Bantu, também chamado de Batuque ou Angola, é uma das principais seitas (nações) do Candomblé, uma tradição de fé Africano praticada no Brasil. Se desenvolveu entre os escravos que falou Bantu (Kikongo e Kimbundo) idiomas.
Divindades
O Deus supremo e Criador é Nzambi (Zambi) OU Nzambi Mpungu (Zambiapongo); abaixo dele estão os Nkisis, o espírito-deuses da mitologia Bantu. Essas divindades correspondem a Olorun e os Orishas da mitologia iorubá, e Olorun e Orixá do Candomblé Ketu.
O Nkisis principais são:
Aluvaiá, Bombojira, Pambu Njila: intermediário entre os humanos e os Inkices outros (cf. Exu). Em sua manifestação feminina, é chamado Vangira.
Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe: Inkice de guerra e estradas.
Kabila, Mutalambô, Lambaranguange: caçador, vive em florestas e montanhas; deus de alimento abundante.
Gongobira: jovem caçador e pescador.
Katende: conhece os segredos das ervas medicinais.
Zaze, Loango: entrega justiça aos seres humanos.
Kaviungo ou Kavungo, Kafungê, Kingongo: deus da saúde e da morte.
Angorô (forma masculina) e Angoroméa (feminino): auxiliar a comunicação entre humanos e divindades.
Kitembo OU Inkice Tempo: deus do tempo e das estações.
Matamba (f), Bamburussenda (f), Nunvurucemavula (f): guerreiro, comanda o morto.
Kisimbi, Inkice Samba: a grande mãe, deusa da fertilidade, de lagos e rios.
Kaitumbá, Mikaiá, Kokueto: deusa do mar.
Zumbarandá: o mais velho dos deuses, ligado à morte.
Wunje: o mais jovem dos Inkice, representa a alegria da juventude.
Lembá Dile, Lembarenganga, Jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda: conectado à criação do mundo.
Divindades
Babalu Aye · · Exu Iansã · · Jah Mami Wata · · Obatalá Ogum Olorum · · · Orunmila Osun · · Xangô Yemaja
Raízes
Oeste Africano Vodun · Ifá, Orisa (Iorubá) · Lwa (Dahomey) · Odinani (ibo) · Nkisi (Kongo) · Catolicismo (Portugal, Espanha)
Candomblé Bantu na Pós-Modernidade
Os bantu, no Brasil, têm um papel preponderante na formação da nacionalidade brasileira, e, nesse sentido, muitos estudos têm sido elaborados, tocantes, principalmente, à linguagem, às contribuições linguísticas ao português brasileiro, sobretudo as advindas do Kimbundo e do Kikongo. Quanto aos estudos sobre as contribuições na área da cultura popular, caso das congadas, dos reisados e da capoeira de Angola, observa-se que, além das pesquisas já concluídas, há vários estudiosos empenhados em desenvolvê-las.
No entanto, na área das religiões de matriz bantu no Brasil, existe uma enorme carência de estudos, pois muito pouco ou quase nada tem sido feito desde que nossos pioneiros na pesquisa do africano e nas suas manifestações simbólicas afirmaram não encontrar elementos de peso da cultura bantu1 no Brasil. Desde tal acontecimento, a atenção dos estudiosos passou a ser voltada para os sudaneses, criando, com isso, a temática do nagocentrismo que muito prejuízo tem causado, já que reforça a ideia lançada por Nina Rodrigues e acalentada por Edison Carneiro e Arthur Ramos de que os bantu eram possuidores de uma mítica paupérrima, com ausência total de mitos cosmogônicos e fundadores, razão por que teriam se apoderado da mítica e dos rituais nagô. Em decorrência da falta de estudos mais aprofundados sobre o tema, a tarefa de compreender a mítica bantu no Brasil, infelizmente, tornou-se quase impossível.
Outra consequência, ainda que indirecta, dessa atitude de nossos primeiros pesquisadores, é o fato de que as religiões de matriz bantu, principalmente a Umbanda e o Candomblé Congo/Angola, têm assimilado de forma acentuada os elementos de matriz yorubana, uma vez que estes foram legitimados pela academia e disseminados pela mídia. A Umbanda, fenômeno verificado nas regiões sul e sudeste do Brasil, assim como uma sua variante, o Omolocô, sincretizou-se, violentamente, a partir dos anos 60, na intenção de se tornar conhecida e legitimada pelo grande público, pelos orixás nagôs e pela prática litúrgica dos descendentes do povo yorubano. Por sua vez, o Candomblé Congo/Angola passou a nomear seus Mukisis2 como se fossem Orixás nagôs, copiando formas de culto e de comportamento do Candomblé de Ketu, mais popular e aceito pela academia e pela mídia.
