quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A Chama que Não se Apaga: A Jornada de uma Filha da Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro

 A Chama que Não se Apaga: A Jornada de uma Filha da Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro



A Chama que Não se Apaga: A Jornada de uma Filha da Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro

Antes de seu corpo retornar ao pó e sua alma ascender às encruzilhadas eternas, ela já era uma ponte entre o visível e o invisível. Nascida sob um céu carregado de estrelas cadentes e o murmúrio dos orixás, Dona Clara — como era conhecida na vizinhança — não teve infância comum. Desde os primeiros passos, caminhava com os olhos fixos além do horizonte, como se visse o que os outros não ousavam nomear.

Morava em uma casa simples, nos arredores de uma cidade onde o asfalto ainda disputava espaço com a terra vermelha. Lá, entre panelas de barro, cheiro de incenso e o som distante dos atabaques, a Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro escolheu seu coração. A entidade se revelou a ela aos nove anos, numa noite em que o vento uivava como alma penada e as velas do quarto se acenderam sozinhas. Desde então, Dona Clara soube: não pertencia apenas a este mundo.

A vida lhe exigiu coragem cedo demais. Perdeu o pai ainda menina, viu a mãe adoecer de tristeza e, aos quinze, já cuidava da casa e dos irmãos mais novos. Mas mesmo na dor, nunca esteve só. A Sete Saias a guiava — ora com um sussurro de seda, ora com um grito de fogo. Ensinar-lhe-ia a curar com ervas, a desmanchar inveja com sal grosso e a acender velas com intenção, não com medo.

Com o tempo, sua casa tornou-se refúgio para os desesperados: mulheres traídas, homens perdidos, jovens sem rumo. Ela não cobrava — só pedia respeito, fé e uma flor vermelha deixada em silêncio. Trabalhava com a Gira com devoção absoluta, mas sem fanatismo. Sabia que a Pomba Gira não quer escravos: quer filhas e filhos livres, fortes e verdadeiros.

Nos últimos anos de sua vida terrena, Dona Clara dedicou-se a ensinar os mais jovens a montar seus altares, a ouvir os sinais e a honrar as entidades com dignidade. Dizia sempre:

"Quem busca a Sete Saias por vingança, queime as mãos. Quem a busca por amor-próprio, justiça e transformação… será abraçado por suas sete saias."

🌹 O Último Dia de Dona Clara

Na véspera de seu desencarne, Dona Clara preparou um banho de arruda, guiné e cravo-da-índia — não para si, mas para quem viesse buscá-la no dia seguinte. Deixou pão, mel e vinho tinto sobre o altar. Acendeu sete velas vermelhas, uma para cada saia da Rainha, e sussurrou um agradecimento profundo:

"Obrigada por me escolher. Obrigada por me ensinar. Agora, leva-me com tua graça."

Na madrugada seguinte, foi encontrada sentada em sua cadeira de balanço, de frente para o altar. Seus olhos estavam fechados como quem dorme em paz. Nas mãos, segurava um lenço vermelho — símbolo da Gira — e um cálice pela metade. Não houve dor, não houve sofrimento. Apenas o silêncio sagrado de quem cumpriu sua missão e foi chamada de volta pelas encruzilhadas.

Dizem que, naquela noite, todas as velas do bairro apagaram-se ao mesmo tempo — e que, ao amanhecer, sete pétalas de rosa vermelha foram encontradas espalhadas pelo quintal, mesmo sem roseira alguma por perto.

Sua partida não foi um fim. Foi uma iniciação eterna. Hoje, quem acende uma vela vermelha com coração aberto, sente sua presença — e a da Rainha das Encruzilhadas — dançando juntas na escuridão, guiando os que ousam caminhar com fé e fogo.


🌹 Como Montar seu Altar para Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro

O altar de Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro é um espaço sagrado onde a sensualidade, a justiça e a proteção se encontram. Ele deve ser montado com intenção, limpeza energética e muito respeito. Veja o passo a passo:

  1. Escolha o local: Prefira um canto da casa onde haja privacidade e tranquilidade. Pode ser no quarto, na varanda ou até em um armário dedicado — o importante é que seja seu espaço sagrado.

  2. Limpeza energética: Antes de colocar qualquer item, limpe o local com água de cheiro, arruda, guiné e sal grosso. Acenda um incenso de mirra ou benjoim para purificar o ambiente.

