segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

MÉDIUM E MEDIUNIDADE - PARTE I (Extraído do livro Diálogo com as Sombras/Hermínio C. Miranda)

 

 MÉDIUM E MEDIUNIDADE - PARTE I
(Extraído do livro Diálogo com as Sombras/Hermínio C. Miranda)

Nenhuma descrição de foto disponível.Médium - (do latim, meio, intermediário). Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens.
Revelando o cuidado e o extraordinário poder de síntese que Kardec sempre demonstra, essa definição é um primor de clareza. Vemos por ela, que o médium é uma pessoa, isto é, um ser encarnado, sujeito, por conseguinte, às imperfeições e mazelas que nos afligem a todos e, portanto, tão propenso à queda quanto qualquer um de nós, ou talvez mais ainda, porque dia capacidade de sintonizar-se com os desencarnados o expõe a um grau mais elevado de influenciação.
Sabemos, por outro lado, do aprendizado espírita, que a mediunidade, longe de ser a marca da nossa grandeza espiritual, é, ao contrário, o índicio de renitentes imperfeições. Representa, por certo, uma faculdade, uma capacidade concedida pelos poderes que nos assistem, mas não no sentido humano, como se o médium fosse colocado à parte e acima dos vis mortais, como seres de eleição. É, antes, um ônus, um risco, um instrumento com o qual o médium pode trabalhar, semear e plantar, para colher mais tarde, ou ferir-se mais uma vez, com a má utilização dos talentos sobre os quais nos falam os Evangelhos. O médium foi realmente distinguido com o recurso da mediunidade, para produzir mais, para apressar ou abreviar o resgate de suas faltas passadas. Não se trata de um ser aureolado pelo dom divino, mas depositário desse dom, que lhe é concedido com confiança, para uso adequado. Enfim: "o médium utiliza-se de uma aptidão que não faz dele um privilegiado, no sentido de colocá-lo, na escala dos valores, acima dos seus companheiros desprovidos dessas faculdades.
Quanto mais ampla e variada as faculdades, mais exposto ficará ao assédio dos companheiros invisíveis que se opõem ao seu esforço evolutivo.
De certa forma, isso é válido para todos nós, mas aquele que dispõem de faculdades mediúnicas estão como se tivessem devassado o seu mundo interior a seres desconhecidos e invisíveis, que podem ser bons e amigos, como também podem ser antigos e ferrenhos desafetos ou comparsas de crimes hediondos.
Isso me faz lembrar um filme que vi há algum tempo:

"O jovem herói, pelo esforço de um trabalhador social compreensivo, que acreditava na capacidade evolutiva do ser humano, obteve liberdade condicional. Estivera alguns anos na prisão, em virtude da prática de assaltos audaciosos, bem planejados e, naturalmente, muito rendosos finaceiramente. Fora o líder de seu grupo, o cérebro da organização, o planejador eficiente e hábil que facilmente submeteu todos os demais à sua vontade. Ao sair da prisão, deseja esquecer o passado tenebroso, encontrar o amor na pessoa de uma jovem, e dedicar-se ao trabalho humilde, de baixa remuneração, mas honesto. É nessa fase de reconstrução íntima e esforço regenerativo, que os antigos comparsas o encontram. Começa o cerco, o assédio, com propostas, ameaças, e adoce cantilena do êxito material. Tudo é tanto para afastá-lo do caminho da recuperação. Qualquer ardil serve, qualquer pressão, envolvimento ou oferta. Vale tudo. Seus ex-companheiros de crime desejam-no de volta aos prazeres, às loucuras, a irresponsabilidades. "

A semelhança com a situação do médium é impressionante. Seus comparsas não se conformam, e, das trevas onde se escondem, buscam+no incessantemente. Isso é particularmente agudo quando a mediunidade começa a desabrochar. Os primeiros manifestantes são, quase sempre atormentados seres do mundo das dores, obsessores impiedosos, veedugos que não desejam deixar escapar a presa pelos portões do trabalho regenerador. Ou, então, são associados de outros tempos, que por muito séculos planejaram e executaram juntos crimes inomináveis.
O médium, mais do que aqueles que não dispõem da faculdade, é um ser em liberdade condicional. Cabe a ele provar que já é capaz de fazer bom uso dela. A tarefa não é fácil, porque, como todos os nós, traz em si o apelo do passado, as "tomadas" para o erro, as cicatrizes, mal curadas, de falhas dolorosas, o peso específico que o arrasta para baixo, tentando impedir que ele se escape como um pequeno balão, para o azul infinito da libertação espiritual. Mais do que qualquer um de nós, ele precisa esta vigilante, atento, ligado a um bom grupo de trabalho, compulsando livros doutrinários de confiança, observando suas próprias faculdades, corrigindo, melhorando, modificando, eliminando, acrescentando.
(...). ESTUDE, LEIA, VIVA COM SIMPLICIDADE, VIGIE SEUS SENTIMENTOS como qualquer um de nós. PARTICIPE DA LUTA DIÁRIA, ENFRENTE OS PROBLEMAS DA EXISTÊNCIA: PROFISSIONAIS, FAMILIARES, SOCIAIS, HUMANOS, enfim. Não lhe faltarão recursos, assistências, informações e, acima de tudo trabalho mediúnico, que é da essência mesma do seu compromisso.