CAVALEIROS DA TAVOLA REDONDA
Os Cavaleiros da Távola Redonda, segundo a lenda, foram os homens premiados com a mais alta ordem da Cavalaria, na corte do Rei Artur. A Távola Redonda, ao redor da qual eles se reuniam, foi criada com este formato para que não tivesse cabeceira, representando a igualdade de todos os seus membros.
Arthur fixou residência em Camelot e ali esperou Guinevere, que veio acompanhada por 100 Cavaleiros da Irmandade da qual trouxeram consigo a Mesa Redonda.
Desde cedo, tanto Arthur quando Merlin perceberam que a jornada para atingir uma meta – a unificação da Bretanha – não seria nada fácil se Arthur não atraísse para si poderosos aliados. Não pessoas influentes, mas gente. Pessoas dispostas a fazê-lo. Para realizar não bastava apenas querer, é necessário fazer.
Aproveitando o presente de casamento da Távola Redonda por intermédio do rei Leodgranz – que era de seu pai, o rei Uther anteriormente – Arthur chamou os melhores cavaleiros de sua época para sentarem-se ao redor dela, que seria conhecida como a mais importante confraria de cavaleiros de todos os tempos, inspirando muitos outros ideais, inclusive os Templários. Não havia um lugar de destaque, uma cabeceira aonde alguém pudesse sentar-se e fazer-se diferente. Pois todos somos iguais, quem conota nossa importância somos nós mesmos, positiva ou negativa.
"Nada acontece em torno de você se não houver sua permissão de alguma forma, ainda que inconsciente."
No centro, existe uma rosa branca de cinco pétalas, rodeada de outra rosa similar de cor vermelha, e na volta existe uma inscrição em letra gótica, que diz: "Esta é a Mesa Redonda do rei Arthur e de seus XXIV valentes Cavaleiros". Da parte superior da rosa, levanta-se um trono baixo, em cujo dossel está sentado um rei que segura em suas mãos os símbolos de seu poder: uma Espada na direita e um globo do Mundo coroado por uma Cruz de Malta na esquerda. Nos lados existe uma inscrição: "Rei Arthur". Ao redor do trono, partindo do centro, têm 24 divisões, 24 setores, cada um dos quais leva o nome de um Cavaleiro.
A Mesa - ou a Távola - existia em 1522, quando por ordem do rei Henrique VIII suas divisões foram pintadas com as cores da Casa Real Tudor: branco e celeste. Se temos em conta o espaço ocupado pelo trono, a Távola fica dividida em 26 partes, número cabalístico que corresponde ao nome de Deus: "IHVH". Corresponde também ao arcanjo do "Prodígio", que pode representar a ação do tempo como justiça e poder de manifestação. Indicaria, assim, um Reinado de Justiça conforme a ordem universal, cujo rei, Arthur, seria assistido por 24 Cavaleiros.
A primeira vez em que se reuniu a Irmandade da Távola Redonda foi no dia do matrimônio de Arthur e Guinevere, e assim começou o maior ideal da cavalaria.
Contudo, existia um lugar vago, o chamado assento do perigo, que viria mais tarde a ser ocupado pelo mais valoroso de todos os cavaleiros. Servia para lembrar a todos uma lição de humildade. O sucesso é a meta, mas a manutenção dele é a renovação de um compromisso. Que adiante sermos os melhores em uma área ou determinada função se não existir a competição, uma possibilidade de ser superado? Não haveria novas conquistas, novos limites, muito pelo contrário, viria a acomodação e o ostracismo. Devemos melhorar sempre, alcançar todos os limites e viver buscando uma forma de superá-los. Todos reunidos, sob a tutela de Arthur, juravam um a um, defender os mais fracos, auxiliar damas em perigo, em suma, os ideais de cavalaria como hoje conhecemos, graças muito a essas lendas. E eis que surge o primeiro dos testes: Merlin, de forma jocosa, indaga a validade de tais juramentos, os quais não faziam nem mesmo idéia do que se tratava.
As lendas contam que numa primavera, enquanto todos estavam sentados, entrou um cervo branco perseguido por um cachorro branco e, junto, cinqüenta casais de cachorros de caça negros. Enquanto corriam em torno da mesa, o cachorro branco mordeu o cervo, que, dando um salto, derrubou um Cavaleiro que estava sentado a seu lado. Esse homem pegou o cachorro e saiu correndo, e nesse instante entrou uma dama cavalgando pela sala, e exigiu que o trouxessem de volta, pois aquele cachorro era de sua propriedade. Antes que alguém pudesse responder, um Cavaleiro com suas armas entrou a cavalo e expulsou a dama.
