segunda-feira, 14 de junho de 2021

CAMINHOS DE OXUM

 CAMINHOS DE OXUM

ABAE OU MABE - Tem ligação com Yemanjá.

ABALU ou ABALO - a mais velha de todas, considerada velha e decrépita e envolvida em ações misteriosas e obscuras relacionadas, talvez, à prática da feitiçaria. Tem numerosos filhos e netos. É severa e autoritária É muito ciumenta e adora receber hortênsias como oferenda. Sua ligação com Omolú o Orixá da peste, tido como o médico dos pobres, é notável e segundo dizem, acompanha este Orixá em suas andanças pelos quatro cantos do mundo. Guardiã do Iyawô no período de kelê, sendo considerada a dona do kelê. Neste período deve-se sempre manter uma vela acessa reverenciando Osún para que tudo transcorra bem. Veste-se de cores claras,(azul-claro) usa abebé (é a verdadeira dona do leque e sempre se apresenta com ele) e alfange, tem ligação com Nanã, Oyá de culto Igbalé.Come com Yemanjá no rio ou na lagoa. Carrega Ogum. Tem ligação tb com Omulu e Oxossi.

ABOMI OU OMI OU OMIN OU LOMIN - Um dos nomes ou qualidades de Oxum que significa 'Senhora da água'. Suas filhas têm o direito de usar o Jogo de Adivinhação com até 16 búzios. Não tem ligação com os demais Orixás. É considerada uma das mais velhas, devido ao longo tempo de culto.

ABOTÔ OU YABOTO OU BOTO OU OSOGBO OU OGBO - Aspecto maduro da orisá. Feminina e coquete. Muito bonita e vaidosa. Relacionada ao parto e ao nascimento, ajuda as mulheres a terem filhos. É a origem de Oxum. Seu culto é realizado nas nascentes dos rios. É a Oxum das nascentes e dos encontros das águas doces e salgadas. Ela deu origem ao nome da cidade de Osogbo. Tem fundamentos com Yemanjá e Oxalá. Geralmente seus filhos são Àbìkús. É a ela que devem se dirigir todas as mulheres que queiram dar à luz ou que procuram saúde para toda a gestação. É a Oxum que ajuda as mulheres durante o parto a terem os seus filhos. Veste-se predominantemente com o branco e alguns detalhes amarelos ou amarelo ouro e azul-claro.; Oxun Oxogbô assiste a mulher na hora do parto, desempenhando aí, a função de parteira.

ADOLÁ - Senhora dos cabelos, representa a beleza feminina e o adorno facial. Tem como protegidos todos que dependem dos cabelos para sobreviver. A esta Ósún é entregue os cabelos de um Iyawó quando ele completa um ano de feitura.

AJAGURÁ ou AJAGIRA - Senhora de todas as aves de penas coloridas e aves aquáticos e terrestres. Responsável pelo Ekodidé e pela hora da apresentação do Iyawô a sociedade.Tem um enredo com Aganju, uma qualidade de Xangô mais carregado e ligado ao fogo. Jovem e guerreira. Pertence à nação nagô.

AKURA IBÚ - A inconstância do caráter feminino é representada por Akura, que se faz presente nos locais de encontro das águas do rio com as do mar.

APARÁ ou OPARÁ - a mais jovem de todas com instinto guerreiro, confundindo-se muitas vezes com IANSÃ. Dona dos objetos cortantes, sendo dona da navalha. Esta fase de Osún tem duplo caminho, sendo que uma tem fase Oyá e a fase Ogún. Quando vem na fase Ogún é aconselhável oferecer nas obrigações de sete em diante um Odá (bode castrado). É muito guerreira e veste-se com o rosa-claro ou o azul-claro. Os mais antigos do candomblé dizem que Oxúm Apara é a verdadeira esposa de Ogum Wári, uma qualidade de Ogum que vive nas águas. É a Oxúm Apará quem dá a visão no jogo e tem uma relação com Exú. Como as outras Oxuns, essa qualidade de Oxúm não come cabra nos seus rituais e sim o odan, o bode capado. Os membros do bode são oferecidos a Exú antes de ser sacrificado; Oxúm Apará é a poderosa guerreira que acompanha Ogun em suas campanhas, porta um sabre que manipula com força e destreza. Esta Oxúm tem fundamento com Yemanjá, de quem é filha e com quem costuma comer.

