*Oyá Topé*
A Senhora do Eco e do Fogo
Fundamentos de Oyá Topé
Topé é uma expressão que significa "Eco". Dizem que ela só ouve os pedidos de seus filhos se estes forem feitos com voz alta. Topé é a Oya mais próxima a Exú Iná (Exu do fogo/ Iná=fogo em yorubá), é uma Oya quente e perigosa por ser demasiadamente ligada ao fogo.
Esta é uma Oya do Fogo, Oyá Topé é o fogo que temos dentro de nós, é o acalanto do amor e a explosão da Fúria. Pode ser exagerada ou simples, ela pode mudar de gosto e opinião facilmente.
Assim como oscilam as labaredas, oscila Oya Topé. Esta Oya se veste somente de vermelho vivo e marrom, tem enredo com Exu Iná, Xango Barú, Ogun Xorokê e Ogun Akajá. Carrega muitas pulseiras (idés de cobre), braceletes de cobre, peitaca, usa adê (coroa) de cobre enfeitada de pedras e com chorão, traz adaga de cobre enfeitada de pedras vermelhas, eruexim de pelo escuro.
Não gosta de nada que seja frio e sem vida. Seus filhos são muito apreciados para trabalhos com fogo, defumação, e para trabalhos que envolvam Exu, podem ter cargos na casa de Exu, serem responsáveis pelo Ipadê, responsáveis pela casa de Exu e todos os rituais que sejam feitos para Exu. Devem usar além de fios de Oyá, usar fios de Exu, Xango e Ogun.
Seus adjuntós podem ser Exu, Xango, Ogun, e em raras vezes Oxossi. Independente do adjuntó, Exu Iná deve ser montado para que esta Oyá tenha caminhos e para
que sua vida seja sempre iluminada e com movimento. Um não caminha sem o outro e vice versa. Este Exu é montado na tabatinga vermelha com elementos vermelhos e folhas muito quentes, e dentro dele vão 9 brasas acesas na montagem. Cada vez que ele come, uma brasa é acesa e deixada em cima dele para comer junto.
Ela responde nos odus Okanran (1) , Etaogunda (3), Ossá (9), Owarin (11) e Ejilaxeborá (12).
Esta Oya tambem pode carregar o Ajerê. Quando se recolhe Iyawos desta Oya, no roncó o fogo deve estar sempre aceso, quando ela come, um Ajere deve estar sempre aceso ao lado de seu Igbá, e recebe um pouco do ejé (sangue) das matanças.
Come com muito azeite de dende, recebe acarajés, ekurus, abaras. Gosta de receber tudo em quantidade de 11, mas tambem recebe em numero de 9 como é de costume oferecer as Oyás. Seus acarajés devem ser fritos com um grao de ataré colocado em cima do bolinho na hora da fritura.
Para esquentar esta Oyá se passa dendê quente em seus chifres de búfalo no igbá.
Pode ser assentada no barro ou na louça. Em todos os orôs desta santa, enquanto a matança é feita a Iyawo fica sentada com seus pés em cima dos chifres de búfalo untados de dendê quente e segurando nas mãos um alguida com 11 brasas acesas. Um pouco do Óleo da fritura dos acarajés desta Oya, é usado para fazer o padê para Exu Iná. Este é o segredo deste Exu.
Oferendas à Oyá Topé
Acarajé de fogo e padê quente à Exu Iná:
Fazer 11 acarajés no dende com atare, com um pouco do oleo fazer um pade para Exu. No fundo de um alguida colocar o pade, em cima do pade os 11 acarajés em pé e no meio de todos os acarajés colocar uma brasa acesa, rodar com alegria e cantando para oya, exu e xango, e entregar aos pés dela.
Limpeza da casa com Oyá Topé:
Acender num alguida 11 brasas acesas, jogar em cima 11 grãos de atares, e cruzar o fogo nos 4 cantos da casa, dos fundos para frente. Deixar apagar sozinho no portão da casa. Jogar no telhado da casa 11 acarajés pequenos fritos no dende para que Oyá cubra e aqueça o Lar.
Para Oyá Topé afastar o mal, feitiços, Eguns e descarregar seus filhos:
Preparar 11 ekurus. Nos pés de Oya, passar 11 folhas de peregun vermelho e 11 galhos de para-raios, colocar dentro do alguida forrando, passar os 11 ekurus no corpo e colocar no alguida em cima das folhas, regar com dende quente, e jogar em cima 11 grãos de ataré. Acender uma vela branca ao lado, e após a vela queimar, despachar tudo na encruzilhada ou no bambuzal.
Lenda de Oyá Topé e Exu Iná
Exu Iná era feito de fogo, como uma chama que nunca apagava. Tudo que ele tocava queimava e por isso vivia só. Ele desejava ter uma família e que pudesse conviver sem machucar os que dele se aproximassem.
Exu Iná nasceu no dia em que o primeiro raio bateu na terra, o seu fogo veio desse calor. O Orixá dos raios era Xango, então Exu Iná foi até ele pedir ajuda para apagar seu fogo. Xango disse que nada podia fazer, mas que Exu Iná fosse ver Orunmilá, somente Orumilá tinha resposta para tudo.
Exu Iná foi ver Orunmila e ele lhe disse que em Nupê havia uma feiticeira chamada Topé (o nome Topé é um termo usado para o som do eco) que sabia manipular o ar e os ventos poderiam abafar o fogo, e que ele levasse dendê para ela, pois Topé ama azeite de Dendê.
Quando Exu Iná chegou na casa de Topé ele teve de gritar o nome dela nove vezes, pois Topé responde no Eco, na multiplicação. Ela então saiu e se mostrou, uma negra exuberante, com roupas vermelhas e marrons e muitas pulseiras de cobre, Exu Iná ficou paralisado ao ver tão bela mulher. Ele contou para ela sua situação e ela resolveu ajudar. Costurou para ele uma manta de couro de búfalo e jogou sobre ele, o abafamento da manta apagou o fogo, enquanto ele se cobrisse com aquela manta o fogo não reacenderia.
Exu Iná ficou muito feliz e muito grato a Topé, ele entregou para ela o jarro com dende, Tope abriu o jarro e então Exu Iná lhe deu mais um presente, ele cortou um pedaço de sua pele e jogou para Topé para que ela sempre tivesse uma chama, mas por acidente a pele flamejante de Exu Iná caiu no jarro de dende e isso causou uma explosão de fogo que se misturou ao Asé de Topé e nisso a pele de Exu Iná, o Dende e o fogo se tornaram parte dela, ela se transformou em uma labareda, uma chama viva, seu interior é puro fogo.
SIMBOLOGIA:
Mọ̀njọ̀lọ̀: fio de contas de corais vermelhos. Dia: quarta-feira, bom para negócios.
OFERENDA:
Ẹranle abo: carne de cabra no dendê.
CORES:
Vermelho e branco que simbolizam ação e atraem popularidade.
CARACTERÍSTICAS DO ORIXÁ:
Ọya Tọ́pẹ́ é uma das denominações de Ọya-Yánsàn. Ela recebeu esse título quando Ògún Alágbẹ̀de, o Òrìṣà que iniciou a confecção de todos os objetos de metais, lhe presenteou com a Idà irin pupa (espada em metal vermelho - cobre), por isso, Tọ́pẹ́ (habilidosa e agradecida).
Texto: Egba Nigeriano
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