(...) o perispírito se dilata ou contrai, se transforma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua.”
(O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, Item 56.)
A transubstanciação do corpo espiritual num corpo ovóide pode ocorrer nos seguintes casos:
1º) O homem selvagem quando retorna, após a morte do corpo denso, ao plano espiritual, sente-se atemorizado diante do desconhecido. Sendo primitivo, não dispõe de conhecimentos espirituais, e só tem condições de pensar em termos de vida tribal a que se acostumou. Diz-nos André Luiz que a própria vastidão cósmica o assusta, bem como a visão de Espíritos, mesmo os bons e sábios, infunde-lhe grande temor. Dentro do estágio evolutivo que lhe épróprio, crê-se à frente de deuses e, por isso, refugia-se na choça que lhe serviu de moradia terrestre. Anseia por retornar à taba onde vivera e ao convívio dos seus e alimenta-se das vibrações dos que lhe são afins. Nestas condições estabelece-se nele o monoideísmo, isto é, idéia fixa, abstraindo-se de tudo o mais. O pensamento que lhe flui da mente permanece em circuito viciado, continuamente. É o monoideísmo auto-hipnotizante.
Não havendo outros estímulos, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, tal como ocorre aos órgãos do corpo físico que, paralisados, se atrofiam.
Aos poucos, esses órgãos do perispírito “se voltam, instintiva-mente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo”. Diz-se então que o “desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide”. (20)
A forma ováide guarda consigo todos os órgãos de exteriorização da alma, tanto nos planos espirituais quanto nos terrestres, tal qual o ovo ou a semente, que trazem em si a ave ou a árvore do futuro.
2º) Desencarnados, em profundo desequilíbrio, aspirando a vingar-se ou portadores de vicioso apego, envolvem e influenciam aqueles que lhes são objeto de perseguição ou atenção e auto-hipnotizam-se com as próprias idéias, que se repetem indefinidamente.
Em conseqüência, os órgãos perispiríticos se retraem, por falta de função, assemelhando-se então a ovóides “vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a influenciação”, por trazerem os fatores predisponentes, quais sejam, a culpa, o remorso, o ódio, o egoísmo, que externam em vibrações incessantes, sob o comando da mente. Configura-se, neste caso, a parasitose espiritual.
O hóspede (o obsessor) passa a viver no clima pessoal do hospedeiro (o obsidiado). Esta situação pode prolongar-se até mesmo após a morte física da vítima, dependendo da gravidade das dívidas e natureza dos compromissos existentes entre ambos.
3º) Os grandes criminosos, os pervertidos, os trânsfugas do dever, ao desencarnar, ver-se-ão atormentados pela visão repetida e constante dos próprios crimes, vícios e delitos, em alucinações que os tornam dementados. Os clichês mentais que exteriorizam, infindáveis vezes torna-lhes o fluxo do pensamento vicioso, resultando no monoideísmo auto-hipnotizante. E tal como nos casos anteriores, perdem os órgãos do corpo espiritual, transubstanciando-se em ovóides.
Os obsessores utilizam-se desses ovóides para intensificar o cerco sobre suas vítimas, imantando-os a estas. Instala-se daí em diante o parasitismo espiritual. Envolvido nos fluídos dos obsessores, com o pensamento controlado e cerceado, com o cérebro em desequilíbrio pela interferência hipnótica dos algozes, o obsidiado passa a viver no clima que estes criaram, agravado pelas ondas mentais altamente perturbadoras dos ovóides, vendo inclusive os clichês mentais que projetam em fenômenos alucinatórios ou ouvindo-lhes as acusações na acústica da mente.
A subjugação, quando levada a efeito nessas condições, acarreta conseqüências gravíssimas, lesando o cérebro ou outros órgãos que estejam sendo visados. Essa situação produz um desequilíbrio total e pode levar a vitima ao suicídio, à loucura irreversível ou ocasionar a morte por deperecimento ou distúrbio orgânico.
Quanto aos ovóides, através da bênção da reencarnação é que conseguirão plasmar outra vez o perispírito juntamente com a nova forma carnal. Irão assimilando os recursos orgânicos maternos e, como explica André Luiz, “conforme as leis da reencarnação, operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da Natureza”.
A nova forma perispirítica assim desenvolvida terá condições de persistir ao término da reencarnação, de volta ao plano espiritual.