sexta-feira, 6 de abril de 2018

SEGUNDA LINHA DE FORÇAS DIVINAS, OU IRRADIAÇÃO DO AMOR

O Amor é uma qualidade de Deus, e Oxum é a Sua divindade unigênita, pois é em si mesma esse Amor Divino que agrega tudo e todos em tomo do Divino Criador Olorum.
Oxum não existe por si só e não pode ser dissociada de Deus, pois ela é esse amor que Ele gera em Si mesmo como uma de Suas qualidades.
Assim sendo, porque uma qualidade divina está em tudo e em todos,
então Oxum, que é o Mistério do Amor Divino, está em tudo o que Deus criou. Ela está na formação do átomo como a força ou o magnetismo que o agrega, assim como está nas constelações como o magnetismo universal que agrega todas as suas estrelas em torno de um ponto fixo no Universo.
As lendas sobre os Orixás os limitou, pois só os aplicou na vida material dos seres. Assim, eles assumiram feições humanas e perderam parte dos seus caracteres e naturezas divinas. Mas nós sabemos que, se Oxum é tida como o Orixá do Amor ou do coração, ou da concepção, é porque ela é em si mesma o Amor Divino e o manifesta a partir de si mesma, dando origem nas agregações.
Oxum, a partir das agregações, dá origem à concepção das coisas, já que ela é a própria concepção divina enquanto qualidade do Divino Criador, que individualizou essa Sua qualidade nela, a Sua divindade do Amor, que agrega e concebe.
Oxum é unigênita porque é em si uma qualidade divina que desperta o amor nos seres, os agrega e dá início à concepção da própria vida. Por isso é tida como a divindade que rege a sexualidade, pois é através dela que a vida é concebida na carne, multiplicando-se.
Esse aspecto dessa divindade de Deus não está restrito só à sexualidade porque, por ser uma qualidade divina, está em tudo o que foi criado e em todos os aspectos da criação, seja ela animada (seres) ou inanimada (substâncias).
Oxum é agregadora, e por ser uma divindade, também atua nos seres por meio dos sentidos, despertando neles sentimentos de amor e atração natural, o que costuma ocorrer em todos os campos e aspectos da vida.
  • O elo que une os seres sob uma mesma crença religiosa é o magnetismo agregador de Oxum.
  • O elo que une os átomos e dá origem a uma substância é o magnetismo de Oxum.
Enfim, tudo o que se liga, só se liga por causa dessa qualidade agregadora, da qual ela é a divindade irradiadora.
Se Oxum, a Orixá dos cultos de nação, só foi interpretada em uns poucos aspectos da vida dos seres, na Umbanda procuramos abrir esse Mistério do Amor Divino e mostrar que ele está na origem da própria gênese, já que tudo o que Deus gera em Si, ou a partir de Si, é agregador e destina-se a um objetivo maior dentro da criação.
Então não devemos limitar Oxum ao campo da sexualidade humana ou à concepção da vida, pois ela, por ser em si mesma a qualidade agregadora do Divino Criador, está no Amor, está na Fé, está na Lei, etc.
Sim, Oxum está em tudo e em todos como a qualidade agregadora de Deus, que individualizou Seu Amor Divino nesta Sua divindade agregadora, conceptiva e amorosa.
As lendas a caracterizaram como a Orixá da riqueza, senhora do ouro e das pedras preciosas. Nós interpretamos isso como correto, desde que expliquemos sua qualidade agregadora, que é um “fator” de natureza mineral, e que realcemos que só acumulando bens a riqueza surge.
Portanto, se Oxum é agregadora em todos os campos e aspectos da
vida, também no campo da riqueza material ela atua, pois agrega os bens que tomam um ser rico, materialmente falando.
Esse aspecto de Oxum é muito ativado pelos seus fiéis adoradores, porque ela realmente responde, caso quem a invoque seja merecedor.
Quanto à sua atuação no campo da sexualidade, ela só ampara as uniões regidas pelos sentimentos de amor. Já as uniões regidas apenas pelo desejo ou pela paixão, estas estão fora de seu campo de atuação e não recebem suas irradiações vivas, que se limitam a amparar as concepções, caso venha a acontecer a geração de uma criança.
Oxum agrega no Amor, na Fé, no Conhecimento, na Lei, na Evolução e na Geração. Ela está em todas as outras qualidades de Deus, em todos os sentimentos, em toda a criação, em todos os seres, em todas as criaturas e em todas as espécies.
Observem algumas criaturas (cães, ovelhas, cobras, etc.) e verão esta qualidade “Oxum” no amparo e no amor que as mães dessas espécies dedicam à sua prole.
