sexta-feira, 13 de agosto de 2021

VOCÊ SABIA? Chico : sob o fio da navalha

 

VOCÊ SABIA?
Chico : sob o fio da navalha


Pode ser uma imagem de 1 pessoa, barba, em pé e área interna"Chico estava psicografando "Nosso Lar"*. Numa das raras pausas que se permitia, saiu para fazer a barba. O barbeiro era dos antigos. Metódico, colocou-lhe a toalhinha sob o queixo, ensaboou-lhe o rosto. Esta rotina ordeira foi interrompida na primeira raspada:

- Chico, estou sentindo muita tonteira. Parece que vou desmaiar.
Posto em descanso no relativo conforto da cadeira, olhos cerrados, Chico inquietou-se, abriu os olhos e viu um espírito trevoso que enleava o barbeiro, dizendo-lhe aos ouvidos:
- Corta a garganta dele... corta.

Com o fio da navalha sobre o pescoço do Chico, o pobre homem não via nem ouvia o espírito, mas sofria-lhe as influências. Daí, aquelas sensações estranhas, o afrouxamento dos controles. Voltou a dizer:
- Chico, não sei se vou dar conta de terminar sua barba.
- Não se preocupe, meu irmão. Barba é assim mesmo, a gente faz quando dá certo. Se não der hoje, a gente faz amanhã.

Naquele momento, conta o Chico depois de uma pausa na conversa, tudo o que eu queria era que ele tirasse a navalha do meu pescoço.
Concluindo, explicou que eram as trevas querendo impedir que "Nosso Lar" * fosse concluído e viesse à luz espargir luz".
...
Outro Relato da Mesma Passagem:

(…) Certa feita, Chico estava fazendo sua barba numa barbearia. No transcurso do fato, ele percebeu que o “barbeiro” – antigamente esse era o nome da profissão – estava com uma expressão muito esquisita. Apresentava a face avermelhada, leves contorções e até mesmo espasmos. Chico visualizou, então, uma entidade sombria envolvendo o barbeiro no intuito de que ele lhe cortasse sua veia aorta com a navalha.

Chico ficou perplexo. Ele não sabia se levantava da cadeira abruptamente, se ficava quieto ou se orava.(…) Chico orou com tanto fervor – pois temia estar próximo da desencarnação – que, passados alguns minutos, adentrou na barbearia uma entidade muito alta, com uma voz forte e com sotaque dos companheiros do sul do país. Esta entidade dirigiu-se ao obsessor de navalha e fez-se viril. ”Uê,Che! O que fazes aqui? Perdendo tempo com esses homens de saia?” – referia-se aos trajes do barbeiro , e à alma cândida de Chico – “Vamos embora já daqui, pois muitas raparigas nos esperam”. Quando os espíritos se afastaram do ambiente, após alguns minutos, o barbeiro, voltando a si do pequeno transe, desculpou-se com o Chico, afirmando que tivera um mal súbito, além de ter “se sentido possuído por uma força descomunal, que ansiava rasgar-lhe a pobre garganta”

“Coitado do barbeiro!”, disse o Chico.

Emmanuel se fez presente e lhe confabulou sobre as preces ouvidas e prontamente atendidas por um espírito que, se ainda não se engajara totalmente no bem, apesar de seus hábitos ainda comprometidos, acabou sendo um instrumento para livrar a garganta de Chico de uma navalha escorregadia.
...
(Livro: Momentos com Chico Xavier - Adelino da Silveira - Editora GEEM).
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(*) Nosso Lar é uma obra psicografada, e o primeiro dos treze livros da série espírita A Vida no Mundo Espiritual, também conhecida como Série Nosso Lar, criada pelo médium brasileiro Chico Xavier.

Lançado em 1944, o romance Nosso Lar é um clássico da literatura espírita brasileira, que versa sobre os primeiros anos do médico André Luiz, após sua desencarnação, em Nosso Lar, uma colônia espiritual onde se reúnem espíritos para aprender e trabalhar entre uma encarnação e outra. O romance levanta questões acerca do sentido do trabalho justo e dignificante, e da Lei de causa e efeito, a que todos os espíritos, segundo o espiritismo, estão submetidos.
Por Amilcar Sobreira .