segunda-feira, 9 de abril de 2018

.:: Médiuns de Casas Umbandistas e os Kardecistas ::.



Na prática não há diferenças entre os médiuns das diversas correntes espiritualistas ou espiritistas, ou seja, não há distinções no que se refere à sua evolução ou moralidade, o que se difere é o preparo, sua missão e suas habilidades para servir de instrumentos nessa ou naquela corrente. Assim, encontramos distinções quanto às energias e funções que as duas vertentes trabalham e se fazem uteis aos desígnios de Deus.

Nas casas classificadas como umbandistas os médiuns são educados e preparados para trabalhar com os fluidos originados diretamente do plano terreno, ou seja, são habilitados a manipular o fluído vital que se origina do orbe terreno e dos espíritos e almas em estágio na Terra.

Nos centros espíritas, ou seja, kardecistas os médiuns trazem uma disposição física e mental menos apta para manipular tais elementos, cabendo a estes médiuns choques anímicos de menor intensidade e, devido a este fato, possuem uma disposição maior para dar passividades aos espíritos que possuem dificuldades no trato com os fluidos vindo do planeta Terra.

O desencarne pode deixar até espíritos de algum conhecimento espiritual em um complexo estado de confusão e, que muitas vezes, até mesmo, não tem conhecimento que desencarnaram e continuam vivendo sua vida comum, assim, traz aos familiares um grande mal estar. É difícil avaliar e até mesmo enumerar a quantidade de transtornos causados por esses espíritos aos encarnados. Não se tratam de espíritos perversos e, na maioria dos casos, não desejam fazer o mal, mas o fazem por absoluta falta de entendimento. São com esses espíritos que a linha kardecista está mais próxima.

Fazendo uma comparação rudimentar com a medicina terráquea, onde temos os médicos clínicos, psicólogos e os cirurgiões; temos no primeiro grupo uma analogia com os kardecistas e, com esses últimos, fazemos um paralelo com os médiuns umbandistas. Sabemos que ambos grupos médicos possuem funções imprescindíveis ao tratamento das doenças humanas, mas cada profissional dessas funções possuem habilidades distintas, porém nenhuma é menos importante que a outra.

A mediunidade no chamado espiritismo kardecista é acentuadamente mental, as comunicações são quase telepáticas, predominantemente inspirativas, isto é, os espíritos atuam mais sobre a mente dos médiuns, pois a atividade do espiritismo se processa mais no plano mental.

O kardecismo não tem a missão de atuar no baixo astral contra os elementos de magia negra, como acontece com a Umbanda. Sua manifestação é quase exclusivamente doutrinária, mostrando aos homens o caminho a ser seguido a fim de se elevarem verticalmente a Deus. Sua doutrina fundamenta-se principalmente na reencarnação e na Lei da Causa e do Efeito. Abre a porta, mostra o caminho iluminado e aconselha o homem a percorrê-lo a fim de alcançar a sua libertação dos renascimentos dolorosos em mundos de sofrimentos, como é o nosso atualmente, candidatando-se à vivência em mundos melhores.

Em virtude disso, a defesa do médium kardecista reside quase exclusivamente na sua conduta moral e elevação dos sentimentos, portanto os mentores espirituais do movimento kardecista, quase sempre, após cumprirem suas tarefas benfeitoras, seguem à outras paragens a fim de atender obrigações inadiáveis.

É da tradição espírita kardecista que os espíritos manifestem-se pelo pensamento, cabendo aos médiuns transmitirem as idéia com o seu próprio vocabulário e não utilizando-se das configurações externas dos espíritos comunicantes.

Em face da habitual restrição mediúnica, muitas vezes imposta pelos dirigentes encarnados junto aos trabalhos dos médiuns ditos kardecistas, os espíritos comunicantes precisam se limitar ao intercâmbio mais mental e menos fenomênico, isto é, mais no campo das idéias e menos na personalidade. Qualquer fuga a esses princípios contraria o exercício da mediunidade nas casas kardecista ortodoxas e limita a passividade mediúnica, com essa medida, estes médiuns, se dispõem a um maior risco de despertar a condição anímica.

A faculdade mediúnica do médium ou “cavalo” de Umbanda é muito diferente da do médium kardecista, considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no plano astral terreno, como também, no submundo das energias degradantes e de fontes primárias da vida.

Os médiuns de Umbanda lidam com toda a sorte de tropeços, ciladas, mistificações, magias e demandas contra espíritos inteligentes e conhecedores de poderosos processos magnéticos e de hipnose, muitas vezes cruéis, que manipulam as forças ocultas negativas com muita inteligência. Em conseqüência, o seu desenvolvimento obedece à técnicas especificas e diferentes das utilizados pelos kardecista.

