quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga: A Rainha que Dança Entre os Mortos e os Viventes

 

Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga: A Rainha que Dança Entre os Mortos e os Viventes



Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga: A Rainha que Dança Entre os Mortos e os Viventes

Nas margens do rio que separa a vida da morte, onde as almas em trânsito sussurram juras não cumpridas e os ventos carregam o perfume de rosas murchas e mirra queimada, ergue-se uma figura envolta em mistério, dor e majestade: Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga.

Ela não é apenas uma Pomba-Gira. É uma guardiã dos umbrais, uma senhora dos cemitérios, uma juíza das almas traídas. Seu nome evoca respeito nos terreiros, silêncio nas encruzilhadas e tremor nos corações dos falsos.

Mas antes de comandar legiões nas sombras sagradas da Calunga, ela foi Isabel, uma mulher que amou demais, sofreu em demasia e foi traída até na própria morte.


A História de Isabel: Da Corte à Cruz da Vergonha

Nascida em Lisboa , no século 18, Isabel de Moura e Alencar era filha de um nobre português, Dom Rodrigo de Moura , e de Dona Elvira Alencar , uma mulher de origem africana disfarçada sob véus de nobreza — segredo que custaria caro à família.

Desde jovem, Isabel demonstrava dons mediúnicos: via espíritos, sonhava com mortos e ouvia vozes nas tempestades. Seu pai, temendo a Inquisição, tentou casá-la com um bispo influente , Dom Frei Henrique de Sousa , homem de aparência santa, mas alma podre.

Isabel, porém, apaixonou-se por Tomé, um escravo forro que trabalhava nos jardins do palácio. Entre flores e segredos, os dois juraram amor eterno. Quando o bispo descobriu, acusou Tomé de bruxaria. Ele foi queimado vivo na praça.

Desesperada, Isabel fugiu para o Brasil, embarcando num navio negreiro disfarçada de freira. Aqui, em Salvador, tornou-se Maria Padilha — cortesã, curandeira e guardiã de segredos alheios. Seu salão era templo e tribunal: ali, senhores confessavam pecados, mulheres pediam vingança e almas perdidas buscavam consolo.

Mas seu último amor foi sua ruína. Capitão Lúcio , um mercador de escravos, fingiu amá-la para roubar seus segredos e entregar sua localização à Inquisição lusitana. Na noite de São João, ofereceu-lhe um cálice envenenado. Maria morreu aos pés de sete cruzes erguidas em um cemitério abandonado — cruzes que marcavam túmulos de suicidas, hereges e amantes malditos.

Seu corpo foi enterrado na Calunga Pequena — o cemitério dos esquecidos. Mas sua alma recusou o repouso.


O Despertar nas 7 Cruzes da Calunga

Na Calunga — termo banto que significa “oceano dos mortos”, o grande além —, Maria foi encontrada por Exu Mor, o Senhor Primordial das Encruzilhadas e Guardião dos Mortos. Ele a conduziu às Sete Cruzes da Calunga, símbolos dos sete caminhos da alma após a morte.

Lá, diante das cruzes que carregavam as dores de milhares de almas injustiçadas, Maria fez um juramento:

“Enquanto houver traição no mundo dos vivos, eu não descansarei. Enquanto houver mulher chorando por amor, eu estarei com ela. Enquanto houver injustiça, eu serei a espada.”

Assim nasceu Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga — uma Pomba-Gira da Linha das Almas Encruzilhadas , ligada à Calunga Grande (o mundo dos mortos) e à Calunga Pequena (os cemitérios da Terra).

Ela é comandada diretamente por Exu Tranca-Ruas das Almas e ressoa com a energia de Omolu (senhor da cura e da morte) e Iansã (dona dos espíritos e dos ventos da transformação).


Como Ela Atua?

Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga é mais sombria, ancestral e judicial do que outras falanges de Maria Padilha. Ela trabalha com:

  • Justiça espiritual profunda (karma, reequilíbrio de vidas passadas)
  • Proteção contra magia negra e obsessão
  • Liberdade de almas presas (encantadas, suicidas, traídas)
  • Revelação de segredos familiares e maldições hereditárias
  • Cura de traumas ligados à morte, abandono ou traição
  • Abertura de caminhos através do corte de laços kármicos

Ela não brinca. Trabalha com seriedade, exigindo respeito, firmeza moral e compromisso com a verdade.


