OS ESPÍRITOS SE ENTRELAÇAM PELA AFEIÇÃO.
A morte, ou desencarne, de alguém a quem se quer bem certamente traz um sofrimento muito grande para quem fica. É um sentimento de perda, um espaço vazio que fica no ambiente e no coração. Sem mais conversas, nem bom momentos ou mesmo brigas, sem convívio, só as lembranças e a desolação. Mas, na verdade, os laços afetivos se perpetuam na eternidade e se fortalecem com as reencarnações.
De acordo com os esclarecimentos prestados pelos diversos Espíritos que colaboraram para o embasamento da Doutrina Espírita, Kardec explica que “no espaço, os espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se encontrarem juntos, esses espíritos se buscam uns aos outros. A encarnação apenas momentaneamente os separa, porquanto, ao regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de uma viagem.”
É verdade que o reencontro de espíritos queridos do plano espiritual também pode sofrer separações quando se apresenta a necessidade da reencarnação.
Mas Allan Kardec explica, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que “os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como o pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados.”
As ligações espirituais continuam em todas as circunstâncias.
Além disso, pode também ocorrer que os espíritos que constituíam uma família espiritual sigam um ao outro na encarnação, para reunir-se numa mesma família terrena ou num círculo próximo. Dessa forma, de acordo com os programas estabelecidos antes do retorno a uma nova existência física, eles trabalham juntos nas experiências de vida que vão lhes favorecer o progresso.
Certamente existem ocasiões em que um espírito encarna e outro não, ficando, assim, separados e sem desfrutar do convívio direto por um certo tempo. Mas eles permanecem unidos pelo pensamento. E aqueles que continuam no plano espiritual cuidam dos que reencarnaram e se esforçam para que eles consigam alcançar seus objetivos de adiantamento.
Sempre que uma reencarnação é útil e proveitosa no que se refere ao desenvolvimento pessoal, o espírito fica menos preso à matéria. Assim, com os sentimentos cada vez mais depurados e menos afeitos às emoções perturbadoras, como o egoísmo, o ciúme e todas as paixões sombrias, mais forte se torna a afeição.
Dessa forma, os aprendizados e o progresso obtido nas reencarnações fazem com que os laços afetivos que já existiam se consolidem e fortaleçam cada vez mais.
Os laços afetivos espirituais nunca se desfazem.
Portanto, os espíritos afeiçoados podem “percorrer ilimitado número de existências corpóreas, sem que nenhum golpe receba a mútua estima que os liga. Está bem visto que aqui se trata de afeição real, de alma a alma, única que sobrevive à destruição do corpo. Porquanto os seres que neste mundo se unem apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo dos espíritos.”
As únicas afeições que são duráveis, os únicos laços que não se desfazem são aqueles estabelecidos nas genuínas afeições espirituais.
As relações que se fixam somente pela sua natureza carnal se extinguem com a extinção do corpo físico, com a causa que lhes deu origem, pois somente a alma existe sempre.
“No que concerne às pessoas que se unem exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são umas para as outras: a morte as separa na Terra e no céu”, explica Kardec.
É permitido compartilhar desde que seja respeitado o artigo. original, os créditos ao autor
Por - Noemi C. Carvalho.
Texto baseado em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec – Capítulo IV – Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não nascer de novo.
É permitido compartilhar desde que seja respeitado o artigo. original, os créditos ao autor