Há alguns poucos anos, os descendentes espirituais dos bantu começaram a tomar consciência do problema e alguns esforços nesse sentido têm sido verificados: a Cobantu, associação com sede na cidade de São Paulo, e alguns grupos da Bahia, motivados pela Casa de Angola, têm procurado estudar o Kimbundo e o Kikongo3, línguas rituais dos Candomblés de matriz bantu. São esforços louváveis, mas que não têm tido a força suficiente para despertar o interesse dos pesquisadores, que poderiam, por meio de seu labor académico, dar uma valiosa contribuição para que a recuperação de determinados mitos e ritos necessários para a sobrevivência do fenómeno religioso ocorresse.
Os bantu, aos poucos, começam a sair do isolamento e estão procurando preencher lacunas, omissões e esquecimentos causados por séculos de separação entre a matriz e suas ramificações. No entanto, as dificuldades são imensas, pois a parca bibliografia existente sobre o assunto foi escrita, ou por portugueses e publicadas em Portugal, ou por pesquisadores de outras nacionalidades e em línguas que o povode-santo de origem bantu não lê. Algumas obras de Oscar Ribas, José Redinha e outros têm sido fotocopiadas até a exaustão e repassadas de mão em mão, lidas e relidas em busca de respostas que o passado calou. Faltam-lhes tudo: bibliografia acessível, condições culturais para leitura da bibliografia existente, bem como a atracão de estudiosos das religiões de matriz africana no Brasil. Costumamos, em tom de brincadeira, dizer que estamos a buscar agulha no palheiro, sem, no entanto, descobrirmos sequer onde ele – o palheiro – está. Isso porque, enquanto as religiões de matriz yorubana encontram seus elementos africanos na “iorubalândia”, conjunto de povos localizados na Nigéria, Benin e Togo, os bantu se espalham por uma imensa área geográfica, dificultando sobremaneira a localização dos elementos culturais que deram origem as religiões no Brasil.
Uma outra séria dificuldade a evocar é a extrema diversidade e polissemia dos cultos afros-brasileiros em geral e dos cultos bantos, em particular, acrescidos do fato, de que, o candomblé é uma religião iniciática sem fontes de escrituração, o que torna cada casa um universo fechado dependente do Sacerdote, cuja voz é autoridade máxima e inquestionável, resultando disso, discrepâncias notáveis entre casas da mesma raiz e da mesma nação.
1 bantos ou bantu – grande grupo lingüístico da África sub-saariana
2 Mukissis-sing. Nkissi –divindades bantu
3 Kikongo e Kimbundo – línguas faladas no Congo e em Angola
Uma das caracteristicas do povo de Angola importantes são a lingua o kimbundo é o kicongo que emprestam muitas palvras ao portugues.
As referências dos Jinkisi/Akixi e algumas referências aos Orixás yorubá mais conhecidos, entendamos estas semelhanças como caminhos, e não como individualidades.
No Brasil os cultos que prevalecem nos candomblés Angola, Congo (com algumas variações de casa para casa ou de família para família de culto).
Pambu Njila – Nkosi – Katendê – Mutakalambô – Nsumbu – Kindembu – Nzazi – Hongolo – Matamba – Ndanda Lunda – Nkaia – Nzumbá – Nkasuté Lembá – Lembarenganga
Os mais velhos trouxeram cantigas, rezas, tudo em Kimbundo e Kikongo (algumas também em Umbundo e outros dialetos). Muita coisa se perdeu até mesmo por haver a associação com as tradições Jeje nagô, que foi em ultima instância prejudicial para as tradições bantu.
Não que estas sejam mais certas ou mais erradas, mas que cada tradição deve ser mantida e respeitada, pois faz parte da história da própria humanidade, de como nos organizamos, como desenvolvemos outros falares, de como nos organizamos como sociedade, etc. e ao que parece, tínhamos um culto primitivo comum que com as distâncias das eras e também geográficas foi se modificando e incorporando novos elementos.
Acima de tudo está Nzambi Mpungu (um dos seus títulos) Deus criador de todas as coisas. Alguns povos bantu chamam Deus de Sukula outros de Kalunga e outros nomes ainda associam-se a estes.
O Culto a Nzambi não tem forma nem altar próprio. Só em situações extremas eles rezam e invocam Nzambi, geralmente fora das aldeias, em beira de rios, embaixo de árvores, ao redor de fogueiras. Não tem representação física, pois os Bantu o concebe como o incriado, o que representa-lo seria um sacrilégio, uma vez que Ele não tem forma.
No final de todo ritual Nzambi é louvado, pois Nzambi é o princípio e o fim de tudo.
