segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Exu dos Ventos: O Mensageiro que Dança nas Tempestades Escrito com respeito, reverência e o sopro dos orixás.

 Exu dos Ventos: O Mensageiro que Dança nas Tempestades

Escrito com respeito, reverência e o sopro dos orixás.

Exu dos Ventos: O Mensageiro que Dança nas Tempestades

Escrito com respeito, reverência e o sopro dos orixás.


Capítulo I – O Nascimento sob o Trovão

Nas planícies do sertão nordestino, onde o vento corta a pele como faca e o sol queima até a alma, nasceu Zé Ventania — mais tarde conhecido como Exu dos Ventos. Seu nascimento não foi comum: veio ao mundo numa noite em que Iansã dançava furiosa nos céus, agitando seus panos de relâmpago, enquanto Xangô trovejava em julgamento sobre os homens corruptos da região.

Sua mãe, Dona Lúcia, era parteira e rezadeira, descendente de uma linhagem de pajés indígenas misturada ao sangue nagô trazido nas correntes dos navios negreiros. Seu pai, Manoel do Sopro, era um tropeiro mudo — dizia-se que perdera a fala após ver um Exu dançando no meio de uma tempestade de areia. Desde o berço, Zé era agitado, inquieto, como se o vento soprasse dentro dele.

Crianças costumam ter medo do escuro. Zé tinha medo da calmaria.
— “Quando o vento para,” dizia ele com apenas sete anos, “é porque alguém está prestes a morrer.”


Capítulo II – O Dom e a Maldição

Zé cresceu com um dom raro: conseguia ler os ventos. Sabia quando viria chuva, quando haveria seca, quando um inimigo se aproximava — tudo pelo sussurro do ar. Tornou-se guia de caravanas, curandeiro de almas perdidas, mediador entre vivos e mortos. Mas, como todo dom verdadeiro, veio com uma maldição: nunca poderia se apegar.

Aos dezenove anos, apaixonou-se por Isaura, filha de um coronel de Juazeiro. Ela era doce como o mel de jurema, mas frágil como folha seca. Juraram amor eterno sob uma árvore de baraúna, enquanto o vento carregava suas promessas para os quatro cantos do mundo.

Mas o vento também leva embora.

Quando o pai de Isaura descobriu o romance, mandou prendê-la em casa e jurou matar Zé. Na noite em que Zé tentou resgatá-la, uma ventania inesperada levantou poeira tão densa que cegou os capangas — mas também desviou o caminho de Isaura, que, desorientada, caiu num riacho seco e quebrou o pescoço.

Zé encontrou seu corpo ao amanhecer, abraçado a uma raiz, com os olhos abertos para o céu.
Chorou uma só lágrima.
E o vento a levou para sempre.


Capítulo III – A Morte que Virou Tempestade

Depois da morte de Isaura, Zé desapareceu por sete anos. Dizem que vagou pelos desertos do Piauí, pelas dunas do Rio Grande do Norte, pelas serras de Minas, conversando com os espíritos do ar. Retornou transformado: usava roupas feitas de retalhos de velas de barco, colares de penas de urubu e um chapéu de couro onde pendurava sinos que tilintavam com o menor sopro.

Mas o ódio do coronel não esfriara.
Numa noite de lua escura, mandou seus homens cercarem Zé na encruzilhada de três estradas. Não houve luta. Zé apenas sorriu, levantou os braços e disse:
— “Levem meu corpo. Mas minha alma já pertence ao vento.”

Atiraram.
Mas, ao cair, não houve sangue — apenas uma rajada de vento tão forte que derrubou todos os homens e levantou uma tempestade de areia que durou três dias. Quando o céu clareou, o corpo de Zé havia desaparecido. Em seu lugar, restava apenas um coco seco girando no ar, como se sustentado por mãos invisíveis.

Naquela noite, em todos os terreiros do Nordeste, os médiuns ouviram um sussurro no vento:
“Sou Exu dos Ventos. Guardião das mensagens, senhor das correntes invisíveis. Quem me invoca com respeito, terá seus pedidos levados aos orixás. Quem me desrespeita… será levado pelo redemoinho.”


