas, mas, principalmente, da realidade interna que origina os pontos identificados como nocivos na realidade externa.

“Quem quer que negue a existência do inconsciente está, de fato admitindo que hoje em dia temos um conhecimento total da psiquê. É uma suposição tão falsa quanto a pretensão de que sabemos tudo a respeito do universo físico. Nossa psiquê faz parte da natureza, e seu enigma é, igualmente, sem limites”. – C.G. Jung

Rodar com a natureza é se propor a mergulhar na linguagem simbólica do próprio subconsciente e trazer a si mesmo de lá, renascendo e morrendo como o Sol e amparado pela Lua, é organizar o fluxo das suas pulsões e passar a notar os padrões. A vida é cíclica, ininterrupta, espiral.