O culto no Brasil
A partir da Mameto de inkice Maria Nenen e de outros Tatetos como, Jubiabá, Olegário, Bernardinho, Ciriaco, Joãzinho da Goméia, Tombeici o culto Banto ou Candomblé da Nação de Angola, como é chamado o culto no Brasil, teve maior destaque na comunidade afro-brasileira.
Estes negros ou bantos, como eram chamados devido a língua que falavam, seguiam a tradição religiosa de lugares como: Casanje, Munjolo, Cabinda, Luanda entre outros.
Mas, o culto banto tem sua liturgia particular e muito diferenciada das culturas yorubá e fon.
História dos povos Banto
A grande maioria dos 11.000.000 habitantes que formam a população de Angola, são de origem Bantu. No entanto, outra considerável parte é formada por misturas que começaram muito cedo: primeiramente. entre os diversos grupos que migraram para o território e depois com Europeus (na grande maioria Portugueses) durante a colonização. Existem ainda algumas minorias que não são Bantu, como os Bochimane e um considerável número de Europeus. Há 3000 ou talvez 4000 anos atrás, os Bantu sairam da selva equatorial (a região que é hoje ocupada pelos Camarões e pela Nigéria) e dividiram-se em dois movimentos diferentes: para o Sul e para Este criando a maior migração jamais vista na áfrica. De causa desconhecida, esta migração continuou até ao século XIX. A selva equatorial era uma área de passagem impossível. Só o machado ou o cutelo, a rápida e nutritiva produção de banana e o inhame possibilitaram uma façanha que durou séculos. O excelente nível de nutrição deu lugar a uma invulgar explosão demográfica. A exuberância da selva equatorial, os rios e lagos das grandes savanas, tão bons para a agricultura e a descoberta do ferro – um mineral muito comum na áfrica – deram força à grande aventura. Caminhando sempre em direcção ao Sul. estes vigorosos, armados, organizados e jovens povos, venceram e fizeram escravos os indefesos pigmeus e os Bochimane.
O nome Bantu não se refere a uma unidade racial. A sua formação e migração originou uma enorme variedade de cruzamentos. Existem aproximadamente 500 povos Bantu. Assim, não podemos falar de uma raça Bantu, mas sim de povo Bantu, isto significa uma comunidade cultural com uma civilização comum e linguagens similares. Depois de muitos séculos de movimentações, cruzamentos, guerras e doenças, os grupos Bantu mantiveram as raízes da sua origem comum. A palavra Bantu aplica-se a uma civilização que manteve a sua unidade e foi desenvolvida por pessoas de raça negra. O radical ntu, vulgar para a maioria das línguas Bantu, significa homem, ser humano e ba é o plural. Assim, Bantu significa homens, seres humanos. Os dialectos Bantu, e existem centenas, têm uma tal semelhança que só pode ser justificada por uma origem comum. Os povos Bantu, além do semelhante nível linguístico, mantiveram uma base de crenças, rituais e costumes muito similares; uma cultura com características idênticas e específicas que os tornam semelhantes e agrupados.
Fora da sua identidade social, são caracterizados por uma tecnologia variada, uma escultura de grande originalidade estilística, uma incrível sabedoria empírica e um discurso forte e interessante com sinais de expressão intelectual. As línguas faladas hoje em Angola, são por ordem de antiguidade: Bochiman, Bantu e Português. Das três só o Português tem uma forma escrita. Os dialectos Bantu, apresentam uma unidade genealógica. Homburger, um eminente estudioso do Bantu diz que o primeiro ponto obtido no domínio da linguística comparada foi a unidade dos povos Bantu. Também diz, tendo em conta a história desta unidade, que os primeiros descobridores Portugueses viram que os Angolanos conseguiam comunicar com os povos da costa Moçambicana. Os Bantu Angolanos estão divididos em 9 grupos etnolinguísticos: Quicongo, Quimbundo, Luanda-Quioco (Tchôkwe), Mbundo, Ganguela, Nhaneca-Humbe, Ambó, Herero e Xindonga, que por seu turno estão subdivididos em cerca de 100 subgrupos, tradicionalmente chamadas tribos.
Abaixo, encontram-se desmembrados os cargos e funções em um Candomblé Banto:
Tata Ria Inkice – Zelador / Pai
Mameto Ria Inkice – Zeladora / Mãe
Tata Ndenge – Pai pequeno
Kixika Ingoma – Tocador
Tata Kambono – Ogan
Tatta Kivonda – Aquele que sacrifica os animais
Kinsaba – O que colhe folhas
Kikala Mukaxe- Filho de santo
Tata Utala – Herdeiro da casa
Macota -Dikota – Ekedi
Kijingu – Cargo
Tata Unganga – O que joga búzios
Zakae Npanzo- Troncos de árvores colocados nas portas dos santos.