Capítulo IV – Linha, Comando e Missão

Exu dos Ventos atua na Linha de Exu Aéreo, uma vertente rara e poderosa ligada aos elementos sutis: ar, movimento, comunicação, velocidade e transformação. É comandado diretamente por Iansã, a rainha dos ventos e orixá da justiça implacável, mas também recebe ordens de Ogum, quando há batalhas espirituais a serem travadas.

Sua missão?
Levar e trazer.
Leva os pedidos dos humanos aos orixás.
Traz as respostas, os sinais, os avisos.
Mas também leva embora ilusões, mentiras e energias estagnadas — tudo o que pesa na alma.

É um Exu de movimento constante, nunca parado, nunca previsível. Trabalha com espíritos que morreram em viagem, afogados no ar (como em acidentes aéreos), ou que tiveram sua voz calada antes do tempo.


Capítulo V – Como Montar o Altar de Exu dos Ventos

O altar de Exu dos Ventos nunca deve ser fechado. Precisa estar exposto ao ar livre, em local alto (como um telhado, varanda ou colina), onde o vento possa circular livremente.

Elementos essenciais:

  • Velas vermelhas e brancas (branco pelo ar puro, vermelho pela força)
  • Penacho de penas (de gavião, coruja ou urubu — símbolo de mensageiros)
  • Carranca de barco ou miniatura de veleiro
  • Sininhos de metal (para chamar sua atenção com o vento)
  • Água de coco fresca (símbolo da vida que flui)
  • Fumo de corda ou charuto
  • Pó de giz branco e vermelho para riscar pontos riscados no chão
  • Um espelho redondo (para refletir os ventos invisíveis)

Nunca use plástico ou materiais sintéticos. Tudo deve ser natural, leve, móvel.


Capítulo VI – Oferendas para Situações Específicas

  1. Para mensagens urgentes aos orixás (pedidos de cura, proteção, orientação):
    Ofereça 7 penas brancas, um copo de água de coco e um charuto aceso ao pôr do sol. Sussurre seu pedido ao vento. Diga:
    “Exu dos Ventos, leva minha voz até os pés de Iansã. Que ela ouça, decida e envie resposta nos sussurros da noite.”

  2. Para afastar fofocas, calúnias e energias de inveja:
    Pegue 7 folhas de arruda e 7 pimentas secas. Amarradas com linha vermelha, jogue-as ao vento em uma encruzilhada, dizendo:
    “Exu dos Ventos, leva embora o que não me pertence. Que a inveja voe longe e nunca mais me encontre.”

  3. Para viagens seguras (físicas ou espirituais):
    Antes de viajar, acenda uma vela branca e peça proteção. Deixe um sininho pequeno no altar. Ao retornar, agradeça com mel e fumo.


Capítulo VII – Magias com o Sopro de Exu dos Ventos

Magia do Pedido Rápido:
Escreva seu desejo em papel branco com tinta vermelha. Enrole com uma pena e amarre com fio de algodão. Suba em um lugar alto (colina, telhado) e solte ao vento, dizendo:
“Vai, meu pedido, nas asas de Exu dos Ventos. Que chegue onde deve chegar, sem demora, sem obstáculo.”

Magia para Clarear a Mente (em momentos de confusão):
Sente-se ao ar livre ao amanhecer. Respire fundo sete vezes. Com giz branco, desenhe um círculo ao seu redor. Peça a Exu dos Ventos que sopre a névoa da sua mente. Permaneça em silêncio por 15 minutos. Ao levantar, jogue sal grosso no vento.


Epílogo – O Vento Nunca Morre

Exu dos Ventos não habita templos de pedra.
Habita o suspiro antes da decisão,
o arrepio antes do encontro,
o silêncio entre dois pensamentos.

Ele é o que move o mundo quando tudo parece parado.
É o mensageiro que não escolhe lado — apenas cumpre a missão.

Respeite-o.
Honre-o.
E, acima de tudo, nunca minta ao vento.
Porque ele leva tudo…
até a verdade que você tenta esconder.


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