Temos a certeza de que verão a semelhança entre esse amor e o das mães humanas, pois essa qualidade divina está em tudo, e em todos.
Oxum é a Divina Mãe do Amor e da Concepção, pois com seu magnetismo agregador gera as uniões em todos os sentidos.
Já o Trono de Deus que polariza com ela é o Orixá Oxumaré, que é um Orixá ativo, cósmico e temporal, que só entra na vida dos seres caso as ligações (agregações) entrem em desequilíbrio, desarmonia ou emocionem-se.
Sim, Oxumaré é em si a qualidade de Deus que “desfaz” o que perdeu sua condição ideal de existência e deve ser diluído para ser reagregado já em novas condições.
Oxumaré é temporal, é cósmico, é ativo e sua atuação é alternada porque seu magnetismo é negativo e dilui todas as agregações que perderam sua condição ideal ou sua estabilidade natural.
A lenda sobre o Orixá Oxumaré foi muito mal interpretada e até hoje recorrem à sua bipolaridade para justificar certos desequilíbrios emocionais ou sexuais. Mas somente pessoas desinformadas ou de má-fé fazem isso, pois quem entende o sentido da palavra “divindade” não só não aceita tal coisa como a condena com veemência.
Saibam que o magnetismo de Oxumaré é composto de duas ondas entrecruzadas que seguem em uma mesma direção, criando uma irradiação ondeante e diluidora de todas as agregações não estáveis.
São duas ondas: uma dilui as agregações cujo magnetismo agregador é de natureza masculina; outra dilui as agregações de natureza feminina, dissolvendo compostos energéticos, alterando estruturas elementares e modificando sentimentos.
Mas o Mistério Oxumaré não se limita somente a diluir as agregações instáveis, pois seu fator renovador traz em si a qualidade de renovar um meio ambiente, uma agregação, uma energia, um elemento e até os sentimentos íntimos dos seres.
Seu campo de atuação é tão amplo que resumimos a descrição de Oxumaré e o sintetizamos assim:
O divino Trono da Renovação da Vida é a divindade unigênita em
Deus que a traz em si, e é em si mesmo, o Orixá que tanto dilui as causas dos desequilíbrios quanto gera de si as condições ideais para que tudo seja renovado, já em equilíbrio e harmonia.
Oxumaré é unigênito porque é a única divindade de Deus que é em si mesmo a renovação. Outras divindades, porque estão na renovação, também participam do seu mistério Renovador. Mas se participam das renovações, no entanto essa qualidade é ele em si mesmo que, antes de renovar algo ou alguém, também dilui as causas que levaram ao desequilíbrio esse algo ou alguém.
O fator divino Oxumaré está neste livro, pois ele está diluindo conceitos religiosos e genéticos arcaicos e desequilibrados, renovando todo um conhecimento sobre Deus e Suas divindades, criando toda uma nova teologia e gênese, que tanto renova os Orixás quanto os explica de forma científica e religiosa, fortalecendo a fé dos umbandistas e direcionando a religiosidade dentro da Umbanda.
Sem negar as lendas sobre os Orixás, aqui o fator Oxumaré está diluindo conceitos nada religiosos (brigas, ciúmes entre os Orixás) e interpretando-as a partir da ciência divina. Com isso, dilui as caracterizações humanas sobre os Orixás e lhes dá uma nova feição, já em acordo com a vontade maior que tem direcionado essa renovação: devolver os Orixás aos domínios de Deus, renová-los na mente e nos Criações de seus fiéis e adoradores, e mostrá-los como são, pois são em si mesmo, todos eles, unigênitos de Deus que manifestam em tudo e a todos as qualidades divinas que os distinguiram em sua geração divina.
A Umbanda não aceita um Xangô mulherengo e repudia com veemência um médium que alega infidelidade só porque em sua ancestralidade está o Orixá Xangô.  E procede da mesma forma com um médium que alegar que sua homossexualidade tem a ver com sua ancestralidade localizada no Orixá Oxumaré.
Pessoas que justificam seus desequilíbrios emocionais dessa forma são dignas de pena e devem ser afastadas do culto aos Orixás, pois são um mal que descaracteriza suas qualidades divinas.
Saibam que Deus, ao gerar em Si suas divindades, procede como o corpo humano, que tem na multiplicação celular sua formação. Então Deus, quando gera em Si uma de Suas divindades, age como uma célula que, pela cissiparidade, se multiplica na nova célula gerada, que é igual em tudo a que a gerou.
Deus, ao gerar uma divindade, a gera nessa Sua qualidade, e terá nela a multiplicação e a repetição dessa Sua qualidade, que é viva e divina e traz em Si a força e o poder de realização de quem Se multiplicou e Se repetiu nela: Deus!