A partir da Mameto Ria Nkise Maria Nenen e de outros Tatetos como Bernardinho e Ciri Aco, o culto banto ou Candomblé da Nação de Angola, como é chamado o culto no Brasil, teve maior destaque na comunidade afro-brasileira.
Estes negros ou bantos, como eram chamados devido a língua que falavam, seguiam a tradição religiosa de lugares como: Kassanje, Munjolo, Kabinda, Luanda entre outros.
Mas, o culto banto tem sua liturgia particular e muito diferenciada das culturas yorubá e fon.
Abaixo, encontram-se desmembrados os cargos e funções em um Candomblé Banto:
Ordem do barco:
01º Muzenza Kamoxi Rianga (Kadianga)
02º Muzenza Kaiai Kairi
03º Muzenza Katatu Kairi
04º Muzenza Kakuãna Kauanã
05º Muzenza_Katanu
06º Muzenza Lusamanu
07º Muzenza Kasanbuadi
08º Muzenza_kanaké
09º Muzenza_kavua
10º Muzenza kakuinhi
OS NOMES DOS NKISES
Na Angola os Nkises são masculinos E Nkisi amês são femininos
Os Nkises
Os Nkises são para os Bantus o mesmo que orixás para os Yorubás, ou ainda, o mesmo que vodum para os Daometanos. Muitos autores cometem o mesmo erro ao tratar das semelhanças existentes entre um Nkise, orixá ou vodum, pois confundem semelhanças com correspondência, fazendo-nos acreditar que na verdade se tratam da mesma divindade apenas com nome distinto. Esta visão é equivocada, e cabe a nós desfazermos tal equívoco. Cada Nkise, orixá ou vodum
possui peculiaridades próprias, tratamento e culto diferenciados. Pode-se sim, dizer que existem pequenas coincidências, como por exemplo o fato de Kabila, Oxósse e Otulu serem caçadores, ou ainda, por usarem as mesmas cores. Mas não há que se confundir um e outro, pois mesmo em suas origens na África se diferem, sendo o primeiro ( Kabila ) originário do Congo, o segundo (Oxósse) originário das terras Yorubás e o último ( Otulu ) do Reino do Dahomé. Desta forma, elenco abaixo alguns dos Nkises de Angola e Congo, sem fazer qualquer correspondência entre orixá ou vodum, dando ao lado de seus nomes uma breve descrição :
Aluvaiá, Bombojira, Vangira (feminino), Pambu Njila.
É o Nkise responsável pela comunicação entre as divindades e os homens. Está nas ruas, é a este Nkise que pertencem as “bu dibidika jinjila” (encruzilhadas). Suas cores são preto, vermelho, sua saudação: Kiuá Luvaiá Ngananzila Kiuá (Viva Aluvaiá, Senhor dos Caminhos)
Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe.
É o Nkise da guerra, das estradas. É a ele que se fazem oferendas com o fim de obter abertura de caminhos. Sua cor é o azul escuro, sua saudação: Luna Kubanga Mueto – Nkosi ê (Aquele que briga por nós – Nkosi ê)
Kabila, Mutalambô, Burungunzo.
Nkise caçador, habita as florestas ou montanhas. É o responsável pela fartura, pela abundância de alimentos. Suas cores: verde para Mutalambô, Kabila e Burungunzo, e verde,azul e amarelo para Gongobira, sua saudação: Kabila Duilu – Kabila (Caçador dos Céus – Kabila)
Gongobira.
É um jovem caçador que obtém, seu sustento ora através da caça, ora através da pesca.
Suas características são as mesmas das dos caçadores ( Kabila, Mutambô, Lambaranguange) unidas as características dos Nkises da água doce ( Kisimbe, Samba ). Suas cores: verde cristal, azul cristal e amarelo ouro, sua saudação: Mutoni Kamona Gongobira – Muanza ê (Pescador Menino Gongobira – Rio ê)
Katendê.
Nkise dono dos segredos das ” nsabas” ( folhas, ervas ). Sua cor é o verde ou verde e branco, sua saudação: Kisaba kiasambuká – Katendê (Folha Sagrada – Katendê)
Zaze, Luango.
Nkise responsável pela distribuição da Justiça entre os homens. Suas cores são: vermelho e branco, sua saudação: A Ku Menekene Usoba Nzaji – Nzaze (Salve o Rei dos Raios - Grande Raio)
Kaviungo ou Kavungo, Kafungê e Kingongo.
