Pomba Gira Maria Mulambo das 7 Figueiras: A Senhora das Sombras Sagradas
Uma lenda nascida entre raízes, espinhos e o sussurro dos espíritos da mata
Pomba Gira Maria Mulambo das 7 Figueiras: A Senhora das Sombras Sagradas
Uma lenda nascida entre raízes, espinhos e o sussurro dos espíritos da mata
Capítulo I: Raízes na Terra Encantada
No interior profundo de Minas Gerais, onde as montanhas beijam as nuvens e os rios guardam segredos milenares, erguia-se um pequeno povoado chamado São João das Figueiras. Ali, entre sete figueiras centenárias que formavam um círculo perfeito — como se plantadas pelas mãos de um orixá —, nasceu Maria Florência de Souza, em 1871.
Filha de Dona Izabel, parteira e rezadeira conhecida por curar com folhas e fé, e de Seu Manoel, um tropeiro que desapareceu numa noite de temporal sem jamais voltar, Maria cresceu entre ervas medicinais, pontos cantados e histórias de encantados. Desde menina, falava com as figueiras. Dizia que elas lhe contavam segredos: quem viria, quem partiria, quem trairia, quem amaria.
Os mais velhos do terreiro cochichavam: “Essa menina tem pacto com a mata.”
Capítulo II: Amores Sob as Figueiras
Na juventude, Maria era bela como o luar sobre o rio das Pedras. Seus olhos eram verdes como as folhas novas, e seu riso ecoava como sino de capela abandonada. Seu primeiro amor foi Antônio, um vaqueiro de olhar sereno e mãos calejadas. Juraram-se sob a figueira mais antiga, a que os índios chamavam de “Árvore da Memória”.
Mas Antônio foi levado pela febre amarela antes do casamento. Maria enterrou seu anel de prata aos pés da árvore e jurou nunca mais amar.
Anos depois, conheceu Dona Clarice, uma professora exilada por amar outra mulher. As duas viveram um amor secreto na casa de barro nos fundos do povoado, cercadas pelas sete figueiras. Por um tempo, foram felizes. Até que Clarice foi denunciada. Fugiu de madrugada, deixando apenas um lenço branco pendurado no galho mais baixo da figueira do poente.
Maria ficou sozinha novamente — mas não desamparada. As figueiras a abraçaram.
Capítulo III: A Morte nas Raízes da Verdade
Em 1910, o povoado foi assolado por rumores: diziam que Maria fazia pactos com o diabo, que invocava espíritos nas noites de lua cheia, que curava com sangue de cobra e lágrimas de mulher traída. Um grupo de fanáticos, liderado pelo novo vigário, Padre Inácio, decidiu “purificar” o lugar.
Numa noite de São Bartolomeu, invadiram sua casa. Maria, sabendo do que viria, vestiu seu único vestido vermelho, penteou os cabelos com óleo de andiroba e caminhou até o círculo das sete figueiras. Lá, ajoelhou-se, beijou a terra e disse:
“Se minha alma é pecado, que as raízes me levem. Se é sagrada, que as folhas me guardem.”
Foi apedrejada até a morte sob as figueiras. Seu sangue escorreu pelas raízes, e dizem que, na manhã seguinte, todas as árvores floresceram fora de época, com flores vermelhas como rubis.
Capítulo IV: Ascensão como Pomba Gira das 7 Figueiras
No plano espiritual, Maria foi recebida por Exu da Mata, guardião dos caminhos selvagens e dos segredos da floresta. Ele a levou até Oxóssi, senhor das matas e da sabedoria ancestral, que lhe deu o arco da intuição e a flecha da verdade. Depois, Iansã, senhora dos ventos e das transformações, soprou em sua alma o fogo da justiça.
Mas foi Oxum, orixá das águas doces e do amor profundo, quem a consagrou como Pomba Gira Maria Mulambo das 7 Figueiras — entidade da Linha das Matas e das Almas Silvestres, especializada em:
- Magia com ervas e raízes;
- Proteção de mulheres da roça e LGBTQIA+ perseguidos no interior;
- Desfazer feitiços feitos com inveja rural;
- Conectar os vivos às memórias das árvores e dos antepassados.
