Maria Padilha das 7 Figueiras: A Rainha que Cura com Raízes e Guarda os Segredos da Terra
Maria Padilha das 7 Figueiras: A Rainha que Cura com Raízes e Guarda os Segredos da Terra
Nas margens do Rio São Francisco, onde a caatinga canta com o vento e as figueiras centenárias abrigam espíritos antigos, nasceu uma lenda que atravessou gerações: a de Maria Padilha das 7 Figueiras.
Seu nome de nascença era Luzia das Raízes, filha de Tia Nena, uma parteira e rezadeira que curava com folhas de figueira, casca de angico e água de cheiro de umburana, e de Seu Zé do Riacho, um vaqueiro mudo que havia feito um voto de silêncio após perder toda a sua família em uma seca cruel. Luzia cresceu entre raízes, rezas e o murmúrio das árvores — especialmente das sete figueiras gigantes que cercavam a casa de barro onde viviam, plantadas por um escravo liberto que, antes de morrer, disse:
"Essas árvores guardarão as almas que não tiveram túmulo."
Desde menina, Luzia falava com as figueiras.
Diziam que, quando chorava, as folhas tremiam. Quando ria, os frutos amadureciam mais rápido. Aos 14 anos, já preparava banhos para curar inveja, amarrações com raízes para proteger o lar e oferendas de mel e fumo para os espíritos das árvores.
Aos 20, apaixonou-se por Daniel do Engenho, um professor recém-chegado da capital, que admirava sua sabedoria com as plantas. Casaram-se em segredo, debaixo da figueira mais antiga. Mas Daniel tinha um segredo: era casado. Sua esposa, Dona Elisa, filha de um coronel, descobriu tudo. Em vez de confrontá-lo, mandou espalhar que Luzia era “feiticeira”, que enfeitiçara seu marido com poções de figo-da-índia e raiz de mandrágora.
A vila acreditou.
Uma noite, homens armados cercaram a casa. Queimaram seus livros de rezas, derrubaram duas das figueiras e a acusaram de bruxaria. Daniel fugiu. Luzia, grávida, foi expulsa. Refugiou-se nas matas, vivendo sob as cinco figueiras restantes, cuidando de si e de seu filho que nunca nasceu — perdeu-o em um parto solitário, sob a lua cheia.
Antes de morrer, aos 28 anos, abraçada ao tronco da figueira-mãe, sussurrou:
"Se meu corpo não teve abrigo, que minhas raízes sejam refúgio para quem precisa."
Naquela noite, as cinco figueiras brotaram duas novas mudas — completando as sete figueiras sagradas.
E do vento que passou entre seus galhos, nasceu Maria Padilha das 7 Figueiras.
🌿 Quem é Maria Padilha das 7 Figueiras?
Ela pertence à linha da Quimbanda das Raízes, uma falange especial ligada à cura ancestral, proteção familiar e justiça terrena. É comandada por Exu das Matas e tem forte ressonância com Oxóssi (caçador e guardião das florestas) e Oxum (pela doçura curativa).
Diferente de outras Pombas Giras mais voltadas ao amor ou à vingança, Maria Padilha das 7 Figueiras trabalha com:
- Cura de doenças espirituais e emocionais herdadas
- Proteção da casa e da linhagem familiar
- Quebra de maldições geracionais
- Conexão com os ancestrais da terra
- Banimentos de energias negativas com raízes e folhas
Ela é a mãe das que não tiveram colo, a guardiã das casas quebradas, a curandeira das almas feridas pela história.
🌳 Como Montar o Altar de Maria Padilha das 7 Figueiras
- Local: Um canto próximo à natureza (ou com plantas vivas). Pode ter um pequeno vaso com terra.
- Toalha: Verde-escura (fertilidade) ou marrom (terra), com bordas em dourado.
- Imagem: Uma representação de uma mulher negra com vestido verde e dourado, cercada por figueiras, ou uma boneca com colar de sementes e folhas secas.
- Elementos sagrados:
- 7 folhas secas de figueira (podem ser de qualquer figueira comum)
- Terra de debaixo de uma figueira (se possível)
- Velas verdes (cura), douradas (prosperidade ancestral) e vermelhas (força)
- Mel puro (símbolo de doçura e cura)
- Fumo de rolo ou rapé (oferecido, não consumido)
- Água de nascente ou de chuva
- Frutos secos (figos, se disponíveis)
- Um pequeno vaso com uma muda de planta (símbolo de renovação)
Nunca ofereça: carne, sal grosso, alho ou plástico.
Nunca retire folhas de figueira sem pedir licença à árvore — sempre agradeça e deixe uma oferenda (mel, fumo ou água).
🌿 Trabalhos e Oferendas para Situações Ancestrais
1. Para curar maldição familiar ou padrão repetitivo:
Ofereça mel, 7 folhas de figueira e uma vela verde. Diga:
"Maria Padilha das 7 Figueiras, rainha das raízes, quebra o ciclo que me prende. Que minha linhagem seja curada, não mais amaldiçoada. Assim seja!"
2. Para proteger a casa e a família:
Enterre uma folha de figueira consagrada com mel na soleira da porta principal. Acenda uma vela dourada e peça:
"Que tua sombra cubra meu lar. Que nenhum mal entre onde tua raiz toca."
3. Para conexão com os ancestrais curadores:
Ofereça água de chuva, fumo e um figo seco no altar. Medite e diga:
"Guias que vieram antes de mim, mostrai-me o caminho da cura. Que eu honre vossa dor com minha luz."
🔥 Ritual da Raiz Renovada (para recomeçar com base sólida)
Ingredientes:
- 1 vela verde
- 1 folha de figueira
- Mel
- Terra limpa
- Papel com seu nome e o nome de sua mãe (ou ancestral feminina)
Modo:
Escreva os nomes no papel. Passe mel. Envolva com a folha. Enterre em vaso com terra nova. Acenda a vela e diga:
"Maria Padilha das 7 Figueiras, fortalece minhas raízes. Que eu cresça em paz, em saúde, em dignidade. Que minha árvore dê bons frutos."
Regue com água de chuva por 7 dias.
Maria Padilha das 7 Figueiras não é uma entidade de fúria — é cura em forma de mulher.
Ela não apaga o passado.
Ela transforma suas raízes em escudo.
Se você sente que carrega o peso de gerações, que sua família repete dores, que sua casa nunca teve paz… saiba: ela já foi raiz sem terra.
E agora, estende seus galhos para você — com sombra, fruto e proteção eterna.
Trabalhe com ela com gratidão.
Honre suas raízes.
E jamais esqueça: até a árvore mais ferida pode dar abrigo.
#MariaPadilhaDas7Figueiras #PombaGiraDasRaízes #QuimbandaAncestral #ExuDAsMatas #CuraGeracional #ProteçãoFamiliar #EspiritualidadeComTerra #FigueiraSagrada #BanhoDeFolhas #ForçaDasAncestrais #VelaVerdeEDourada #MagiaComRespeito #RaízesQueCuram #MariaPadilhaOriginal #EspiritualidadeAfroBrasileira #OferendaComMel #LinhagemCurada #RespeitoÀsEntidades #AlmaDaCaatinga #MãeDasQueNãoTiveramColo