É o Nkise responsável pela saúde, estando intimamente ligado a morte. Usa preto, vermelho, branco e marrom, sua saudação: Tateto Mateba Sakula Oiza – Dixibe (O Pai da Ráfia Está Chegando – Silêncio)
Angorô e Angoroméa.
Assim como Njira, auxiliam na comunicação entre as divindades e os homens. São representados por uma cobra, sendo o primeiro ( Angorô ) masculino e o segundo ( Angoroméa ) feminino, sua saudação: Nganá Kalabasa – Angorô Le (Senhor do Arco Íris – Angorô Hoje
Kitembo ou Tempo.
É o responsável pelo tempo de forma geral, e especificamente, pelas mudanças climáticas (como chuva, sol, vento etc), portanto, atribuído a ele, o domínio sobre as estações do ano. É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca.
Usa cores fortes, como: vermelho, azul, verde, marron e branco, sua saudação: Nzara Kitembo – Kitembo Io (Gloria Kitembo – Kitembo do Tempo).
Tempo ou kitembo é um Nkise da nação de Angola, é o dono da bandeira de Angola, que podemos ver em qualquer casa de Candomblé, perto do assentamento de Tempo, uma grande vara com uma bandeira branca no topo.
Tempo é o Nkise senhor das estações do ano, regente das mutações climáticas. Ainda, é considerado o Pai da Maionga, que é o banho usado pelos seguidores e iniciados da Nação de Angola, tendo sua maior vibração justamente ao ar livre, ou seja, no tempo. É exatamente ali, no tempo, que este banho feito de ervas, água do mar, de cachoeira, de rio, chuva e outros elementares vai consagrar através de tempo este iniciado.
Tempo está associado à escala do crescimento, por isso sua ferramenta é uma escada com uma lança voltada para cima, em referência ao próprio tempo.
Como expliquei, este Nkise rege as estações do ano e está ligado ao frio, ao calor, a seca, as tempestades, ao ambiente pesado e ao ambiente agradável.
Conta uma lenda da Nação de Angola, que Tempo era um homem muito agitado que fazia e resolvia muitas coisas ao mesmo tempo. Entretanto, este homem vivia reclamando e cobrando de Zambi que o dia era muito pequeno para fazer e resolver tudo que quisesse. Um dia, Zambi lhe disse:
“Eu errei em sua criação, pois você é muito apressado.” Ele então respondeu a Zambi: “Não tenho culpa se o dia é pequeno e as horas miúdas, não dando tempo para realizar tudo que planejo”. A partir desse momento, Zambi então determinou que esse homem passa-se a controlar o tempo. Tendo} domínio sobre os elementares e movimentos da natureza. Assim nasceu o Nkise Tempo.
Matamba, Bamburussema, Nunvurucemavula.
Trata-se de um Nkise feminino, uma Nkisi amê. É guerreira e está intimamente ligada a morte, por conseguir dominar os mortos ( “Vumbe” ). Suas cores são o vermelho e o marrom avermelhado, sua saudação: Nenguá Mavanju – Kiuá Matamba (Senhora dos Ventos – Viva Matamba)
Kisimbi, Samba, Dandalunda.
Nkise feminino, uma Nkisi amê, representa a fertilidade, é a grande mãe. Seu domínio é sobre as águas doces. Sua cor é o amarelo ouro e o rosa, sua saudação: Mametu Maza Mazenza – Kisimbi ê (Oh, Mãe da Água Doce – Kisimbi ê)
Kaitumbá, Mikaiá, Kokueto.
Também um Nkise feminino, uma Nkisi amê, tem domínio sobre as águas salgadas ( ” Kalunga Grande” , o mar ). Sua cor: branco cristal, sua saudação: Kiuá Kokueto - Mametu Ria Amaze Kiuá (Viva Kokueto, Mãe das águas -Viva)
Zumbarandá.
É um Nkise feminino, uma Nkisi amê, representa o início, vez que, é a mais velha das mães. Também tem relação estrita com a morte. Sua cor: azul, sua saudação: Mametu Ixi Onoká – Zumbarandá (Mãe da Terra Molhada – Zumbarandá)
Wunje.
É o mais novo dos Nkises. Representa a mocidade, a alegria da juventude. Durante o toque para este Nkise, a dança se transforma numa grande brincadeira, sua saudação: Wunje Pafundi – Wunje ê (Wunje Feliz – Bem Vindo)
Lembá Dilê, Lembarenganga, Jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda.