Esses acontecimentos foram presenciados com um misto de prazer e medo. Mas Merlin, nesse momento, aproximou-se e declarou que a Irmandade "não podia abandonar com tanta rapidez suas aventuras". Desse modo, Arthur enviou seus dois novos Cavaleiros, Sir Gauvaim e Sir Thor, na perseguição do cervo branco e do cachorro, respectivamente, e Sir Pellinore em perseguição da dama que havia sido raptada. Esse incidente provocou várias aventuras que foram narradas sempre de maneira similar, ou seja, com a entrada de um Cavaleiro ou de uma dama na corte, solicitando auxílio ou algum favor do rei Arthur e da Irmandade.
Eles não podiam negar, desde que a petição fosse justa. Mas a partir desse episódio a Irmandade da Távola Redonda pronunciou um juramento: "Nunca cometer ultraje ou assassinato; fugir sempre das traições; não ser de forma alguma cruel, mas conceder clemência àquele que a solicite; estar sempre ao lado do seu rei Arthur; auxiliar sempre as damas e senhoras. Que nenhum homem inicie uma batalha por motivos injustos ou por bens terrenos".
Todos os Cavaleiros da Távola Redonda prestaram esse juramento, e a cada ano era renovado na festividade de Pentecostes ou a Festa da Colheita.
Outro recado dado por Arthur a todos nós:
"Cuidado com o que você fala. Mais importante que ouvir o que os outros dizem, é ouvir primeiro a sua voz."
Quando determinamos novos projetos, novas metas, é comum comentarmos isso com alguém mais íntimo, com naturalidade. Todavia, conforme o tempo passa, muitas vezes somos obrigados a mudar nossos planos e mudar um pouco de curso, mas não de objetivo. Para alguém não ciente, dá-se a impressão que você não está indo a lugar nenhum. O mundo presta atenção no que você diz. Desejamos atingir uma meta e contando isso em palavras, ele vai te proporcionar as condições para tal. Mas, se você, por alguma razão mudou de opinião e necessita de outra coisa, mas não se fez ciente disso, o mundo – principalmente as pessoas mais próximas – continuarão a te ajudar naquilo que você já até esqueceu, ou seja, está perdendo preciosa ajuda que poderia te conduzir a um êxito mais rápido.
Ninguém tem obrigação de ler nas entre linhas do que dizemos. Se manifestarmos desejo de comer, mas não especificarmos que queremos comer determinada coisa, nos darão qualquer coisa para saciar nossa fome. E a culpa não será de quem te ouviu, afinal, o que você falou?
"Aprenda a se expressar. Uma boa comunicação faz milagres"
Então, no meio de toda aquela festa, Arthur e os demais faziam votos e juras para toda a Bretanha... ou faziam para seus próprios egos? Merlin neste caso chama a atenção para quem juraram defender, o povo do lado de fora do castelo, que olha para dentro de suas muralhas e os encara como predestinados a triunfar, não somente por cada um deles, mas em glória de toda uma nação. São várias mentes, conceitos completamente distintos os quais juraram defender, e cada um deve ser respeitado, ainda que não compreendido pelos cavaleiros. Foi o primeiro de muitos testes assim. A cada um deles, com sucesso ou fracasso, cada cavaleiro tinha uma lição a prender.
Por ajuda de Merlin no assunto, Arthur encaminhou Sir Pellinor para ir em busca da dama e do seu raptor; Sir Tor, seu filho, iria em busca do cão de caça branco, enquanto Sir Gawain, sobrinho do rei iria atrás do cervo branco. Ao fazê-lo, complementou Merlin:
"Esses três cavaleiros receberão importantes lições de vida antes de seu retorno, e a experiência que irão adquirir fará deles os mais sábios."
As regras, apesar de serem simples, dependiam dos ideais da cavalaria que muitas vezes acreditava não ser necessário colocá-los em palavras. Nem todos os Cavaleiros cumpriram essas exigências impostas por seu rei, mas sempre souberam manter a honra à Távola Redonda e à sua existência.
O rei Arthur criou um costume de que seus Cavaleiros sempre contassem alguma aventura no início de algum banquete, e dessa forma, criou-se uma pauta de comportamento. Todos os Cavaleiros "andantes" marchavam em busca de aventuras. A maior parte das aventuras da Irmandade ocorreu nas densas florestas.
Os bosques simbolizavam um mundo não civilizado, mas também representavam um estado mental, um lugar que se procuraria alcançar. Os bosques também faziam parte do "Outro Mundo", uma vasta extensão inexplorada situada nas fronteiras entre o mundo da Terra Média e os domínios do País das Fadas. Eram lugares impregnados de encantamentos e somente àqueles que fossem resolutos era permitido encontrar aquilo que se haviam dispostos a buscar. De suas profundezas surgiam fadas encantadoras que seduziam os Cavaleiros errantes, mesclando, dessa forma, a linhagem do "Outro Mundo" com a da Irmandade. Nem todas essas mulheres encontradas nos bosques eram gentis de aparência e de palavra.