AYALÁ, ALANLÁ, ALÁ ou ÌYÁNLÁ - Tem forte ligação com OGUM. Uma das mais velhas,também ligada com as Yamis. Retem o poder sobre a bolsa lacrimal, manifestando através das lágrimas de alegria e de tristeza, dando força a todos que passam dificuldades na vida. Tem ainda participação no Axexê. Representa o sofrimento através da lágrima. Oxúm Ayalá teria sido mulher de Ogun com quem trabalhava na forja, acionando o fole para atiçar as brasas. Conta a lenda que o fole acionado por Oxúm Ayalá produzia um som ritmado e muito agradável. Atraído por este som, Egun pôs-se a dançar diante da ferramentaria, atraindo um grande número de assistentes que por ali passavam. Encantados com o bailado de Egun os passantes lhe fizeram muitas oferendas de dinheiro, o que o deixou feliz e vaidoso.
Ao saber que Egun estava ganhando dinheiro com sua apresentação, Oxun exigiu que metade da renda obtida fosse dividida com ela, caso contrário, não acionaria mais o fole que produzia o ritmo sem o qual Egun não poderia mais dançar. Sem alternativas, Egun teve que aceitar a exigência da Yagbá passando, a partir de então, a dividir com ela tudo o que ganhava em suas apresentações. Esta Oxúm além de sua ligação com Ogun Alagbede tem sérios fundamentos com Egun. Veste o amarelo e o azul-claro. Tem forte ligação tb com Oxalá, neste caminho veste branco.

AWÊ - Oxúm, então, assume e revela todo o poder feiticeiro da mulher. Desprovida agora de escrúpulos e do sentimento de piedade, contesta a pseudo superioridade do macho e cria uma sociedade secreta estritamente matriarcal denominada Sociedade Gueledé, onde a face maligna é encoberta por máscaras muitíssimo elaboradas. É quem se encarrega de organizar esta sociedade onde o homem não tem vez, devendo, tão somente, submeter-se de bom grado às exigências de suas líderes.

BUMI - O gosto pela riqueza, pela opulência e pelo uso de jóias e adornos se revela no caminho de onde a yagbá cobre-se de pulseiras, brincos e colares de ouro, metal que lhe pertence por direito e ao qual está ligada de todas as formas.

EDE - A mulher madura, consciente de sua graça e elegância, revestida de respeito e classe.

FUMIKE - proporciona a possibilidade de gerar filhos.

FUNKE - é a mestra, representando a mãe que orienta e ensina aos filhos as primeiras palavras e passos no seu primeiro contacto com o mundo e com a própria vida.

IBERIN OU MERIN MERIN - Protege o Iyawô no período de kelê contra pragas e queimações, dando ao Iyawô neste período o poder de cobrar injustiças por conta própria. Feminina, elegante, rica e vaidosa. É a Oxum de Mãe Menininha do Gantois. Aspecto maduro da orisá, nessa forma não desce nas cabeças.

IBUKOLA - é a sedutora irresistível e representa o poder de sedução feminino.

IJUMÚ, IJIMUN, JUMU,JUMUN ou YGEMUM - Rainha entre todas as OXUNS, tendo estreita ligação com as IYAMI-AJÉ, ostentando, por isto, o título de Yalode. Essa estreita ligação é que faz com que as OXUNS alcancem a vitória em suas brigas ou vinganças. Senhora do okutá, responsável por tudo que vive no fundo dos rios. Está demarcação leva 16 okutás em seu assentamento, sendo que apenas um é consagrado ao Ori. É para essa Oxúm que se entrega a cabeça enrolada na hora da morte. Essa Oxúm tem o poder de segurar uma gravidez conturbada ou mesmo impossível. É considerada por muitos zeladores como o terceiro caminhos das Ìyámìs. entre as que pegam os seus filhos, é uma das mais antigas e a única Oxúm que através do jogo do búzio não responde por meio do odu Oxê. Veste-se de azul claro ou cor de rosa. Leva abèbé e alfange. É a senhora da fecundidade e do feitiço, é a velha e vira bruxa na beira do rio.Come com Oxalá e Omolu. Não come bicho-fêmea, exceto pata.

