𝗘𝗫Ú 𝗚𝗔𝗧𝗢 𝗣𝗥𝗘𝗧𝗢: O Homem das Encruzilhadas que Virou Legião da Justiça
𝗘𝗫Ú 𝗚𝗔𝗧𝗢 𝗣𝗥𝗘𝗧𝗢: O Homem das Encruzilhadas que Virou Legião da Justiça
Nas ruas de terra batida do Recife antigo, entre o cheiro de maresia e o canto baixo dos atabaques, nasceu um menino cujo destino não cabia em uma só vida. Ele foi homem antes de ser mito, amante antes de ser guardião, e injustiçado antes de se tornar Exú Gato Preto — o mensageiro ágil das sombras, o abridor de caminhos que caminha com os pés na lama e os olhos na estrela. Sua história não é de condenação, mas de redenção através do serviço. E ela aconteceu menos de cem anos atrás.
Seu nome verdadeiro era José Honorato de Souza, mas todos o chamavam de Zé Preto — por causa da pele escura como breu, dos olhos que brilhavam no escuro e do jeito miúdo e veloz com que se movia, como um gato de beco. Nasceu em 1908, em um casebre de palha no bairro de São José, fruto do amor entre Dona Catarina, uma quituteira devota de Iansã, e Seu Honório, pedreiro que tocava atabaque nos terreiros de candomblé da Liberdade.
Desde cedo, Zé Preto tinha um dom: sabia quando alguém estava mentindo. Bastava olhar nos olhos. Também encontrava coisas perdidas — uma aliança, um filho fugido, uma encomenda roubada. As mulheres do mercado diziam: “Se perdeu, chama o Zé Preto que ele acha!”
Aos 16 anos, começou a frequentar o terreiro de Mãe Lúcia, onde aprendeu os fundamentos dos Orixás. Não era pai-de-santo, mas era respeitado como ajudante de Exú — acendia velas nas encruzilhadas, levava oferendas, limpava os caminhos com dendê e pimenta. Tinha uma ligação especial com Exú Tiriri, mas sempre dizia: “Um dia vou ser mais que servo. Vou ser caminho.”
Em 1929, Zé Preto conheceu Dulce, filha de um comerciante português dono de uma loja no centro do Recife. Ela era branca, de olhos claros e riso fácil. Apesar das diferenças, os dois se apaixonaram. Encontravam-se à noite, perto da encruzilhada da Rua do Sol com a Rua da Moeda — um local já conhecido por ser “ponto de força”.
Mas o pai de Dulce, Seu Alcides, odiava os cultos afro e via Zé Preto como “feiticeiro de baixa estirpe”. Quando descobriu o namoro, proibiu Dulce de vê-lo. Ela desobedeceu. Por meses, mantiveram o romance em segredo, até que um invejoso do bairro — um homem chamado Raimundo Boca-Suja, que já tinha roubado mercadorias de Seu Alcides — resolveu usar Zé Preto para se vingar.
Raimundo espalhou o boato de que Zé Preto tinha feito um trabalho de amor com sangue de bode para amarrar Dulce. Pior: disse que Zé tinha raptado a moça e a mantinha em um terreiro “sujo de magia negra”.
Na noite de 12 de outubro de 1932, uma turba enfurecida cercou o casebre de Zé. Não houve julgamento. Não houve testemunhas. Só gritos, tochas e pedras. Dulce tentou intervir, mas foi contida. Zé Preto saiu de casa de mãos abertas, dizendo:
“Se minha morte for injusta, que meu espírito nunca canse de abrir caminhos justos para os que vêm depois.”
Foi apedrejado até a morte naquela mesma encruzilhada onde beijara Dulce pela primeira vez.
A Ascensão: De Zé Preto a Exú Gato Preto
Três dias após sua morte, Dulce foi encontrada enforcada na figueira perto da encruzilhada — não por vingança, mas por desespero. Dizem que, naquela noite, um gato preto de olhos dourados foi visto correndo do local do enforcamento até o cemitério de Santo Amaro. Desde então, quem passa por aquela encruzilhada à meia-noite ouve um miado baixo… e sente que está sendo guiado.
Na espiritualidade da Umbanda, Zé Preto não foi condenado — foi elevado. Por ter vivido com lealdade, coragem e intenção pura, mesmo diante da mais cruel injustiça, foi acolhido por Ogum e Exú Marabô, e apresentado a Oxalá. Diante do Pai Supremo, seu pedido foi ouvido: serviria como Exú, mas com a alma de quem já foi homem, amou e perdeu tudo.
Assim nasceu Exú Gato Preto — um Exú da Linha das Almas, mas com forte ligação com a Linha de Ogum e a Firmeza de Xangô. Trabalha sob a regência de Ogum Megê, o guerreiro das estradas, mas sua energia principal vem da força de Oxalufã, que lhe dá equilíbrio para não cair na esquerda desregrada. Ele é um Exú de Lei, não de bagunça. Seu dom é achar o que está perdido — inclusive o próprio caminho da alma.
Como Trabalha Exú Gato Preto
Exú Gato Preto atua nas encruzilhadas urbanas — esquinas de cidades, cruzamentos de ruas, entradas de bairros, portões de ferro-velho, vielas escuras. Também frequenta terreiros de frente aberta, onde há liberdade para o movimento. É um Exú veloz, discreto, que não gosta de barulho, mas ouve tudo.
Ele ajuda em causas de:
- Justiça (processos, provas, testemunhas);
- Recuperação de bens roubados ou perdidos;
- Proteção contra inveja e falsidade;
- Abertura de caminhos profissionais e amorosos;
- Limpeza de energias pesadas em casas e negócios.
Não trabalha com maldade. Se alguém pede vingança, ele oferece justiça. Se pedem destruição, ele oferece clareza. Sua arma não é o punhal, mas a verdade.
