sábado, 24 de julho de 2021

"Chico!!! Assassinaram minha filha de 5 anos!”

 

 "Chico!!! Assassinaram minha filha de 5 anos!”


Pode ser uma imagem de 1 pessoaMARGARETE

O médium baiano Divaldo P. Franco, conta uma emocionante história em uma de suas palestras.
Certo dia, um casal o procurou para contar um triste episódio de suas vidas. Contou-lhe a esposa:
- “ Éramos felizes com nossos seis filhos. Entre eles nossa garotinha de cinco anos que chamava-se Margarette. Até que um dia, uma terceira personagem apareceu em nossas vidas. Meu marido, homem sempre bom, atencioso, excelente pai, não reagiu às circunstâncias e, lentamente, trocou o nosso lar por outro. Começou a visitar essa criatura, a diminuir a constância para conosco, enquanto aumentava a sua presença junto a ela. Deixou de vir à casa. Passou a estar conosco apenas periodicamente. Nossa Margarete, a quem ele tanto amava, passou a murchar como uma flor de estufa que perdesse a vitalidade. Um ano se passou terrível. Iniciamos o processo de desquite para o futuro divórcio. Eu tentava contornar o assunto. Mas Margarette chorava e não dizia nada. Quando ele chegava, tomava-lhe as mãos pequeninas e dizia-lhe:
'“ Meu bem, quando você crescer, quando compreender o mundo e souber de todas as coisas duras da vida, se não puder perdoar alguma coisa má, ao menos desculpe, sim? Você me promete? ”
Margarette respondia dizendo:
- “ Prometo, papai...”
Ela não cansava de implorar que ele voltasse a dormir em casa. No tormento em que se debatia nos conflitos de consciência, meu esposo iniciou o retorno. Vinha aos sábados e ia-se aos domingos à tarde. Depois já aparecia no meio da semana. Passou a dormir e a fazer as refeições em casa. Fez a viagem de volta, o retorno ao lar. Até que me pediu perdão e permissão para voltar. Eu aceitei. Quando tudo parecia voltar ao normal, nossa Margarette, sumiu na saída da escola. Nenhuma notícia. Percorremos a cidade enlouquecidos. Pronto-socorro, hospitais, necrotérios, rodoviária, nada. Dias após, crianças encontraram o corpo de nossa filhinha Margarete em um matagal. Despedaçado, em putrefação. A polícia instaurou inquérito. Quem poderia ser? De suspeita em suspeita chegou-se à antiga companheira de meu marido. Levada a interrogatório severo, confessou:
- “ Matei! Mataria outra vez, mil vezes, porque ela me desgraçou. Tomou de mim o homem a quem eu amava. Para vingar-me, raptei-a e matei-a, para ela nunca mais fazer isso com ninguém.”
Enlouquecido e desesperado, meu marido queria ir ao cárcere decepar as mãos da criminosa e matar-se depois. Foi neste estado de ódio, que ouvimos falar de um homem bom como a água refrescante da fonte: " Francisco Cândido Xavier".
Fomos procurá-lo. Quando lá chegamos, as senhas para o atendimento daquela noite de sábado já haviam sido distribuídas e não havia mais. Sentei-me na mureta e comecei a chorar, pois acreditava que havia perdido a chance de estar com Chico. Uma Senhora que estava na fila, se aconchegou e me perguntou o que havia acontecido e eu lhe disse : " Assassinaram minha pequenina filha..." e ela sentindo a dor em meu peito disse :
- Meu filho morreu já tem 2 anos e venho aqui todos os meses na esperança de obter uma msg dele. Tome minha senha e vá no meu lugar. E assim eu entrei no Centro e quando ele passou por nós eu gritei:
- “ Chico, mataram minha filha!!!! ”
Ele me abraçou e chorou comigo, um choro sentido e acalentou minha alma e meu coração. Nunca em toda minha vida senti um consolo como aquele, pois estava costumada à ouvir as mesmas palavras das pessoas " meus sentimentos "...
