sexta-feira, 6 de abril de 2018

PRIMEIRA LINHA DE FORÇAS DIVINAS, OU IRRADIAÇÃO DA FÉ

É formada por dois Orixás que se polarizam nos campos da religiosidade.
Oxalá e Logunã são seus nomes, sendo Oxalá irradiante, positivo, passivo e atua por meio de seu magnetismo cujas ondas são retas, e vibra fé o tempo todo.
Logunã é cósmica, absorvente, negativa, temporal, e sua irradiação magnética é alternada em duas espirais: uma intensifica a religiosidade e a outra a esgota.
A irradiação que projeta é estimuladora da religiosidade. Já a que absorve é esgotadora dos desequilíbrios religiosos nos seres.
Estudando sua natureza, podemos descrevê-los assim:
  • Oxalá é uma divindade passiva da Fé e é em si mesmo esse mistério divino, pois gera fé o tempo todo e a irradia de forma reta, alcançando tudo e todos. Sua natureza religiosa não deve ser dissociada de Deus, pois é esta qualidade d’Ele que o individualizou em seu Trono da Fé, para poder ser visualizado por todos os seres cuja fé é reta e a religiosidade é virtuosa;
  • Logunã é uma divindade ativa da Fé e é em si mesma esse mistério divino, pois gera religiosidade o tempo todo e a irradia ou a absorve conforme as necessidades. Se o ser está apático, ele a recebe, e se está emocionado, a tem esgotada.
A Fé é uma qualidade de Deus, já a religiosidade é uma qualidade dos seres criados por Ele. Logo, Oxalá irradia essa qualidade divina denomina­ da Fé, e Logunã ativa ou paralisa a qualidade religiosa dos seres movidos pelos sentimentos de fé.
Observem que não são iguais no Mistério da Fé, porque ele a irradia de forma contínua e ela estimula ou paralisa esse sentimento nos seres. Por isso diferenciamos esses dois tronos da Fé e os classificamos da seguinte maneira:
  • Oxalá é um trono universal, pois suas irradiações retas e contínuas são projetadas a todos, o tempo todo e durante todo o tempo;
  • Logunã é um trono cósmico, pois suas irradiações espiraladas são alternadas e direcionadas, só alcançando os seres apatizados ou emocionados em seus sentimentos religiosos.
Ele é um trono universal porque está se irradiando de forma contínua e estável. Já ela é um trono cósmico, porque em sua irradiação alternada uma espiral magnética projeta-se e estimula a religiosidade enquanto a outra espiral magnética, que ela absorve, vem esgotando o emocional dos seres que estão vibrando sentimentos religiosos desequilibrados.
Com isso explicado, então fica fácil entender por que o Orixá Oxalá é amado e a Orixá Logunã é respeitadíssima, temida mesmo pelos que já sofreram sua atuação esgotadora dos seus desequilíbrios religiosos.
As hierarquias de Oxalá são formadas por seres naturais descontraídos, profundamente religiosos e amorosíssimos. Já as hierarquias de Logunã são formadas por seres naturais circunspectos, glacialmente religiosos e muito respeitosos, não admitindo arroubos religiosos de espécie alguma à sua volta.
Podemos dizer que as hierarquias de Oxalá são calorosas e as de Logunã são glaciais, frias mesmo;
  • Oxalá é o calor das estrelas e Logunã é o frio do espaço cósmico;
  • Oxalá é o calor do sol da fé e Logunã é o frio do vácuo religioso, ou da religiosidade de um ser;
  • Oxalá é abrasador e Logunã é enregeiante;
  • Oxalá é a fé permanente e Logunã é a alternância religiosa; Oxalá é o raio reto e Logunã é a :espiral;
  • Oxalá é o caminho reto que conduz a Deus e Logunã é a onda circu­ lar que colhe todos os que se desviaram da retidão religiosa, a única que conduz a Deus.
Todo ser que prega  a fé corno um sentimento puro de amor a Deus e a vivencia com virtuosismo, está sob a irradiação de Oxalá. Já o ser que a prega com emotividade e a vivencia com fanatismo, está sob a irradiação de Logunã.
Todo ser que faz da prática da caridade religiosa um ato de fé em Deus, é amparado por Oxalá com sua irradiação abrasadora.  Já todo ser que faz de suas práticas religiosas um ato de exploração da boa-fé de seus semelhantes, será punido por Logunã, e será esgotado em seus enregelantes domínios cósmicos.
Por isso ela é uma divindade temida. Ela é o rigor de Deus para com seus filhos desvirtuados que deturpam uma Sua qualidade divina (a Fé) e a partir de seus vícios e desequilíbrios ludibriam a boa-fé de seus semelhan­ tes.
Sintetizamos, dizendo que Oxalá é o calor da fé abrasadora e Logunã é a paralisadora  da religiosidade  fanatizante ou mercantilista.
Por isso as hierarquias de Oxalá são envolventes e as de Logunã são glaciais, arredias às evocações inconsequentes e aos clamores falsos dos que costumam oferendá-la no tempo. E não são poucos os que, movidos pela maldade e pela ignorância, evocam os mistérios do “Tempo” com fins negativos, e no mesmo instante começam a ser esgotados em sua religiosidade desvirtuada, sendo paralisados no sentido da Fé.
Saibam que tanto a atuação de Oxalá quanto a de Logunã são permanentes na criação e na vida dos seres, independendo de nossa vontade para atuarem. Os rituais de magia e de oferendas têm o poder de acelerar essas atuações, e por isso a Umbanda recorre a eles como parte de sua própria dinâmica religiosa  aceleradora da evolução dos seres.
Assim sendo, devemos orar a Oxalá para que ele fortaleça cada vez mais a nossa fé em Deus, e devem orar a Logunã, pedindo a ela que nos ampare na fé e não permita que desvirtuemos nossa fé em Deus e nossos sentimentos religiosos.
Saibam que um pedido desses, feito com fé, respeito e convicção na atuação desses dois Orixás, vale mais que ouvir dez sermões inflamados proferidos por fanáticos religiosos  ou mercadores  da boa-fé alheia.
Uma evocação e um clamor íntimo dessa natureza dignificam o ser diante das divindades, e elas tudo farão para atender quem assim proceder, pois é um pedido codificado pela Lei Maior como um procedimento reto, diante da balbúrdia religiosa a que todos estão sujeitos no dia a dia, em que falsos sacerdotes, ignorantes mesmo, prometem o céu, a quem lhes pagar mais, ou curas miraculosas a troco do vil metal, causa primeira da maior doença na vida dos seres: a ambição!
Na teogonia da Umbanda, Oxalá é interpretado como Orixá irradiador da Fé e Logunã é interpretada como Orixá retificador da religiosidade desvirtuada.