Ònirá Gbó Ebé Mi - "Senhora de Ìrá, ouça meu clamor"
Na cidade de Ira, morava o rei de Ira, que tinha muitas esposas, porém não tinha amor por nenhuma delas, as achava burras porém elas eram ótimas tecelãs, e mentiam a economia do reino. Então ele chamou seu Conselheiro e pediu que fosse a todas as aldeias atrás da mulher mais bela e prendada.
O Conselheiro seguiu de aldeia em aldeia atrás da suntuosa esposa que o Rei tanto queria e após andar muitas léguas, o Conselheiro já com sede, viu de longe uma jovem, carregando na cabeça uma trouxa, então ele correu em direção a ela e pergunta se ela tem um pouco de água para lhe dar. A moça no mesmo momento tira de dentro da trouxa uma cabaça com um pouco de água e serve o Conselheiro.
Vendo a atitude doce e gentil, o Conselheiro consegue ver que a moça era nobre, além de bela, porém só faltava o principal, o fator que a diferenciasse das outras. Ele decide então conversar com ela, e a leva imediatamente para a cidade de Irá. Chegando lá, todas as candidatas mostravam seu dotes ao rei, e quando chegou a vez da moça, ela se apresenta ao rei:
- Sou aquela que será a rainha de Ira, sou filha do vento e da água.
- E tú o que tens a mostrar? - Diz o rei sem muita paciência.
- Sei que o povo de Irá é famoso por seus tecidos de cores diferentes, porém não conseguem fazer todas as cores - diz ela de olhos baixos.
- Como ousa dizer isso, não existe no mundo quem consiga reproduzir as cores que existem na natureza.
- Sim, existe alguém capaz disso! - Fala a moça.
- Então mostre!
A moça tira de sua trouxa o camaleão, e o coloca em cima de sua roupa e o animal então se torna da mesma cor, e assim em tudo que ele encosta. O rei fica maravilhado com a inteligência da moça, e a torna a rainha de Ira, sendo chamada a partir daquele momento de Onira. E foi assim que ela subiu ao trono se tornando uma das mais notórias rainhas Africanas.
Onira é muito confundida com Oyá, mas ela é um Orisá independente.