Tereza sambava na roda de samba, como fazia todas as noites.
MARIA NAVALHA E ZÉ PILINTRATereza sambava na roda de samba, como fazia todas as noites. Malandro era o homem que tinha coragem de mexer com essa mulher, até os mais fortes correm quando escutam o nome dela, diziam que ela sempre estava com uma navalha escondida na saia.
Mas a verdade é que, Tereza sempre foi sozinha e independente, aprendeu a se defender sozinha por causa de problemas que passou na infância.
Enquanto sambava, um homem teve coragem de se apresentar a ela e impressionar com seu pé de dança, seu nome era José pilintra. Esse foi o começo de uma longa e intensa história de paixão.
Tereza nada sabia de José pilintra. Eles mantinham um relacionamento e se viam todos os dias, mas nunca era planejado. Se encontravam nos sambas ou quando Tereza voltava da macumba ele estava deitado em sua cama.
Um dia, enquanto estava subindo o morro a noite, ouviu gritos e resolveu parar para ver se estava tudo bem.
"Você vai me trair até quando, Zé?"
"Nós temos filhos, você precisa trabalhar para me ajudar a sustentar"
"Você é um péssimo homem"
E na janela da casa quem apareceu foi seu amante, José pilintra. A mulher com quem discutia era sua esposa e a criança em seu colo era sua filha, assim como a outra que chorava olhando a briga.
Furiosa, Tereza subiu o morro para sua casa, deitou mas deixou a navalha debaixo do vestido.
Pouco tempo depois, batidas apressadas em sua porta, e ela já sabia quem era. O convidou para entrar, e o questionou sobre o que viu mais cedo. José pilintra negou, até que não aguentou mais com tanta pressão e contou. Disse que era casado e que também namorava com uma moça que morava na rua debaixo. Chorou e implorou pelo perdão de Tereza.
Tereza não o perdoou, mas pediu um abraço que lhe foi fatal. Tirou a navalha debaixo da saia e apunhalou José pilintra.
Tereza sabia que seria presa, então esperou amanhecer para ir para o lugar mais longe possível. Não se preocupou em esconder o cadáver e essa foi a sua sina, em pouco tempo descobriram que foi ela a assassina. Para vingar o marido, a viúva de José pilintra seguiu Tereza pelo beco, e a apunhalou pelas costas.
O tempo desde a morte de Tereza se passou, lá no barracão o pai de santo tocava a macumba, quando saía lá do fundo do terreiro uma menina magrinha e pequenininha, dizendo estar passando mal. A menina incorporou, disse que era Maria Navalha mas que todos ali a conhecia como Tereza, que agora existia uma linha chamada Linha de malandros e que trabalhavam para pagar os karmas acumulados na vida.
Saravá Maria Navalha!
Saravá seu Zé!
Salve a malandragem!
Texto: Jenniffer Nunes