Já quando Deus gera de Si, então o que Ele gerar se realizará por meio de Sua natureza divina, que distinguirá cada coisa ou cada ser com uma qualidade natural só sua e intransferível, pois essa Sua geração não traz em si a força e o poder de autorrealizar-se e multiplicar-se.
Nós, os espíritos não nos autorrealizamos, não temos a capacidade de multiplicarmo-nos a partir de nós mesmos. Já uma divindade gerada em Deus multiplica-se e repete-se nas suas próprias hierarquias divinas.
E, se nos colocarmos sob a irradiação direta ou vertical de uma, então ela se multiplicará e se repetirá em nós, amoldando nosso caráter segundo o dela, que é divino, e remodelando nossos sentimentos conforme os que sua qualidade divina desperta em nosso íntimo.
Saibam que, assim como Deus gera tanto em Si quanto de Si, as divindades também o fazem, e a qualidade divina que elas são em si, tanto as geram em si como as geram de si … na natureza e no íntimo dos seres que se colocam sob suas irradiações diretas ou verticais.
Vemos parcialmente no reino vegetal essa dupla geração de Deus, onde algumas espécies geram em si e outras geram de si.
Gerar em si, nos vegetais, significa que dão brotos que são replantados e logo estão em condições de gerar novos brotos que serão replantados, ou crescerão por si só, se repetirão e se multiplicarão.
Gerar de si, nos vegetais, significa que nasce de uma semente que germinou, cresceu, floresceu, deu novas sementes, que trazem uma genética que a replicará e a multiplicará.
Deus, ao gerar em Si, gera seres divinos que O repetem e O multiplicam na Sua qualidade onde foram gerados. Já ao gerar de Si, então gera sementes ou centelhas vivas que trazem em si toda uma genética que especifica a classe a que pertencem, e essas centelhas vivas germinarão, crescerão, amadurecerão e florescerão na Sua natureza divina, ou no Seu exterior.
Os Orixás são identificados como divindades regentes da natureza justamente porque regem os seres, as espécies e as criaturas que foram gera­das por Deus, mas germinarão e crescerão na Sua natureza divina.
Muitos creem que os Orixás só regem sobre a natureza física, mas estão enganados. Eles regem sobre todas as naturezas, ou sobre a natureza de tudo o que existe, seja animado ou inanimado.
A natureza qualifica a criação divina e as suas criações, e os Orixás são associados a tudo o que Deus criou e a todos os seres.
Logo, não estamos descrevendo os Orixás e renovando os conceitos sobre eles de algo abstrato, mas sim a partir de algo concreto, sensível e palpável: nós mesmos!
Portanto, essa nossa gênese e teologia de Umbanda é muito mais pro­ funda que todas as outras já descritas no decorrer das eras, e muito mais verdadeira porque não se fundamenta em lendas ou mitos, mas na ciência divina, regida e velada pelos Senhores Orixás regentes, que agora a abriram para os umbandistas e para as outras religiões os seus mistérios.
Observem que mal abordamos o Mistério Oxumaré num contexto teológico e genésico, e todo um fluxo de informações começou a nos chegar, diluindo conceitos arcaicos e já superados no tempo e na religiosidade, renovando esses mesmos  conceitos, livrando-os das lendas e dos mitos e deixando bem patente a ciência divina na gênese e na teologia que explica as divindades, formando toda uma teogonia de Umbanda, superior a outras existentes, já superadas pela evolução geral da humanidade, que vem acontecendo em todos os sentidos da Vida.
Saibam que o que mais caracteriza Oxumaré é sua dualidade: às vezes, ele se mostra como a diluição de tudo o que está em desequilíbrio ou foi superado pelo tempo e pela evolução; em outras vezes, se mostra como o renovador de tudo e em todos os seus aspectos.
Por isso ele é o Orixá que forma um par natural com Oxum, Orixá da Agregação.
Onde ela agregou, mas já foi superada ou entrou em desequilíbrio com o resto da criação, aí entra Oxumaré, diluindo tudo e gerando em si, e de si, as condições ideais para que tudo se renove e, mantendo suas qualidades originais e sua natureza individual, continue a fazer parte do todo, que é Deus.
Resumindo a segunda linha de Umbanda e sintetizando os aspectos teogônicos das divindades que melhor a caracterizam, temos que:
  • Oxum: Trono do Amor Divino que agrega e concebe as coisas animadas e inanimadas;
  • Oxumaré: Trono da Renovação que dilui todas as agregações desequilibradas e renova o meio onde elas acontecem, criando novas condições para que novamente sejam reagregados, já em equilíbrio e harmonia com o todo, que é Deus, a vida e a religiosidade  dos seres.