Vinha um homem montado em seu cavalo, no seu passeio costumeiro, naquela planície verde e linda, quando, num certo local, seus olhos viram uma mulher de cabelos longos, negros da cor de azeviche, olhos pretos e grandes, lábios muitodos, mas de um rosado natural, e pele muito clara fazendo contraste com a cor dos cabelos. Ela sorriu; ele aproximou-se e perguntou:
– Qual é o seu nome?
Ela respondeu: Sou Najara.
Desde este momento, o cavalheiro interessou-se pela moça. E, desde então, lá estava ele, todos os dias, naquele mesmo horário, ao nascer do Sol.
Depois de muitos dias, começou um romance entre o cavalheiro e a moça. Passado o tempo, ele disse para ela:
_ Querida, tenho de fazer uma viagem. Não sei se volto ou não.
Najara pegou sua mão e disse:
_ Nunca mais você vai me ver. O nosso amor foi muito bonito, mas irei perdê-lo.
Tirou uma moeda do seu colar e disse:
_ Leve isto, pois esta moeda é eterna, mas eu não sou.
O cavalheiro afastou-se. Najara olhou para o Sol e disse;
_ Lua de fogo, és a quentura que aquece a Terra. Obrigada por aquecer minha alma.
O tempo passou. O cavalheiro voltou e começou a procurar aquela moça tão linda. Quando avistou um lenhador, perguntou-lhe:
_ Conhece uma moça clara, de cabelos negros e olhos pretos, cujo nome é Najara?
O lenhador assustou-se com a pergunta. O cavalheiro insistiu e o lenhador disse:
_ O senhor está falando de Najara, a cigana, que lia o passado, o presente e o futuro. Senhor, essa cigana já esta morta há anos.
O cavalheiro disse:
– Você esta louco! ela me deu esta moeda! – E contou-lhe todo o romance coma linda moça. Ao terminar, o lenhador disse:
– Senhor, guarde esta moeda, pois isso é a proteção da Cigana mais linda que eu já conheci neste lugar. Ela, em vida, era a protetora dos injustiçados e conselheira no amor.
O cavalheiro disse ao lenhador:
– Quando eu a encontrei, estava com muitos problemas, principalmente no amor, pois tinha sofrido uma desilusão.
O lenhador disse:
– Guarde, então esta moeda com muito carinho, pois Najara irá ajudá-lo.
Quando chegou a casa, o cavalheiro recebeu a notícia de que uma de suas tias iria visitá-lo. Passados alguns dias, a tia chegou, vinha com a filha. Quando o cavalheiro chegou perto da prima para cumprimenta-la, levou um susto – era aquela moça q ele encontrara em seus passeios matinais, o mesmo cabelo, os mesmos olhos, lábios e cor clara. Mas na verdade era sua prima , que viera apagar o sofrimento que ele tivera com a noiva. Najara ajudou o cavalheiro a esquecer a traição. Dali começou seu romance, e vieram a casar-se. Quando nasceu a primeira filha, tinha o rosto de Najara. Então, ele disse:
– Está aí minha Najara.
Essa história foi psicografada pelo cigano Ramão, que em vida, foi o marido da Cigana Najara.
Autoras: Ana da Cigana Natasha e Edileuza da Cigana