Nkise da criação, ora apresenta-se como jovem guerreiro, ora como velho curvado. Está ligado a criação do mundo. Quando jovem tem como cores o branco e o azul, ou branco e prata, quando de idade avançada, apenas o branco, sua saudação: Kalaepi Sakula Lemba Dilê – Pembele (Quietos, Ai Vem o Senhor da Paz – Eu te Saudo)
Zambi, Zambiapongo.
Não se trata de um Nkise, mas sim do Deus Supremo, o grande criador. Na Angola toma-se benção como: Mukuiú – responde: Mukuiú no Zambi Para os NkisesKonzondiô – responde: Zambeuatala Para as Nkisi amêsEnuncy – responde: Sendalá com Samburiká – Para Nzaze
Munzenza – Iniciado
Ndunbe – Abian
Vumbi – Egun
Dizungu Kilumbe – Saída de santo
Dimba Inkice – Obrigações oferecidas aos Santos
Kumbi Ngoma – Dias de toque
Kufumala – Defumação
Dizungu – Nlungu
Ordem do barco:
Kamoxi Rianga – o primeiro
Kaiai Kairi – o segundo
Katatu Kairi – o terceiro
Kakuãna Kauanã – o quarto
Sukuranise – Troca das águas nas quartinhas
Kota – Filhos com mais de 07 anos de feitura
OS principais Nkisis no Brasil são:
Aluvaiá, Bombo Njila, Pambu Njila: – Intermediário entre os seres humanos e o outros Nkisis (cf. Exú Orixá). Na sua manifestação feminina, é chamado Vangira.
- Nkosi, Roxi Mukumbe: – Nkisi de guerra e Senhor das estradas de terra. Mukumbe, Biolê, Buré qualidades ou caminhos desse Nkisi.
- Ngunzu: – Engloba as energias dos caçadores de animais, pastores, criadores de gado e daqueles que vivem embrenhados nas profundezas das matas, dominando as partes onde o sol não penetra.
- Kabila: – O caçador pastor. O que cuida dos rebanhos da floresta.
- Mutalambô, Lambaranguange: – Caçador, vive em florestas e montanhas, Nkisi de comida abundante.
- Gongobira ou Gongobila: – Caçador jovem e pescador.
- Mutakalambô: – Tem o domínio das partes mais profundas e densas das florestas, onde o Sol não alcança o solo por não penetrar pela copa das árvores.
- Katendê: – Senhor das Jinsaba (folhas). Conhece os segredos das ervas medicinais.
- Nzazi, Loango: – São o próprio raio, entrega justiça aos seres humanos.
- Kaviungo ou Kavungo, Kafungê ou Kafunjê, Kingongo: – Nkisi da varíola, das doenças de pele, da saúde e da morte.
- Nsumbu – Senhor da terra, também chamado de Ntoto pelo povo de Kongo.
- Hongolo ou Angorô (masculino) e Angoroméa (feminino): – Auxilia na comunicação entre os seres humanos e as divindades (representado por uma cobra).
- Kindembu ou Nkisi Tempo: – Rei de Angola. Senhor do tempo e estações. É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca.
- Kaiangu: – Têm o domínio sobre o fogo.
- Matamba, Bamburussenda, Nunvurucemavula: – Qualidades ou caminhos de Kaiangu. guerreira, comanda os mortos (Nvumbe).
- Kisimbi, Samba_Nkisi: – A grande mãe; Nkisi de lagos e rios.
- Ndanda Lunda: – Senhora da fertilidade, e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi.
- Kaitumbá, Mikaiá, Kokueto: – Nkisi do Oceano, do Mar (Kalunga Grande)
- Nzumbarandá: – A mais velha das Nkisi, conectada para morte.
- Nvunji: – O mais jovem do Nkisi, Senhora da justiça. Representa a felicidade de juventude e toma conta dos filhos recolhidos.
- Lembá Dilê, Lembarenganga, Jakatamba, Nkasuté Lembá, Gangaiobanda: – Conectado à criação do mundo.
O Deus supremo e Criador é Nzambi ou Nzambi Mpungu; abaixo dele estão os Jinkisi/Minkisi, divindades da Mitologia_Bantu. Essas divindades se assemelham a Olorun e Orishas da Mitologia Yoruba, e Olorum e Orixá do Candomblé Ketu.
NAÇÃO ANGOLA
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Os Nkises
Os Nkises são para os Bantus o mesmo que orixás para os Yorubás, ou ainda, o mesmo que
vodum para os Daometanos. Muitos autores cometem o mesmo erro ao tratar das semelhanças existentes entre um Nkise, orixá ou vodum, pois confundem semelhanças com correspondência, fazendo-nos acreditar que na verdade se tratam da mesma divindade apenas com nome distinto.