  3. Itens essenciais do altar:

    • Velas vermelhas e pretas (vermelho pela paixão e força; preto pela proteção e justiça).
    • Copo com água (renovado diariamente).
    • Perfume forte (preferencialmente jasmim, patchouli ou cravo).
    • Espelho (símbolo da vaidade e da verdade).
    • Pano vermelho ou preto para cobrir o altar.
    • Imagem ou ponto riscado da Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro.
    • Oferecimentos simbólicos: uva, vinho tinto, mel, pimenta, charutos, cigarros finos, doces de coco ou ameixa.
  4. Evite colocar imagens de outras entidades no mesmo altar, a menos que tenha orientação espiritual clara. A Pomba Gira é ciumenta e exige foco e lealdade.


🔥 Linhas de Trabalho da Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro

Dona Clara trabalhava principalmente com três linhas vibracionais da Sete Saias:

  • Linha da Justiça: para quem busca reparação, proteção contra inimigos e equilíbrio kármico.
  • Linha do Amor e Sedução: não para manipular, mas para atrair relações saudáveis, autoestima e empoderamento feminino.
  • Linha da Cura Espiritual: onde a Gira atua como curandeira das almas feridas, libertando traumas e vícios.

Ela sempre dizia: "A Sete Saias não brinca com coração partido — ela o reconstrói com fogo e flor."


🌙 Magias e Oferendas para Situações Específicas

Dona Clara ensinava que cada pedido exige um gesto simbólico alinhado à intenção. Abaixo, algumas práticas que ela repassava com carinho — sempre lembrando: nunca faça magia com ódio no coração. A Sete Saias age com justiça, não com maldade.

1. Magia da Proteção Contra Inimigos Ocultos

Quando sentir inveja, fofocas ou energias pesadas ao seu redor.

Oferenda:

  • 1 vela preta
  • 1 punhado de sal grosso
  • 7 folhas de guiné
  • 1 cálice com água e 3 gotas de vinagre

Modo de fazer:
Coloque os itens diante do altar. Acenda a vela preta e diga:

"Sete Saias do Cruzeiro, rainha das sombras e da luz, envolve-me em tua saia negra. Que meus inimigos caiam por terra, mas que eu não me torne como eles. Justiça, não vingança."
Deixe queimar até o fim. Enterre os restos em local afastado de casa.


2. Magia para Restaurar a Autoestima e o Poder Pessoal

Para mulheres (e homens) que se sentem apagados, traídos ou sem valor.

Oferenda:

  • 1 vela vermelha
  • 1 espelho pequeno
  • 1 colher de mel
  • 7 pétalas de rosa vermelha

Modo de fazer:
Limpe o espelho com água de rosas. Coloque-o sobre o altar, com a vela acesa à frente. Espalhe as pétalas ao redor e pingue o mel sobre o espelho. Olhe-se nos olhos e diga:

"Sete Saias, devolve-me meu brilho. Que eu me veja como tu me vês: digno(a), forte e amado(a)."
Deixe por 24h. Depois, lave o espelho com água corrente e guarde-o como talismã.


3. Oferenda para Desmanchar Traição e Restaurar a Verdade

Não para punir, mas para revelar a verdade e libertar o coração.

Oferenda:

  • 1 uva preta partida ao meio
  • 1 vela vermelha
  • 1 folha de papel com o nome da pessoa (ou “quem me traiu”)
  • Vinho tinto

Modo de fazer:
Escreva o nome (ou a frase) no papel. Coloque a uva sobre ele. Regue com um pouco de vinho. Acenda a vela e diga:

"Sete Saias, rainha das encruzilhadas, revela o que está escondido. Se há mentira, que se desfaça. Se há amor verdadeiro, que renasça. Mas se for ilusão, que eu tenha coragem de seguir."
Deixe queimar. Quando a vela apagar, enterre tudo sob uma árvore de folhas largas.


4. Oferenda Simples do Dia a Dia (para manter a conexão)

Dona Clara fazia isso toda sexta-feira:

  • Coloque um cálice com vinho tinto no altar.
  • Ofereça 3 uvas vermelhas e um doce de ameixa ou coco.
  • Acenda uma vela vermelha pequena.
  • Agradeça em silêncio ou com uma simples frase:

    "Obrigado(a), Rainha. Estou aqui. Ensina-me."

Renove os elementos no dia seguinte. O vinho pode ser jogado na terra; as uvas, enterradas.


💫 Uma Herança de Fogo e Flor

Dona Clara partiu, mas sua doutrina permanece. Seu altar ainda inspira. Suas palavras ainda curam. E sua devoção à Pomba Gira Sete Saias do Cruzeiro serve de farol para todos que buscam justiça, amor verdadeiro e liberdade espiritual.

Que sua história não seja contada apenas como memória — mas como chamado.


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