segunda-feira, 6 de junho de 2022

Oxum dança para Ogum na floresta e o traz de volta à forja.

 

 Oxum dança para Ogum na floresta e o traz de volta à forja.


Nenhuma descrição de foto disponível.Oxum dança para Ogum na floresta e o traz de volta à forja.

Perante Obatalá, Ogum havia condenado a si mesmo a trabalhar duro na forja para sempre.
Mas ele estava cansado da cidade e de sua profissão.
Queria voltar a viver na floresta, voltar a ser o livre caçador que fora antes.
Ogum achava-se muito poderoso, sentia que nenhum orixá poderia obriga-lo a fazer o que não quisesse.
Ogum cansado do trabalho de ferreiro abandonou tudo e partiu para a floresta.
Logo que os orixás souberam da fulga de Ogum, foram ao seu encalço para convencê-lo a voltar para a cidade e para a forja, pois ninguém podia ficar sem os artigos de ferro de Ogum, as armas, os utensílios, as ferramentas agrícolas.
Mas Ogum não ouvia ninguém, queria ficar no mato.
Simplesmente encostava todos da floresta.
Todos lá foram, menos Xangô.
E como estava previsto, sem os ferros de Ogum, o mundo começou a ir mal.
Sem instrumentos para plantar, as colheitas escasseavam e o povo já passava fome.

Foi quando uma bela jovem veio a assembleia dos orixás e ofereceu-se a convencer Ogum a voltar à forja.
Era Oxum a bela jovem voluntária, tão jovem, tão bela, tão frágil.
Ela seria escorraçada por Ogum e até temiam por ela, pois Ogum era violento, poderia machuca-la.
Oxum insistiu, disse que teria poderes de que os demais nem suspeitavam.
Assim, Oxum entrou no mato e se aproximou do sítio onde Ogum costumava acampar.
Usava ela tão somente cinco lenços transparentes presos a cintura em laços, como esvoaçante saia.
Os cabelos soltos e os pés descalços....
Oxum dançava como o vento e seu corpo desprendia um perfume arrebatador.
Ogum imediatamente foi atraido, conquistado pela visão maravilhosa, contudo se manteve distante.
Ficou à espreita atrás dos arbustos e de lá
admirava Oxum embevecido.
O tempo todo Oxum dançava e se aproximava de Ogum mas sempre fingindo que não o via.
A dança e o vento faziam flutuar seus cinco lenços da cintura.
Oxum o via, mas fazia de conta que não o via.
Oxum dançava e enlouquecia Ogum.
E ela o atraía para si e ia caminhando pela mata, sutilmente tomando a direção da cidade.
Ogum não se dava conta da estratégia da Oxum.
Ela ia na frente, ele a acompanhava inebriado.
Quando Ogum se deu conta, eis que se encontrava ambos na praça da cidade.
Os orixás se encontravam todos lá e aclamação o casal em sua dança de amor.
Temendo ser tomado como fraco, enganado pela sedução de uma mulher bonita, Ogum deu a entender que voltara por gosto e vontade própria.
E nunca mais abandonaria a cidade e a sua forja.
E os orixás aplaudiram a dança de Oxum.
Ogum casou-se com Oxum.
Ogum voltou à forja e os homens voltaram a usar seus utensílios e houve plantações e colheitas e a fartura acabou com a fome e espantou a morte.
Oxum salvara a humanidade com sua dança de amor.

Reginaldo Prandi