Esta visão é equivocada, e cabe a nós desfazermos tal equívoco. Cada Nkise, orixá ou vodum
possui peculiaridades próprias, tratamento e culto diferenciados. Pode-se sim, dizer que existem pequenas coincidências, como por exemplo o fato de Kabila, Oxósse e Otulu serem caçadores, ou ainda, por usarem as mesmas cores. Mas não há que se confundir um e outro, pois mesmo em suas origens na África se diferem, sendo o primeiro ( Kabila ) originário do Congo, o segundo (Oxósse) originário das terras Yorubás e o último ( Otulu ) do Reino do Dahomé.
Desta forma, elenco abaixo alguns dos Nkises de Angola e Congo, sem fazer qualquer correspondência entre orixá ou vodum, dando ao lado de seus nomes uma breve descrição :
Aluvaiá, Bombojira, Vangira (feminino), Pambu Njila.
É o Nkise responsável pela comunicação entre as divindades e os homens. Está nas
ruas, é a este Nkise que pertencem as “bu dibidika jinjila” (encruzilhadas). Suas cores são preto, vermelho, sua saudação: Kiuá Luvaiá Ngananzila Kiuá (Viva Aluvaiá, Senhor dos Caminhos)
Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe.
É o Nkise da guerra, das estradas. É a ele que se fazem oferendas com o fim de obter
abertura de caminhos. Sua cor é o azul escuro, sua saudação: Luna Kubanga Mueto – Nkosi ê (Aquele que briga por nós – Nkosi ê)
Kabila, Mutalambô, Burungunzo.
Nkise caçador, habita as florestas ou montanhas. É o responsável pela fartura, pela
abundância de alimentos. Suas cores: verde para Mutalambô, Kabila e Burungunzo, e verde, azul e amarelo para Gongobira, sua saudação: Kabila Duilu – Kabila (Caçador dos Céus – Kabila)
Gongobira.
É um jovem caçador que obtém, seu sustento ora através da caça, ora através da pesca.
Suas características são as mesmas das dos caçadores ( Kabila, Mutambô, Lambaranguange) unidas as características dos Nkises da água doce ( Kisimbe, Samba ). Suas cores: verde cristal, azul cristal e amarelo ouro, sua saudação: Mutoni Kamona Gongobira – Muanza ê (Pescador Menino Gongobira – Rio ê)
Katendê.
Nkise dono dos segredos das ” nsabas” ( folhas, ervas ). Sua cor é o verde ou verde e
branco, sua saudação: Kisaba kiasambuká – Katendê (Folha Sagrada – Katendê)
Zaze, Luango.
Nkise responsável pela distribuição da Justiça entre os homens. Suas cores são: vermelho
e branco, sua saudação: A Ku Menekene Usoba Nzaji – Nzaze (Salve o Rei dos Raios - Grande Raio)
Kaviungo ou Kavungo, Kafungê e Kingongo.
É o Nkise responsável pela saúde, estando intimamente ligado a morte. Usa preto, vermelho,
branco e marrom, sua saudação: Tateto Mateba Sakula Oiza – Dixibe (O Pai da Ráfia Está Chegando – Silêncio)
Angorô e Angoroméa.
Assim como Njira, auxiliam na comunicação entre as divindades e os homens. São
representados por uma cobra, sendo o primeiro ( Angorô ) masculino e o segundo ( Angoroméa ) feminino, sua saudação: Nganá Kalabasa – Angorô Le (Senhor do Arco Íris - Angorô Hoje
Kitembo ou Tempo.
É o responsável pelo tempo de forma geral, e especificamente, pelas mudanças
climáticas (como chuva, sol, vento etc), portanto, atribuído a ele, o domínio sobre as estações do ano. É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca. Usa cores fortes, como: vermelho, azul, verde, marron e branco, sua saudação: Nzara Kitembo – Kitembo Io (Gloria Kitembo – Kitembo do Tempo)
Matamba, Bamburussema, Nunvurucemavula.
Trata-se de um Nkise feminino, uma Nkisi amê. É guerreira e está intimamente ligada
a morte, por conseguir dominar os mortos ( “Vumbe” ). Suas cores são o vermelho e o marrom avermelhado, sua saudação: Nenguá Mavanju – Kiuá Matamba (Senhora dos Ventos – Viva Matamba)
Kisimbi, Samba, Dandalunda.
Nkise feminino, uma Nkisi amê, representa a fertilidade, é a grande mãe. Seu domínio
é sobre as águas doces. Sua cor é o amarelo ouro e o rosa, sua saudação: Mametu Maza Mazenza – Kisimbi ê (Oh, Mãe da Água Doce – Kisimbi ê)
Kaitumbá, Mikaiá, Kokueto.