IKOLE - Seu mito a liga a Iemanjá e Ode Erinlé. Transformou- se numa ave.

IPETU - ingênua e sensual, tem um enredo com Obaluaiê, com quem entra no cemitério. Veste-se com tecidos muito estampado em que predomina o amarelo. Ipetú é a guardiã dos segredos insondáveis. Sobre esta Oxúm pouco se sabe e nada se fala. A simples pronúncia de seu nome é revestida de muito respeito e considerada quase como um tabu. Akolê: Semelhante a Oxúm Ipetu;

KAYODE - representada pela dança de Oxun, repleta de movimentos que denotam a sensualidade revelada na maneira de andar, de se movimentar e de proceder das mulheres.

KARÊ - muito guerreira. É aquela que auxilia todo e qualquer movimento ligado a abundância e fertilidade. Possui o poder da multiplicação do útero (gêmeos e trigêmeos). Dona da bolsa d’água, com o direito de aumentar o espaço da gestação. Oxúm karè é a deusa da pesca, rainha da caça, é aquela que mora dentro das águas da cachoeira e(ao mesmo tempo mora na entrada das matas). Senhora que acompanha Odê nas caçadas noturnas. Tem enredo com Oxóssi Inle e Logun-Edé. Também é ligada a Odê Karê, caçador que vive nas águas e se apresenta como um iabá, orixá feminino. Yeyê Karê representa o culto à beleza e à vaidade feminina, é descrita como "O Espírito que se reflete no espelho", motivo pelo qual Oxun está permanentemente se admirando na superfície de um espelho, do qual não se separa nunca. Sua arma é um ofá (arco e flecha). Muito bonita, jovem, autoritária e agressiva. Veste saia branca com forro amarelo-claro. Acompanha Yemanjá e Oxalá. Come na lagoa e no encontro das águas salgadas com as doces. É manca da perna esquerda e só come bichos-fêmeas. Karê é um de seus títulos, na verdade Karê tem seu próprio nome que poucos conhecem. Tem ligação com Oyá.

LOBÁ-GUERÊ OU GUERÉ - Oxúm velha que dirige os trabalhos do qual o auxiliar é o Exú Laboré Fumen. Gueré quer dizer docemente ou alegremente. Tem ligação com Xangô.

MIWA - o Espirito das Águas Doces, está, de certa forma, ligada ao processo de gestação e dizem que assiste e protege o feto durante todo o período de gravidez, sendo a dona do líquido aminiótico. Cultuada especialmente no 'Asé Ilê Opô Afonjá'. Não é propriamente uma qualidade, e sim o nome de um Orixá. Mi = diferente e Wá = ser = Ser Diferente.

ODÓ - reina nas nascentes dos rios. Iyawô dessa qualificação deve ser coberto com Alá e dentro do seu ibá cinco ovas de peixe. No fim do Orô, lava-se imediatamente o Iyawô ainda virado. Essa demarcação tem kizilas de ejé. É a Mãe das Ancestres. É muito parecida com Yemanjá. Veste branco e azul. Come com Oxalá e Yemanjá. Senhora dos perdões. Nas nascentes dos rios reside Yèyé Odó.

OGA ou OLÓKO - Velha e brigona. Representa à mulher envelhecida, cheia de manias e preconceitos, ranzinza e implicante Representa a existência absoluta da humanidade, sendo responsável por todo Iyawô após 60 anos. Protege os idosos. Senhora da feitiçaria e mandingas. - vive nas florestas é tida como a adversária de Oxóssi. . Yeye Oloko, que habita nos mananciais d’água existentes no interior das florestas mantendo ligações fundamentais com Oxóssi e Osain. Existe um mito que diz que Oxóssi teve que dividir a floresta com Yeye Olokô e Ossãe depois de uma disputa.

