sexta-feira, 6 de abril de 2018

QUARTA LINHA DE FORÇAS DIVINAS, OU IRRADIAÇÃO DA JUSTIÇA DIVINA

Olorum gera tudo em Si, e uma de suas gerações é a Justiça Divina, que dá o devido equilíbrio a tudo o que gera.
Essa Sua qualidade equilibradora está em tudo e em todos, e mantém toda a criação divina em equilíbrio e harmonia, dando a tudo um ponto de equilíbrio.
Olorum gerou nessa Sua qualidade equilibradora de tudo e de todos uma Sua divindade que é em si mesma o equilíbrio divino que dá sustentação a tudo que existe, tanto animado quanto inanimado, surgindo o Trono da Justiça Divina, divindade unigênita porque é o Orixá do equilíbrio, da razão e do juízo divino.
Deus é justo e tudo o que gera, gera com equilíbrio, pois tudo atende a uma vontade Sua, às suas criaturas, espécies e seres. E Xangô, o Orixá da Justiça, independe de nossa vontade para atuar sobre nós, já que ele é em si mesmo essa qualidade equilibradora do nosso Divino Criador.
Xangô, por ser unigênito e ter sido gerado em Deus, é em si mesmo a Justiça Divina que purifica nossos sentimentos com sua irradiação incandescente, abrasadora e consumidora das emotividades.
Mas Xangô, enquanto qualidade divina, está na própria gênese das coisas como a força coesiva que dá sustentação à forma que cada agrega­ do assume, ou seja, ele está na natureza das coisas como o próprio equilíbrio, pois só assim elas não deixam de ser como são.
Ele tanto é o ponto de equilíbrio que dá sustentação à estrutura atômica de um átomo, como é a força que dá estabilidade ao Universo e a tudo o que nele existe, seja animado ou inanimado.
Xangô, por ser uma divindade gerada em Deus, também gera em si a qualidade onde foi gerado. Mas ele também gera de si essa sua qualidade equilibradora e a transmite a tudo e a todos.
Quem absorvê-la, toma-se racional, ajuizado e ótimo equilibrador, tanto dos que vivem à sua volta como do próprio meio em que vive. Um juiz é um exemplo bem característico dessa qualidade equilibradora irradiada por Xangô, e não importa que o juiz seja um “filho” de outro Orixá, pois a manifestará naturalmente, já que a justiça humana é a concretização da Justiça Divina no plano material.
Um juiz não consegue dissociar-se da qualidade da Justiça, à qual serve com toda a sua capacidade mental e intelectual, mas nunca emotivamente, pois é um racionalista nato.
Essa qualidade equilibradora está presente em todos os processos divinos (criação e geração). Por isso, assim que algo alcança seu ponto de equilíbrio, o processo criador ou gerador é paralisado e o que foi criado ou gerado estabiliza-se e adquire uma definição só sua que o qualificará dali em diante.
Com isso explicado, podemos entender a importância que tem essa qualidade divina, que na Umbanda a vemos nos procedimentos retos, justos e ajuizados dos caboclos de Xangô, Orixá da Justiça Divina, da razão e do equilíbrio. Por isso, quando evocamos sua presença, só o fazemos se for para devolver o equilíbrio e a razão aos seres e procedimentos desequilibrados e emocionados, ou para clamar pela justiça Divina, que atuará em nossa vida anulando demandas cármicas, magias negras, etc., devolvendo-nos a paz, a harmonia e o equilíbrio mental, emocional, racional e até nossa saúde, pois para estarmos saudáveis devemos estar em equilíbrio vibratório também no corpo físico.
Observem que o equilíbrio proporcionado por Xangô não se limita só a um aspecto de nossa vida, já que ele, enquanto qualidade equilibradora, está em  todos.
Xangô é o Trono de Deus gerador e irradiador do fator equilibrador, mas o limitamos quando deixamos de recorrer a ele para ajudar-nos em todos os aspectos e só o fazemos para anular demanda ou impor a Justiça Divina na vida dos seres desequilibrados.
Mas sempre que a Justiça Divina é ativada, tanto seu polo positivo quanto seu polo negativo são ativados, e aí surge Yansã, regente da Lei nos campos da Justiça.
Yansã é a divindade da Lei, cuja natureza eólica expande o fogo de Xangô e, assim que o ser é purificado de seus vícios, ela entra em sua vida redirecionando-o e conduzindo-o a outro campo onde retomará sua evolução.
Uma das qualidades de Deus é o Direcionamento que está presente e ativo em tudo o que Ele gera e cria.
É nesta Sua qualidade direcionadora de tudo o que existe, tanto animado quanto inanimado, que Ele gerou Yansã.
Então Yansã é  unigênita porque é em si mesma essa qualidade do Divino Criador, que a gerou em Si e tomou-a essa Sua qualidade divina.
Yansã, enquanto qualidade de Deus, está em tudo e em todos, e é a força móvel que direciona a Fé (Oxalá), a Justiça (Xangô), a Evolução (Obaluaiyê), a Geração (Yemanjá), a Agregação  (Oxum), a Lei (Ogum).
Ogum é a Lei, a via reta, mas Yansã é o próprio sentido de direção da Lei, pois ela é um mistério que só entra na vida de um ser caso a direção que este esteja dando à sua evolução e sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela Lei Maior (Ogum).
Por isso ela não depende de nós para atuar em nossas vidas. Basta “errarmos” para que sua qualidade divina nos envolva numa de suas espirais, impondo-nos um giro completo e transformador dos nossos sentimentos viciados. Com isso, ela nos coloca novamente no caminho reto da vida, ou nos lança no Tempo, onde nossa religiosidade desvirtuada será paralisada e esgotada em pouco tempo.
Sua atuação é cósmica, ativa, negativa, mobilizadora e emocional, mas não é inconsequente ou emotiva porque ela é o sentido da Lei, que não é apenas punidora, mas também é direcionadora.
Xangô paralisa e purifica; Yansã movimenta e direciona.
São Orixás que formam a quarta irradiação divina, porque suas qualidades e elementos se complementam.
Resumidamente, podemos definir Xangô e Yansã assim:
  • Xangô é o fogo que nos purifica de nossos próprios vícios emo­ cionais, reequilibrando-nos;
  • Yansã é o ar que areja nosso emocional e nos proporciona um novo sentido da Vida e uma nova direção ou meio de vida.