Ragnall, um dos muitos arquétipos da Deusa da Terra, que lhe outorga a soberania, tomou a forma de uma dama de aparência monstruosa, que com suas artimanhas conseguiu que o próprio rei Arthur prometesse lhe dar Sir Gauwain como marido. Posteriormente, ela recobrou sua verdadeira beleza graças ao amor e à compreensão de Gauwain.
Segundo algumas lendas, nos reinos celestiais se reunia um conselho de poderosos seres encarregados da execução dos desígnios divinos para a Criação. Dessa forma, Merlin construiu um templo circular sobre a Távola da Terra, criando uma relação entre os domínios estelares, a monarquia terrenal de Arthur, a qualidade sagrada da Terra com as mensagens e Mistérios do Graal e a Irmandade da Távola Redonda, que estava destinada a ir em busca do cálice sagrado.
A mais famosa aventura dos Cavaleiros da Távola Redonda foi a busca pelo Santo Graal, achado por Sir Galahad.
Há uma mesa exposta no Castelo Hall em Winchester que teria sido a famosa Távola Redonda, no entanto, esta é datada apenas do século XIII.
A Távola Redonda teria apenas 12 ou 24 cavaleiros. No entanto, nas várias histórias e versões das lendas, aparecem referidos como cavaleiros mais de uma centena de nomes, dos quais, estes são os mais famosos:
Accolon (Marido de Morgana)
Boors (Rei de Gaunes (Gália), irmão de Leonel, primo de Lancelot e de Heitor. Um dos que chegou ao fim da busca do Santo Graal.
Constantino (Tornou-se rei após a morte de Arthur).
Gawain (Sobrinho de Arthur).
Gingalain (Filho de Gawain).
Kay (Irmão adotivo de Arthur, um dos primeiros personagens a figurar na coroação deste rei).
Lancelot do Lago (Filho do Rei Ban, meio-irmão de Heitor e Pai de Galahad. Criado por Viviane num lago. Apaixonado por Guinevere).
Código de Cavalaria - Sir Thomas Malory descreve o Código dos Cavaleiros como:
1 - Buscar a perfeição humana
2 - Retidão nas ações
3 - Respeito aos semelhantes
4 - Amor pelos familiares
5 - Piedade com os enfermos
6 - Doçura com as crianças e mulheres
7 - Ser justo e valente na guerra e leal na paz
Usando as fontes de que dispunha, como os escritos de Gildas, a tradição oral bretã e gaulesa, Geoffrey fez o impossível: traçou a genealogia de todos os reis da Inglaterra desde 1100 a.C. Entre eles, Arthur despontou como um dos mais importantes monarcas da Bretanha.
O monge Nennius conta 12 grandes vitórias de um líder corajoso e inteligentíssimo chamado Arthur, que teria colecionado vitórias sobre os saxões, culminando com o triunfo em Monte Badon.
No grande Átrio do Castelo Real de Winchester (antiga Inglaterra), está suspensa na parede a távola redonda do rei Arthur, com seis metros de diâmetro e o peso de uma tonelada. A távola redonda contém os nomes dos cavaleiros do rei. A peça central da corte de Artur fora a Távola Redonda que simbolizava a expansão do poder e da glória por todo o Mundo. Em termos reais era muito mais do que isso.
A existência de uma força em prol da harmonia e da fraternidade. Era um antídoto contra a inveja, a ambição, a ânsia da supremacia e do poder – defeitos humanos que caracterizavam a mentalidade na Idade Média.
Em 1976, a távola redonda foi alvo de uma extensiva investigação científica, até então a távola teria sido datada pelo carbono 14 como existente desde 1463 e provavelmente pintada pelo rei Henrique VIII em 1522.
Agora, com a tecnologia mais avançada, o método do radiocarbono (carbono 14), e o estudo da carpintaria prática mais especializada foi revelado que a távola redonda foi construída em 1270, no início do reinado do rei Edward.
Sabe-se que o rei Edward tinha grande interesse pelas histórias arturianas e teria ido a Glastonbury junto com sua consorte Lady Eleanor para celebrarem a Páscoa e ir também na abadia, onde ordenou que abrissem o túmulo de Arthur.
A Távola Redonda sabe-se, que provavelmente fora usada em muitos torneios que o rei Edward gostava de realizar.
As lendas arturianas adaptavam-se bem aos ideais das cruzadas e da cavalaria que despontaram nos séc. XI, XII e XIII. Os cavaleiros de Artur serviam de modelo a todos os guerreiros como cruzados triunfantes em busca do Santo Graal, o cálice utilizado por Jesus Cristo na última ceia.
Mas a crença de que o rei não morreu e regressará com os seus cavaleiros, a fim de retomar a luta contra os males do mundo continua viva...
lilas.
Gratidão
Bruxa tarologa
shamantha Sham