OKÉ OU LOKE OU LÊ IÊ OKE OU EOQUÊ - muito guerreira. Semelhante a Oxúm Karê que para muitos faz com que elas sejam uma só. Apresenta-se como caçadora, mais também é muito guerreira. Vive no interior das matas ou florestas e é associada as Iyami. Veste amarelo-ouro e usa ofá, traz ainda uma espada e o abebê. Come com Oxóssi e Ewá somente a caça. Foi esposa do mais velho Oxóssi que existe e criou os filhos que lansã teve com seu marido, aliás, só permitia que Oyá tratasse de seus filhos quando eles adoeciam.

OMINIBU - É uma Oxúm mais nova. É a que vive na nascente do rio. Não vira na cabeça de ninguém. Tem enredo com Oxóssi.

PONDA OU YPONDÁ OU PANDÁ - guerreira, rica, bela, Governa a criação infantil, sendo a verdadeira mãe de Logún e também senhora da inocência. Para está Oxúm é aconselhável que o okutá seja umedecido com leite materno. Yeyê que monta a cavalo, de onde originou-se o mito de que essa Oxúm pega o seu cavalo e com a sua espada sai batendo de porta em porta desafiando quem encontra para um duelo;
Oxúm Ipondá é guerreira e dona de caráter irrascível. Esta Oxúm costuma formar, junto com Oyá, uma dupla de combatentes invencíveis. Esposa de Oxóssi Ibualama. Porta um leque. É Mãe de Logun-Edé e com sua espada guerreia bravamente. Vive no mato com seu marido. Veste amarelo-ouro e azul-claro na barra da saia. Relacionada ao fogo e aos cemitérios, tem ligação com Egun. A pata é a sua maior quizila, seu bicho de fundamento é a tartaruga. É uma jovem da cidade de Iponda. Tem ligação com Ogum, Oyá, Oxóssi e Oxaguiã. Come com Iyemonjá e Oxalá. Alguns dizem ser companheira de Omulu, muito feiticeira tendo ligação com o fogo.

POPOLÓKUM - Responsável pelos Cawris. Herdou de Bàbá Ifá o conhecimento do futuro. Tem como propriedade o Opelê Ifá, além de ser a senhora da intuição, audição e governantes de todos os métodos divinatórios. Oxúm Popolokun, também revestida de uma enorme aura de mistério, é cultuada em lagoas de águas profundas, onde estabelece a sua residência. Conta a lenda que esta Oxúm costuma aprisionar em seu reino aqueles que se aventuram a mergulhar em suas águas.

SEKESE - representa a aparente fragilidade feminina, artifício usado para obter a proteção dos representantes do sexo masculino.

A mulher guerreira, batalhadora e belicosa é representada por quatro caminhos de Oxúm, nos quais porta sempre uma espada. Nestes caminhos a Orixá é conhecida como: Oxúm Apará, Oxúm Oke, Oxúm Ipondá e Yeyê Iberin, todas consideradas como guerreira poderosas.

No percurso do rio, que corresponde à trajetória do próprio Orixá, Oxúm assume diferentes características, todas ligadas à maneira de ser das mulheres, de seu caráter e atitudes, de suas qualidades e defeitos.
Assim, o africano se refere à diferentes "caminhos" deste Orixá, que foram descritos de forma particular, sempre comparados a situações específicas do procedimento feminino. No Brasil, outras manifestações de Oxúm podem ser verificadas nos tradicionais terreiros ou roças de candomblé.
Enquanto na África, as diferentes manifestações são consideradas como caminhos percorridos por Oxúm como uma única entidade, no Brasil considera-se cada "qualidade" como sendo um Orixá diferente e assim, Oxum deixa de ser uma só e diferentes Oxuns, componentes de uma grande família serão cultuadas de acordo com cada diferente qualidade.

Obs. Nas descrições dos caminhos de Oxúm existem muitas variantes, longe de mim, achar que estou colocando aqui a experiência das iniciações nas casas de santo e nem fechando questão com as verdades de cada um.

Texto Hunso Sueli de Vodun Abe, Apetebi Osalofogbe.
Postado:#GrupoCandonblénaÍntegra