Chico ao me abraçar e chorar comigo, fez com que suas lágrimas acalentassem meu coração e uma paz infinita invadiu minha alma.
Após este encontro, o trabalho começou.
Chico após os trabalhos, lia carta por carta e a primeira carta daquela noite, era do filho da Senhora que deu-me a sua senha, e na carta ele dizia:
- Minha querida mãe, eu ainda não tinha condições de vir até aqui, mas o seu gesto de caridade para com nossa querida irmã, cedendo a ela o seu lugar, deu-nos a oportunidade de aqui estar sendo trazido e amparado por estes bons enfermeiros que cuidam de mim... "
E a segunda carta, era para mim, de minha querida filhinha. Foi trazida pela avozinha. Não sei até hoje o que senti. A mensagem dizia:
- “ Mãezinha, meu querido papai!
Vim, para dizer-lhes que estou viva!
Se alguém pensou em me magoar, não conseguiu. Papai, não sei explicar a vocês como tudo aconteceu. Eu me recordo que saía do jardim de infância, quando uma pessoa me chamou. Segurou-me, fez-me entrar no carro. Eu não sei o que me aconteceu, mas ninguém me magoou. Não fique triste, papai. Não senti nada... Só saudade. Eu dormi. Se cortaram o meu corpo, não vi, soube depois. Se ficou todo quebradinho, também não vi. Dormi e quando acordei vovó Felicidade me acarinhava, pedindo que eu acordasse. Eu perguntei o que fazia ali, e perguntei por vocês. Ela me explicou que não poderia vê-los por enquanto, porque eu estava num hospital recebendo tratamento. Chorei muito com saudade de vocês (e citou o nome dos irmãos). Naquele momento, entrou uma moça bonita, bem vestida, parecendo professora que se apresentou dizendo ser a tia Lídia, sua irmã mamãe! Dizendo estar ali para substitui-la. Foi então que ela me contou que estava desencarnada e eu também. Depois pediu que eu dormisse. Voltei a dormir.
Quando acordei, titia e vovó me disseram que vocês estavam sofrendo muito. Eu pedi para vê-los, para abraçá-los e vi você com ódio papai. Paizinho, você se lembra do que me dizia? – ‘Se não puder perdoar, pelo menos desculpe’. Paizinho, desculpe! Ninguém nos fez nenhum mal. Eu tinha que voltar para cá da forma que aconteceu e voltei. Mas nunca, nunca mais nos separaremos. Vovó está dizendo que devemos perdoar, e se não pudermos, temos o dever de desculpar. Voltarei outro dia, papai. Eu vim pedir-lhes que desculpem. Paizinho, até já!
Mamãe querida, você que é mãe, me compreende melhor, portanto, perdoe! Procure por nossa irmã que tirou minha vida, visite ela na prisão e lhe dê o livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo." Ela também sofre mamãe. Beijos, a sempre sua, Margarete.”
Só o Senhor pode imaginar o que sentimos. Demo-nos as mãos. Voltamos para casa.
É ainda difícil perdoar, mas pelo menos, a gente está tentando desculpar. Como eu poderia perdoar aquela que havia tirado de mim o meu maior tesouro? Depois de um certo tempo, eu fui até a prisão para encontrá-la...um misto de raiva e ódio invadiu minha alma. Olhando em seus olhos, eu pude sentir as palavras de minha pequenina e uma paz invadiu minha alma e ela falou-me:
-" Me perdoe por favor, estava cega de ciumes."
E eu ainda não estava preparada para perdoa-la, disse-lhe apenas para pedir perdão a Deus e lhe entreguei o livro que minha pequena Margarete havia me falado para trazer " O Evangelho Segundo o Espiritismo " e sai dali chorando. Eu não tinha condições de perdoa-la mas dei o primeiro passo que foi o de não condena-la...

Disse Jesus: - ” Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados.” ( Mateus, VI – 14-15 )