Ela é comandada por Exu da Mata e tem forte ligação com Oxóssi, Oxum e Iansã. Também é irmã espiritual de Pomba Gira Cigana e Maria Padilha da Encruzilhada, mas sua força vem da terra, das raízes e do silêncio sagrado da floresta.
Capítulo V: Como Trabalha Maria Mulambo das 7 Figueiras
Ela atua com delicadeza, mas com firmeza. Não gosta de barulho, nem de oferendas extravagantes. Prefere simplicidade, respeito à natureza e intenção pura.
Seus trabalhos incluem:
- Banho de descarrego com folhas de figueira;
- Desmanche de demandas feitas com sal grosso e inveja de vizinho;
- Abertura de caminhos para quem vive no campo ou busca retorno às origens;
- Proteção contra maldade disfarçada de “tradição”.
Ela é especialmente invocada por mulheres solteiras, viúvas, lésbicas do interior e curandeiras perseguidas.
Capítulo VI: Altar de Maria Mulambo das 7 Figueiras
Monte o altar sob uma árvore ou perto de uma planta viva, de preferência com terra visível.
Elementos essenciais:
- Toalha verde-escura ou marrom (cores da terra e da mata);
- 7 folhas frescas de figueira (renovadas semanalmente);
- 1 vela verde ou vermelha (acesa às quartas ou sextas);
- 1 taça com cachaça envelhecida ou mel de engenho;
- Um pequeno vaso com terra das sete figueiras (ou de qualquer árvore antiga);
- 1 faca de madeira ou osso (símbolo de corte de laços negativos);
- Incenso de alecrim, arruda ou folha de louro;
- Uma boneca de pano com vestido vermelho e véu verde (representação da entidade).
Nunca use plástico ou objetos sintéticos — ela honra o natural.
Capítulo VII: Oferendas para Situações Específicas
🌿 Para proteção contra inveja no campo ou na família:
Ofereça 7 folhas de figueira + mel + fumo de rolo sob uma árvore antiga. Diga:
“Maria Mulambo das 7 Figueiras, tu que conheces o veneno disfarçado de bênção, envolve meu lar com tuas raízes. Que nenhuma língua me atinja, nenhum olho me quebre.”
💧 Para cura emocional e ligação com os antepassados:
Banho com folhas de figueira, manjericão e água de coco ao amanhecer. Enquanto se banha, peça:
“Mãe Maria, abre meu caminho com as raízes dos que me antecederam. Que eu saiba de onde venho para saber aonde vou.”
🔥 Para afastar falsos amigos ou traições familiares:
Escreva os nomes em papel pardo. Envolva com espinhos secos e enterre sob uma figueira, dizendo:
“Pelas sete raízes que te sustentam, Maria Mulambo, corta todo laço que me prende à falsidade. Que a terra os absorva, e eu fique em paz.”
Capítulo VIII: Magias da Mata com Maria Mulambo
🌳 Magia da Figueira Guardiã (para proteção da casa):
Plante uma muda de figueira (ou qualquer árvore nativa) no quintal. Ao plantar, diga:
“Maria Mulambo das 7 Figueiras, que esta árvore seja teu olho, tua sombra, tua proteção. Ninguém entra aqui sem tua permissão.”
🌙 Magia do Orvalho da Verdade (para clareza mental):
Na madrugada de lua minguante, colha orvalho com um pano branco sob uma figueira. Use para limpar o rosto e espelho, pedindo:
“Mostra-me o que está escondido, Maria. Que eu veja com teus olhos, não com meus medos.”
Epílogo: A Árvore que Virou Rainha
Maria Mulambo das 7 Figueiras não é apenas uma pomba gira. Ela é a memória viva da resistência feminina no sertão, da espiritualidade que brota da terra, do amor que não se curva às leis dos homens.
Ela não habita templos de mármore — habita raízes, ventos, silêncios.
Não pede ouro — pede respeito à natureza e coragem para ser quem se é.
E quando o vento balança as folhas de uma figueira à noite...
É ela sussurrando: “Estou aqui. Sempre estive.”
“Minha coroa não é de ouro. É de folhas. Meu trono não é de marfim. É de raízes. E meu reino? Meu reino é onde a alma encontra seu lar.”
— Maria Mulambo das 7 Figueiras
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Ofereça com humildade. Trabalhe com ética. E jamais corte uma árvore sem pedir licença. 🌿🌹