Como Montar o Altar de Exú Gato Preto
O ponto riscado tradicional de Exú Gato Preto lembra pegadas de gato cruzando uma encruzilhada. Seu altar deve ser simples, limpo e respeitoso:
- Local: Um canto da casa voltado para a rua, ou o lado esquerdo da entrada principal (nunca dentro do quarto ou cozinha).
- Toalha: Preta ou vermelha-escura.
- Vela: Preta, vermelha ou listrada preto-e-vermelho (acender sempre à noite).
- Taça ou copo: Com água fresca, trocada diariamente.
- Imagem ou estatueta: Um gato preto de olhos dourados ou uma figura masculina com chapéu de aba curta e botas.
- Elementos: Pimenta-malagueta seca, dendê, moedas antigas, uma faca pequena sem uso (só simbólica), um copo com cachaça branca (opcional, mas tradicional).
- Nunca use: Velas brancas, flores brancas ou sal — são de Oxalá e não combinam com a vibração de Exú.
Oferendas para Situações Específicas
1. Para abrir caminho profissional:
- 7 pimentas-malaguetas
- 1 copo de cachaça branca
- 1 vela preta
- Moedas de R$0,01 (sete unidades)
Oferecer na encruzilhada mais próxima de sua casa, à meia-noite de segunda-feira. Dizer:“Exú Gato Preto, abre meu caminho com sua garra de fé. Que minha luta não seja em vão. Assim seja!”
2. Para proteção contra inveja:
- 1 ovo preto (pode ser pintado com tinta preta atóxica)
- 1 colher de dendê
- 1 vela vermelha
Passar o ovo no corpo do pescoço aos pés, mentalizando a proteção. Quebrar o ovo em um pano preto, embrulhar com o dendê e enterrar em local afastado. Acender a vela em casa, ao lado do altar.
3. Para recuperar algo perdido:
- 1 moeda antiga ou de metal escuro
- 1 folha de louro seca
- 1 vela preta
Acender a vela, segurar a moeda e pedir:“Exú Gato Preto, você que acha o que o mundo esconde, me mostre onde está o que me pertence. Com justiça e sem dano. Eu agradeço.”
Deixar a moeda no altar por 3 dias, depois jogar em uma encruzilhada.
Uma Magia Simples para Justa Causa
Se você está em um processo judicial ou conflito injusto:
- Escreva seu nome e o nome da pessoa que lhe faz mal em um papel preto com tinta prata.
- Coloque sobre ele 7 grãos de pimenta e uma moeda de metal escuro.
- Enrole tudo em um pano preto.
- Enterre sob uma árvore forte (como a figueira ou a gameleira), dizendo:
“Exú Gato Preto, guie a verdade como você guiou seus passos. Que a justiça me encontre, não pela dor do outro, mas pela luz da verdade.”
Não faça isso com ódio. Faça com fé e firmeza.
Exú Gato Preto não é demônio. É irmão das almas perdidas, guardião dos que não têm voz, mensageiro que nunca falha. Respeite-o. Agradeça sempre. E nunca peça o que não estiver disposto a merecer.
Porque ele, mais do que qualquer outro, sabe o preço de uma vida injusta.
#ExúGatoPreto #UmbandaSagrada #EncruzilhadaSagrada #ExúsdeLei #MagiaComRespeito #EspiritualidadeAfroBrasileira #AbreCaminhoExú #ExúProtetor #ForçaDasSombras #JustiçaEspiritual #TrabalhosDeExú #AlmasElevadas #RespeitoAoSagrado #UmbandaReal #MagiaAncestral #ExúDaVerdade #NosNaTrilhaEcoTurismo #EspiritualidadeNaPrática #OferendasComFé #ExúNãoÉDiabo
𝗘𝗫Ú 𝗚𝗔𝗧𝗢 𝗣𝗥𝗘𝗧𝗢
Exú Gato Preto era um feiticeiro da Europa antiga, o gato em muitos mistérios mágicos estava ligado a questões de sorte e má sorte, alta magia negra, homossexualidade.
Este Exú possui duas versões onde numa ele foi morto por praticar sodomia com outros homens e ao ser torturado e morto pelos inquisidores, o calabouço onde ele foi torturado e morto se encheu de gatos pretos que apareceram misteriosamente;
Outra versão diz que ele era praticante de alta magia na Irlanda antiga que vivia no interior de uma caverna e usava o gato preto para trazer imortalidade, pois a lenda diz que os gatos possuem 9 vidas, sendo que este se encantou como o Exu gato preto, trabalhando para trabalhos de boa sorte, sendo que muitos confundem o Exú Gato Preto com quiumbas que se passando por ele trabalham em feitiços para trazer má sorte (azar) para a vida das pessoas, não sendo estes realmente o Exú Gato Preto. Ele trabalha para sorte, longevidade e proteção contra inimigos e emboscadas, para casos amorosos entre homens, trazendo sigilo e segredo, tem forte ligação com Exú Duas Cabeças.
Exu Gato preto é um Exú muito alegre e muito gentil. Solícito e muito brincalhão
Gosta de vir na gira dos Malandros comandadas por Seu Zé Pelintra. Sempre sorrindo e dançando gosta de ficar perto das moças, ( Pombo giras) gosta de cantar e fuma cigarro, só trabalha com charuto em casos muito particulares.
Ele passa uma energia alegre e cheia de malandragem. Gosta de uma cerveja e uma boa aguardente. Um Exu muito carismático e que sempre tem um Gato Preto perto dele.
Ele trabalha com outros Exus como Seu Exu Pantera Negra e Exu Meia Noite.
Laroye
Fonte: Quimbanda do Sul
Postado:#GrupocandonblénaÍntegra