Também um Nkise feminino, uma Nkisi amê, tem domínio sobre as águas salgadas
( ” Kalunga Grande” , o mar ). Sua cor: branco cristal, sua saudação: Kiuá Kokueto - Mametu Ria Amaze Kiuá (Viva Kokueto, Mãe das águas -Viva)
Zumbarandá.
É um Nkise feminino, uma Nkisi amê, representa o início, vez que, é a mais velha das
mães. Também tem relação estrita com a morte. Sua cor: azul, sua saudação: Mametu Ixi Onoká – Zumbarandá (Mãe da Terra Molhada – Zumbarandá)
Wunje.
É o mais novo dos Nkises. Representa a mocidade, a alegria da juventude. Durante o
toque para este Nkise, a dança se transforma numa grande brincadeira, sua saudação: Wunje Pafundi – Wunje ê (Wunje Feliz – Bem Vindo)
Lembá Dilê, Lembarenganga, Jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda.
Nkise da criação, ora apresenta-se como jovem guerreiro, ora como velho curvado.
Está ligado a criação do mundo. Quando jovem tem como cores o branco e o azul, ou branco e prata, quando de idade avançada, apenas o branco, sua saudação: Kalaepi Sakula Lemba Dilê – Pembele (Quietos, Ai Vem o Senhor da Paz – Eu te Saudo)
Zambi, Zambiapongo.
Não se trata de um Nkise, mas sim do Deus Supremo, o grande criador.
TEMPO
Tempo ou kitembo é um Nkise da nação de Angola, é o dono da bandeira de Angola, que
podemos ver em qualquer casa de Candomblé, perto do assentamento de Tempo, uma grande vara com uma bandeira branca no topo.
Tempo é o Nkise senhor das estações do ano, regente das mutações climáticas. Ainda, é
considerado o Pai da Maionga, que é o banho usado pelos seguidores e iniciados da Nação de Angola, tendo sua maior vibração justamente ao ar livre, ou seja, no tempo. É exatamente ali, no tempo, que este banho feito de ervas, água do mar, de cachoeira, de rio, chuva e outros elementares vai consagrar através de tempo este iniciado.
Tempo está associado à escala do crescimento, por isso sua ferramenta é uma escada com uma
lança voltada para cima, em referência ao próprio tempo.
Como expliquei, este Nkise rege as estações do ano e está ligado ao frio, ao calor, a seca, as
tempestades, ao ambiente pesado e ao ambiente agradável.
Conta uma lenda da Nação de Angola, que Tempo era um homem muito agitado que fazia e
resolvia muitas coisas ao mesmo tempo. Entretanto, este homem vivia reclamando e cobrando de Zambi que o dia era muito pequeno para fazer e resolver tudo que quisesse. Um dia, Zambi lhe disse: “Eu errei em sua criação, pois você é muito apressado.” Ele então respondeu a Zambi: “Não tenho culpa se o dia é pequeno e as horas miúdas, não dando tempo para realizar tudo que planejo”. A partir desse momento, Zambi então determinou que esse homem passa-se a controlar o tempo. Tendo} domínio sobre os elementares e movimentos da natureza. Assim nasceu o Nkise Tempo.
OS CARGOS NA NAÇÃO DE ANGOLA
A partir da Mameto Ria Nkise Maria Nenen e de outros Tatetos como Bernardinho e Ciri Aco,
o culto banto ou Candomblé da Nação de Angola, como é chamado o culto no Brasil, teve maior destaque na comunidade afro-brasileira.
Estes negros ou bantos, como eram chamados devido a língua que falavam, seguiam a tradição
religiosa de lugares como: Kassanje, Munjolo, Kabinda, Luanda entre outros.
Mas, o culto banto tem sua liturgia particular e muito diferenciada das culturas yorubá e fon.
Abaixo, encontram-se desmembrados os cargos e funções em um Candomblé Banto:
***Ordem do barco:
01ºMuzenza Kamoxi Rianga (Kadianga) 02ºMuzenza Kaiai Kairi 03ºMuzenza Katatu Kairi 04ºMuzenza Kakuãna Kauanã 05ºMuzenza_Katanu 06ºMuzenza Lusamanu 07ºMuzenza Kasanbuadi 08ºMuzenza_kanaké 09ºMuzenza_kavua 10ºMuzenza kakuinhi
OS NOMES DOS NKISES
Na Angola os Nkises são masculinos
E Nkisi amês são femininos
Na Angola toma-se benção como:
Mukuiú – responde: Mukuiú no Zambi
Para os Nkises
Konzondiô – responde: Zambeuatala
Para as Nkisi amês
Enuncy – responde: Sendalá com Samburiká – Para Nzaze
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