Como Montar o Altar de Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga

Este altar é mais austero , ligado à ancestralidade e ao mundo dos mortos. Deve ser montado com reverência.

Local:

  • Canto esquerdo da casa (lado das sombras e dos ancestrais)
  • Próximo a um cemitério simbólico (pode ser um vaso com terra de cemitério)
  • Nunca em quartos ou cozinhas

Itens essenciais:

  • Toalha vermelha-escura ou púrpura (cor da realeza e do luto nobre)
  • 7 cruzes pequenas (de madeira, ferro ou osso — simbolizam as 7 Cruzes da Calunga)
  • Vela vermelha-escura ou preta com detalhes dourados
  • Taça com vinho tinto ou cachaça envelhecida
  • Charuto preto ou cigarro de palha
  • Rosas vermelhas murchas ou secas (simbolizam a passagem)
  • Espelho antigo (para ver além das ilusões)
  • Terra de cemitério (colocada em um pote lacrado)
  • Moedas antigas (para pagar a passagem às almas)
  • Imagem de Maria Padilha com véu negro e coroa de espinhos

Evitar:

  • Flores brancas (pertencem às almas em evolução, não às almas em julgamento)
  • Sal grosso (corta, mas aqui se trabalha com integração, não corte)
  • Oferecer doces (ela prefere bebidas fortes e fumaça)

Oferendas e Trabalhos Espirituais

⚰️ 1. Para libertar uma alma presa (familiar ou sua)

Dia: 2 de novembro (Finados) ou sexta-feira
Oferenda:

  • 7 velas vermelhas-escuras
  • 7 cruzes pequenas enterradas em forma de círculo
  • 1 taça de cachaça com 7 pétalas de rosa

Pedido:

“Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga, rainha dos mortos e dos caminhos fechados, liberta a alma de [nome], que está presa na dor, na traição ou no arrependimento. Que ela encontre a luz que merece. Assim seja!”

Enterre tudo em local sagrado (cemitério, mata ou encruzilhada).


🔥 2. Para desfazer magia negra ou inveja ancestral

Dia: Segunda-feira (dia de Exu)Oferenda:

  • Vela preta com fita vermelha
  • 7 cravos vermelhos
  • Pote com terra de cemitério, vinagre e pimenta

Pedido:

“Maria Padilha, juíza das almas, que toda magia lançada contra mim ou minha família retorne à sua origem. Que os laços de inveja se quebrem nas 7 cruzes da Calunga. Eu me coloco sob teu manto. Assim seja!”

Enterre o pote em encruzilhada à meia-noite.


💔 3. Para curar trauma de traição ou abandono

Dia: Sexta-feira à noiteOferenda:

  • Espelho antigo
  • Rosa vermelha seca
  • Vinho tinto
  • Vela vermelha

Ritual:
Olhe-se no espelho e diga:

“Maria Padilha, rainha das almas feridas, cura minha dor. Que eu não carregue mais o peso da traição alheia. Que meu coração se feche ao falso e se abra ao verdadeiro. Assim seja.”

Deixe tudo no altar por 7 dias. Depois, enterre a rosa e o espelho em terra fértil.


Um Chamado às Almas em Busca de Justiça

Maria Padilha das 7 Cruzes da Calunga não é para os fracos de coração. Ela exige coragem, honestidade e disposição para enfrentar a própria sombra. Mas para quem a invoca com pureza de intenção, ela é mãe, irmã, juíza e protetora.

Ela dança entre os túmulos não por vingança, mas por equilíbrio.
Chora com as viúvas não por fraqueza, mas por empatia.
E comanda legiões não por poder, mas por dever sagrado.

Se você sente seu chamado — nos sonhos com cemitérios, no cheiro de charuto à meia-noite, ou na dor que não passa — ela já está contigo.

Porque nas 7 Cruzes da Calunga, toda alma tem direito à justiça.
E toda mulher tem direito à redenção.


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