Para se resguardar das vibrações e ataques das chamadas falanges negras, ele se valem dos elementos da natureza, como seja: banhos de ervas, perfumes, defumações, oferendas nos diversos reinos da natureza, fonte original dos Orixás (energias vibratórias de cada reino da natureza), Guias e Protetores, como meios de defesa e limpeza da aura física e psíquica, para permanecer em condições de desempenhar a sua tarefa, sem embargo da indispensável proteção dos seus Guias e Protetores espirituais; em virtude de participarem de trabalhos mediúnicos que ferem profundamente a ação dos espíritos das falanges negras, isto é, do mal que os perseguem, sempre procurando desforras.

Por isso a proteção dos filhos de Umbanda é constituída por verdadeiras tropas de choque comandadas pelos experimentados fluxos dos Orixás, conhecedores das manhas e astucias dos magos negros (chefes de falanges e seus tutores). Sua atuação é permanente na crosta da Terra e vigiam atentamente os médiuns contra investidas adversas, certos de que ainda é muito precária a defesa guarnecida pela evocação de pensamentos ou de conduta moral superior, ainda bastante rara entre as melhores criaturas.

Os Chefes de Legião, Falanges, Sub-Falanges, Grupamentos e Protetores, também assumem pesados deveres e responsabilidade de segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de serviço de fidelidade mútua, porém, de maior responsabilidade dos orientadores responsáveis pelo centro de Umbanda.

Dai as descargas fluídicas que se processam nessas casas, após certos trabalhos, com a colaboração das falanges do mar e da cachoeira, defumação dos médiuns e do ambiente e utilizando-se da água fluidificada.

O espírito que reencarna com o compromisso de mediunidade de Umbanda, recebe no espaço, na preparação de sua reencarnação, nos seus plexos nervosos ou chakras, um acréscimo de energia vital eletromagnética necessária para que ele possa suportar a pesada tarefa que irá desempenhar.

Na corrente kardecista, isto não é necessário, em virtude de não ter de enfrentar trabalhos de magia negra, como acontece na Umbanda, e mesmo permitir aos guias atuarem-lhe mais fortemente nas regiões dos plexos, assumindo o domínio do corpo físico e plastificando suas principais características.

O próprio movimento umbandista está passando por um processo de “desafricanização”. Muitas casas ditas umbandistas têm diminuído o ritualismo, adornos e objetos físicos em seus cultos. Hoje é comum encontrarmos em locais onde antes praticava-se um umbandismo ortodoxo, grupos dedicados à estudos baseados na obra de Alan Kardec, como também, a diminuição expressiva de atos externos. Dessa forma, retornado às origem da “aumbandã” original que, em sua essência, tem muito pouco ou quase nada dos ritos provindos da mãe África. Toda a ritualística da verdadeira Umbanda diz respeito à elevada sabedoria dos guias que, na sua maior parte, são exímios manipuladores de magia branca, por terem sido altos sacerdotes dos templos imemoriais da Atlântida e do Egito Antigo.

Segundo operosos e iluminados mentores do astral superior, existe um plano em andamento nos meios umbandistas que são mais receptíveis, que visa à transição dos métodos tradicionais para outros tão eficazes quanto aos praticados na umbanda raiz, porém mais espiritualizados e despidos de ritualismo. Dessa forma, ficam os médiuns e a assistência destes cultos reformados, menos expostos às fantasias e misticismos exagerados.

Dentro desse novo ambiente, seus praticantes estudam muito e se utilizam da lógica e do bom censo pregado por Kardec como base para seus conhecimentos. Assim, diminui-se o espaço para crendices irrefletidas e propiciam trabalhos espirituais mais produtivos e elevados.

Entretanto, nem por isso deixam de trabalhar com pais-velhos, caboclos e outras entidades provenientes da umbanda raiz, só que, nessas práticas remodeladas, esses espíritos podem atuar de forma mais ativa, se servindo de médiuns mais capazes de refletir seus ideais de amor e da lei de caridade, ao mesmo tempo em que diminui a influencia de entidades desordeiras, que se aproveitam do pouco preparo dos médiuns sem instrução espiritual.

É comum para muitos dos encarnados que trabalham nas tendas umbandistas, não conhecerem os motivos dos atos ou práticas diariamente realizadas nesses locais e, muito menos, qual são os objetivos das diversas entidades que se manifestam sob a bandeira da sagrada “aumbandã”.

Como resultado do exposto acima, os médiuns do terceiro milênio estão se preparando, muitos inconscientemente, para uma nova fase, onde as energias originadas das baixas falanges, serão combatidas com mais eficácia, porém, sem excessos de cultos externos, imagens, amuletos e ritualismo. Os médiuns que se disporem a esse preparo serão confundidos com os kardecistas, mas conhecerão meios e técnicas vindas do Plano Espiritual Superior que atualmente somente são efetuadas com a utilização de meios extremamente materiais. Serão médiuns com maiores condições de expor aos membros das falanges negras que só o amor constrói e se perpetua.